Filmes sobre religião: há bons, médios e maus. Nesta lista de dez filmes sobre religião só há grandes e belas obras-primas.
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sábado, 29 de março de 2014
terça-feira, 26 de novembro de 2013
A vida de um padre pedófilo
O homem da imagem exerceu o sacerdócio durante quase 40 anos no estado da Califórnia. Este homem de olhar sereno e apaziguado, de humilde origem irlandesa, chama-se Oliver O'Grady e é o mais reconhecido pedófilo da Igreja Católica moderna. Como este padre, houve muitos outros acusados de abusos sexuais a menores, mas O'Grady é o caso mais mediático e, talvez, um dos mais perturbantes dos últimos anos. Sem qualquer vergonha ou qualquer sentimento de culpa, O'Grady usava o seu charme e autoridade para violar dezenas de crianças e famílias Católicas do Norte da Califórnia.
Durante mais de duas décadas, as suas vítimas foram desde um bebé de 9 meses à mãe de um adolescente, que também tinha sido molestado. Apesar das queixas em várias comunidades, a Igreja foi dissimulando o caso para evitar críticas (mas parece que Ratzinger não teve responsabilidade neste processo), transferindo-o de paróquia em paróquia como se isso resolvesse algum problema. Oliver O'Grady acabaria por ser preso, mas cumpriu apenas metade dos 14 anos a que foi condenado. Hoje em dia passeia-se livremente pelas ruas de Dublin.
Sobre a tumultuosa vida deste ex-padre a realizadora Amy Berg realizou um fascinante documentário em 2006 que resultou numa nomeação ao Óscar para a categoria de Melhor Documentário em 2007 (para além de ter ganho cinco outros importantes prémios). O documentário tem, apropriadamente, o título "Deliver us From Evil", com tradução portuguesa literal "Livrai-nos do Mal".
Sobre a tumultuosa vida deste ex-padre a realizadora Amy Berg realizou um fascinante documentário em 2006 que resultou numa nomeação ao Óscar para a categoria de Melhor Documentário em 2007 (para além de ter ganho cinco outros importantes prémios). O documentário tem, apropriadamente, o título "Deliver us From Evil", com tradução portuguesa literal "Livrai-nos do Mal".
Em Portugal não estreou comercialmente em sala, mas qualquer interessado poderá conhecer o filme comprando o DVD que em qualquer Fnac custa menos de 10€.
"Deliver us From Evil" é um documentário extremamente bem conseguido pela forma inteligente como aborda um tema tão delicado e sensível. A colaboração do pedófilo assumido foi essencial para o bom resultado do filme, visto que, sem pejo nem mostras de arrependimento, O'Grady revela pormenores escabrosos dos abusos que perpetrou durante décadas. Não há recurso habitual à narração em off, nem efeitos visuais vistosos, não há moralismos condescendentes, nem montagem ou música para sensibilizar emocionalmente o espectador. Nada disso.
Toda a informação do filme é transmitida de forma seca e crua, como secos e crus foram os factos vividos pelas vítimas. É um filme perturbante porque neste homem se espelhavam os valores religiosos, os quais foram brutalmente traídos, corrompendo premissas básicas como a verdade, a fé, a inocência, a moral, o amor, a devoção. Oliver O'Grady violou e abusou de dezenas de crianças (e não só), e a hierarquia da Igreja, hipocritamente, tentou sempre ocultar o problema com soluções de supérflua validade (como a transferência do padre para outras paróquias). As vítimas são agora adultas e não revelam medo no modo como manifestam as suas emoções no filme. Sentem profunda revolta, uma revolta que lhes custou a inocência perdida (como conta uma jovem vítima).
"Livrai-nos do Mal" é um exercício de exorcismo para com o padre pedófilo, mas é também um documento para compreendermos como o mal se encerra, muitas das vezes, sob a capa do humanismo e dos valores supostamente incorruptíveis da religião - de resto, a História é pródiga em comprovar este tese (e hoje cada vez com mais acuidade).
"Deliver us From Evil" é um documentário extremamente bem conseguido pela forma inteligente como aborda um tema tão delicado e sensível. A colaboração do pedófilo assumido foi essencial para o bom resultado do filme, visto que, sem pejo nem mostras de arrependimento, O'Grady revela pormenores escabrosos dos abusos que perpetrou durante décadas. Não há recurso habitual à narração em off, nem efeitos visuais vistosos, não há moralismos condescendentes, nem montagem ou música para sensibilizar emocionalmente o espectador. Nada disso.
Toda a informação do filme é transmitida de forma seca e crua, como secos e crus foram os factos vividos pelas vítimas. É um filme perturbante porque neste homem se espelhavam os valores religiosos, os quais foram brutalmente traídos, corrompendo premissas básicas como a verdade, a fé, a inocência, a moral, o amor, a devoção. Oliver O'Grady violou e abusou de dezenas de crianças (e não só), e a hierarquia da Igreja, hipocritamente, tentou sempre ocultar o problema com soluções de supérflua validade (como a transferência do padre para outras paróquias). As vítimas são agora adultas e não revelam medo no modo como manifestam as suas emoções no filme. Sentem profunda revolta, uma revolta que lhes custou a inocência perdida (como conta uma jovem vítima).
"Livrai-nos do Mal" é um exercício de exorcismo para com o padre pedófilo, mas é também um documento para compreendermos como o mal se encerra, muitas das vezes, sob a capa do humanismo e dos valores supostamente incorruptíveis da religião - de resto, a História é pródiga em comprovar este tese (e hoje cada vez com mais acuidade).
Este homem, Oliver O'Grady, que após cada violação ia à Igreja pedir perdão a Jesus Cristo, cumpriu uma parca sentença na prisão pelos seus hediondos crimes. Agora passeia-se nas ruas de Dublin... Alguém falou em justiça?
O filme pode ser visto aqui (legendas em espanhol).
O filme pode ser visto aqui (legendas em espanhol).
domingo, 8 de abril de 2012
A nossa pequena escala

Segundo a tradição cristã, hoje é dia de Páscoa, dia da ressurreição de Jesus Cristo.
O escritor Julian Barnes, no livro "Nada a Temer" (Quetzal, 2011), uma esplêndida obra literária (ainda por cima com ironia fina), disserta sobre temas sérios como a inevitabilidade da morte, a fé, a existência de Deus, a memória e identidade humanas.
A páginas tantas, Julian Barnes cita o famoso romancista Somerset Maugham acerca da possibilidade da imortalidade (ou da vida eterna pós-morte). Eis que Maugham diz:
"Os homens, banais e medíocres, não me parecem talhados para enfrentar o feito descomunal da vida eterna. Com as suas pequenas paixões, pequenas virtudes e pequenos vícios, estão bastante bem adaptados ao mundo de todos os dias; mas o conceito de imortalidade é demasiado vasto para seres moldados em escala tão pequena. Antes de ter sido escritor, fui estudante de medicina e vi morrer doentes pacífica ou tragicamente. E nunca vi, no último momento, nada que sugerisse que o seu espírito era eterno. Os homens morrem como morrem os cães."
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É isto que eu penso também.
PS - Na imagem, a pintura "A Morte de Casagemas" (1901) de Pablo Picasso.
quarta-feira, 14 de março de 2012
A sagacidade de Gonçalo M. Tavares

O escritor Gonçalo M. Tavares tem mais de 20 livros editados (em 10 anos) e está traduzido em 45 línguas. A propósito da edição do seu livro "Aprender a Rezar na Era da Técnica" em Espanha, o jornal El País entrevistou-o e o resultado é, mais uma vez, uma cabal demonstração de sagacidade e de inteligência por parte do escritor.
Com um olhar acutilante e extremamente atento ao mundo que o rodeia, Gonçalo M. Tavares disserta, numa linguagem acessível e objectiva (própria de sábios humildes), sobre os mais diversos temas: a criação literária, a religião, a crise económica, a Europa, o lugar do homem no mundo, a política, etc.
Para além de outras ideias interessantes veiculadas por Gonçalo M. Tavares, do que li ressalta-me na memória uma afirmação que dá que pensar: "Os episódios violentos na Europa não virão com metralhadoras mas sim com leis".
Vale bem a pena ler a entrevista.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
A indissolúvel discussão entre a crença em Deus e o ateísmo

Uma velhinha cristã vem ao alpendre de sua casa todas as manhãs e grita:
- Louvado seja o Senhor!
E, todas as manhãs, o ateu que vive na casa ao lado grita em resposta:
- Deus não existe!
Isto repete-se durante semanas.
- Louvado seja o Senhor! - grita a senhora.
- Deus não existe! - responde o vizinho.
O tempo vai passando e a velhota começa a ter problemas financeiros e tem dificuldade para comprar comida. Sai para o alpendre e pede ajuda a Deus para as compras da mercearia, dizendo em seguida:
- Louvado seja o Senhor!
Na manhã seguinte, quando sai para o alpendre vê as mercearias que tinha pedido. Como não podia deixar de ser, grita:
- Louvado seja o Senhor!
O ateu salta de trás de um arbusto e diz:
- Ah! Fui eu que comprei essas mercearias. Deus não existe!
A senhora olha para o vizinho, sorri e diz:
- Louvado seja o Senhor! Não só ouviste o meu pedido, Senhor, como fizeste Satanás pagar as compras!
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In "Platão e um Ornitorrinco entram Num bar - Filosofia com Humor" (Dom Quixote) de Thomas Cathcart e Daniel Klein
quarta-feira, 21 de abril de 2010
A fé de Sam Harris na ciência
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O Vaticano está a passar um mau bocado devido aos escândalos da pedofilia. E os EUA estão a viver um período complexo no que concerne à educação e ao paradigma de valores que incutem nas novas gerações. É que, por incrível que pareça, em pleno Século XXI, há muitos milhões de americanos que acreditam na corrente criacionista da vida, isto é, uma corrente que interpreta à letra os postulados da Bíblia. Significa isto que os defensores do criacionismo defendem a ideia de que o homem descende de Adão e Eva, que conviveu com os dinossauros e que o Dilúvio existiu mesmo, entre outros tantos delírios romanceados.
Na prática, os defensores desta corrente religiosa refutam todas as evoluções científicas e teóricas conseguidas pelo homem durante o século XIX e XX, como a teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin e todas as conquistas técnicas e tecnológicas. Em contraposição, o Evolucionismo é uma teoria científica fundamentada em achados fósseis concretos ou em experiências bio-genéticas realizadas, enquanto que o Criacionismo é abstracto, indemonstrável e desprovido de quaisquer bases científicas.
E o que tem este livro, “O Fim da Fé”, a ver com tudo isto? Tem tudo a ver porque ataca toda a religião conotada com o Criacionismo, e todo o tipo de manifestação religiosa, como causas dos males do mundo. Na verdade, Sam Harris, mais do que Richard Dawkins ou Christopher Hitchens, escreveu um dos mais violentos ataques contra os paradigmas religiosos, sejam de tendências extremistas ou moderadas. Defende que a razão e a ciência são as únicas estruturas basilares que sustentam a evolução da humanidade e que o terrorismo se baseia na má interpretação da fé. “O Fim da Fé” (lançado pela Tinta da China), reclama o direito do homem a ser um pensador livre, sem amarras de dogmas infundados definidos em escrituras milenares e aponta a fé como a mais infame e fantasiosa forma de entender a vida humana, o mundo e qualquer fenómeno natural. Sam Harris leva o seu ateísmo militante às últimas consequências, em defesa da razão e contra o fundamentalismo dogmático de qualquer religião ou de fantasias pseudo-religiosas.
Site oficial de Sam Harris.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Quando Hitchcock viu um espectáculo assustador
O mestre do suspense e dos filmes de terror psicológico assistiu uma vez à cena mais assustadora. Não foi no domínio da ficção, mas no mundo real.
Trata-se de um episódio revelado no livro "A Desilusão de Deus" de Richard Dawkins e conta-se desta maneira simples: o realizador Alfred Hitchcock ia certa vez de viagem pela Suíça quando de repente apontou pela janela do carro em que seguia e disse: "Eis o espectáculo mais assustador a que alguma vez assisti." Era um padre a conversar com um rapazinho, com a mão sobre o ombro deste. Hitchcock pôs a cabeça de fora da janela do carro e gritou: "Foge, miúdo! Foge ou estás perdido!"
domingo, 28 de março de 2010
A morte de Pasolini, 35 anos depois

O realizador italiano Pier Paolo Pasolini foi barbaramente assassinado (por espancamento) há 35 anos em circunstâncias nunca esclarecidas. Há explicações contraditórias: as autoridades dizem que o autor do crime foi um jovem que tinha como motivo assaltar o realizador, outras fontes sugerem ter-se tratado de um homicídio premeditado com motivações políticas. Devido a estas incertezas e num afã de descobrir a verdade dos factos, passadas três décadas e meia, o Ministro da Justiça italiano veio a público manifestar o seu desejo que o caso da morte de Pasolini seja reaberto e investigado.
Pasolini foi um dos realizadores (e intelectuais) europeus mais controversos e provocadores, com os seus filmes esteticamente desafiadores das normas e com as críticas à religião, à política e à burguesia. Morreu de forma brutal e inesperada, sem que tivesse havido uma investigação aprofundada e esclarecedora. Pode ser que agora se consiga saber a verdade sobre a morte misteriosa do autor de "Édipo Rei".
quarta-feira, 17 de março de 2010
Um novo Cristo em filme?

O controverso realizador Peter Greenaway anunciou que vai iniciar as filmagens de uma longa-metragem sobre a vida de Jesus Cristo, inspirado pela filha de sete anos, que lhe perguntou "porque é que Jesus teve dois pais".
O cineasta de "Os Livros de Próspero" ficou pensativo e, num repente, sentou-se a escrever o guião para um filme sobre a dúvida suscitada pela filha. Mais: o filme sobre Cristo será um filme cru e denso e dirigido ao público adulto, pelo que a filha não o vai poder ver. Para quem conhece o estilo visual barroco e excessivo de Peter Greenaway, já pode imaginar - ou talvez não - como será a abordagem religiosa do filme. O Vaticano já deve estar nervoso com esta notícia.
Agora imagine-se se a filha tivesse perguntado ao pai: "porque é que a Virgem Maria deu à luz Jesus se ela era virgem?". Gostaria de ver o resultado em filme deste insondável enigma metafísico à luz da visão de Greenaway.
Agora imagine-se se a filha tivesse perguntado ao pai: "porque é que a Virgem Maria deu à luz Jesus se ela era virgem?". Gostaria de ver o resultado em filme deste insondável enigma metafísico à luz da visão de Greenaway.
domingo, 6 de dezembro de 2009
"Religulous" - religioso e ridículo

Bill Maher, conhecido humorista norte-americano, aventurou-se num filme anti-religião: "Religulous - Que o Céu Nos Ajude" (de Larry Charles, realizador de "Borat"). Não é um documentário que deixe aberta a possibilidade de saber se as religiões são ou não benéficas para a Humanidade. Bill Maher, com grande acutilância e ironia, assume sem rodeios a sua posição. Viajou por vários países do mundo (visitando os locais mais sagrados de cada religião), entrevistou dezenas de personalidades ligadas à religião cristã, muçulmana, mórmon, judaica, cientologista, e consegue - não sem alguma provocação - algumas respostas verdadeiramente surpreendentes e hilariantes. Maher chega a entrevistar um insólito grupo gay que professa o islamismo mas que vive... na Holanda.
Num objecto como este é quase impossível que não exista alguma dose de demagogia (qual Michael Moore na sua facção hardcore), mas a verdade é que Bill Maher, com humor mas muita inteligência, coloca em causa inúmeros dogmas religiosos face ao fanatismo de muitos padres, pregadores, falsos profetas, adoradores literais da Bíblia, criacionistas empedernidos, etc. Na sua análise e comentários, Bill Maher não deixa pedra sobre pedra acerca de temas como a existência de Deus, a imaculada concepção, o inferno, os dez mandamentos, a figura de Jesus, a vida após a morte, o dinheiro e as religiões, a fé, os milagres, o fundamentalismo teórico, a alegada relação da violência com o Islão, o fim do mundo, entre outros temas quentes. Maher é demolidor nas críticas que faz àquilo que chama de irracionalidade das opções religiosas, acríticas e dogmáticas.
Em suma, um documentário politicamente incorrecto, original e provocador, que deveria ser exibido a toda a comunidade para um debate alargado sobre o tema.

Bill Maher à esquerda, com um actor que interpreta Jesus Cristo no (inacreditável) "Museu da Criação" dos EUA, Kentucky, (com base no Criacionismo que interpreta à letra a Bíblia - "Genesis" -, nega a Teoria da Evolução de Darwin e defende que o homem conviveu com Dinossauros há apenas 6 mil anos - idade do planeta Terra!).
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Spielberg, Deus e Kubrick
Um dia Steven Spielberg morreu, foi para o céu mas São Pedro não o deixou entrar porque Deus não gostava de realizadores de cinema. Enquanto Spielberg desesperava para entrar no céu, viu passar de bicicleta uma figura desastrada, de barbas fartas, vestida de calças manchadas e sapatilhas rotas. Spielberg perguntou:
- "Esse não é Stanley Kubrick?
São Pedro olha para Spielberg com olhar reprovador e exclama:
- "Não, é Deus. Mas pensa que é Stanley Kubrick".
quarta-feira, 22 de julho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
terça-feira, 17 de março de 2009
Abstinência e fica tudo resolvido

Li no blogue Provas de Contacto e vi na RTP a casmurrice dogmática e ultra-conservadora do Papa Bento XVI revelada, desta vez, em África. Continua a proibir aos crentes católicos a utilização do preservativo como método anti-conceptivo e como instrumento de prevenção contra a SIDA, que infecta (e mata) mais de 20 milhões de pessoas todos os anos. "O uso do preservativo não resolve os problemas da SIDA", diz. O papa apregoa, como solução, a simples e eficaz abstinência sexual...
Assim, é oficial que a Igreja continua, teimosamente, a não querer acompanhar a evolução das sociedades e a defender uma moral retrógrada e cristalizada. Pior: uma moral perniciosa e altamente perigosa, dado que o Papa, através desta doutrina fútil, influencia milhões e milhões de fiéis para a não utilização do preservativo como método de combate à transmissão do letal e global vírus HIV. Quando acordará o Vaticano para o século XXI?!
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
O que tem a "religião" a ver com isto?

No sábado, 24, o papa Bento XVI reabilitou quatro bispos tradicionalistas que lideram uma tal de Sociedade de São Pio X (fundada em 1970), que tem 600 mil membros ultra-conservadores e de ultra-direita que rejeitam a doutrina e as crenças da Igreja Católica Apostólica Romana. E qual o interesse disto? Richard Williamson (na imagem), um desses quatro bispos, fez declarações a uma televisão sueca nas quais negava a versão histórica do Holocausto, referindo, taxativamente, que as câmaras de gás nunca existiram e que nunca foram mortos 6 milhões de Judeus (no máximo, uns meros 200 mil, diz o bispo). A decisão do papa Bento XVI de reabilitar um bispo que nega a amplitude do Holocausto foi um duro golpe para a comunidade judaica, principalmente porque o papa é alemão, afirmou o Conselho Central de Judeus da Alemanha.
Que comentário fazer perante tamanha barbaridade? É tão chocante a afirmação do bispo Williamson como o respectivo beneplácito do próprio papa. Duvido que João Paulo II reabilitasse um bispo que defendesse a negação do Genocídio judeu. Mas sabemos que Joseph Ratzinger é alemão e este terá sido um factor determinante para a conivência com o bispo (a dedução é simples: se Ratzinger reabilitou os bispos dessa obscura Sociedade de São Pio X que nega o Holocausto, é porque concorda com eles). Ou seja, o anti-semitismo enraizado numa estrutura religiosa, ainda que disfarçadamente. A negação pública do Holocausto deveria ser crime, mais ainda, vinda de um líder religioso com responsabilidades na hierarquia da Igreja e que responde perante uma comunidade de 600 mil membros (que provavelmente pensam da mesma forma que Richard Williamson).
Nota: este assunto tem ainda mais relevo pelo facto de se comemorar, hoje dia 27 de Janeiro, o Dia Internacional da Memória do Holocausto (instituído pelas Nações Unidas).
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Autocarro ateu

"Provavelmente não existe Deus. Por isso deixe de se preocupar e aproveite a sua vida” - é a mensagem que anda a circular pelas ruas e metro de Londres. Uma mensagem deste teor num autocarro não é muito habitual. E vem a propósito de quê? É a reacção a uma campanha cristã que disseminou a ideia que os ateus e agnósticos sofreriam eternamente o fogo do inferno. A ideia desta campanha do autocarro é de Ariane Sherine, uma jovem jornalista e argumentista de televisão (comédia). A adesão à campanha foi massiva e em poucos dias a autora conseguiu angariar cerca de 150 mil euros para financiar o projecto. Quem aproveitou a boleia desta campanha da mensagem do "autocarro ateu" foi o célebre escritor (e jornalista militante ateu) Richard Dawkins, que fez questão de ajudar a financiar o projecto e a dar a cara pela campanha. Uma ideia original contra um certo fundamentalismo religioso.
Vídeo da campanha.domingo, 14 de dezembro de 2008
Mais uma onda de proibições

Afinal de contas, será que o Vaticano não percebe que já não prega para um mundo ignorante e alienado como aquele que ajudou a cultivar na idade média? Há algum tempo atrás, D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa, disse ao Público: “O ateísmo e a indiferença em relação a Deus constituem o maior drama da Humanidade.” Eu contraponho, dizendo: “A ignorância e o dogmatismo em relação à religião constituem o grande drama da Humanidade.”
Mais aqui.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Volta Lennon, estás perdoado!

John Lennon deve agora repousar mais descansadamente, onde quer que esteja: 38 anos depois, o Vaticano perdoou o ex-Beatle por este ter dito, em Maio de 1966, esta frase altamente perigosa e ofensiva para a moral cristã: “Os Beatles são mais famosos que Jesus Cristo”. Na altura o músico dos Beatles arrependeu-se e pediu perdão pela frase (apenas porque temia represálias populares numa altura em que os Beatles estavam em digressão americana). Repare-se que Lennon não fez qualquer tipo de juízo de valor sobre a figura de Jesus, limitando-se apenas a referir-se à "popularidade" do mesmo com os quatros músicos de Liverpool. Mas foi o suficiente para que a ortodoxia religiosa do Vaticano se sentisse, solene e religiosamente, ofendida.
No entanto, o Vaticano e o Papa lá meteram a mão na consciência passadas estas décadas (até foram rápidos, costumam levar séculos!) e perdoaram John Lennon pelo “disparate” proferido (a expressão é do Vaticano). Na altura em que esta frase foi dita por Lennon, era bem provável que correspondesse à verdade, literal e metaforicamente. Os Beatles viviam o apogeu do estrelado mediático à escala planetária como nunca se vira antes. Na verdade, tal como agora. É apenas uma referência sem precisão científica, mas pesquisando no Google por Jesus Christ e Beatles, chegamos a esta interessante conclusão: Jesus Christ – 25 milhões e 200 mil resultados; Beatles – 63 milhões e 200 mil resultados. Percebe-se que a afirmação de John Lennon foi, não só acertada, como visionária. Podes fazer o V de vitória, John Lennon!
Por último, o artigo do Vaticano no qual se perdoa John Lennon, admite que as canções de Lennon e McCartney revelaram uma “extraordinária resistência à passagem do tempo”. Eu acrescentaria: o mesmo já não se poderá dizer da religião cristã…
sábado, 25 de outubro de 2008
No meu tempo não havia desta Religião e Moral

Compreende-se. Segundo o Conselho Executivo, "o professor pretendia motivar os alunos para alguns temas que fazem parte dos conteúdos da disciplina de Religião e Moral". Gostava de conhecer esses conteúdos. É que não estou a ver a relação dos conteúdos de uma disciplina como Religião e Moral com o filme brutal "Kids" de Larry Clark. Ou por outra, ver até vejo, mas não acredito que fosse o filme certo para exemplificar esses mesmos conteúdos. Quem conhece o filme sabe que se trata de um filme com cenas explícitas de violência sexual, psicológica e física entre adolescentes com tendências delinquentes e marginais. Aliás, toda a filmografia deste cineasta reflecte os problemas de uma juventude violenta e rebelde, isenta de valores, à deriva da sociedade, com ímpetos criminosos e de descoberta desenfreada do sexo. E esta abordagem é também bem patente nos seus outros filmes como "Ken Park" (2002) ou "Wassup Rockers" (2005). Nem sei como é que o professor da tal escola (será um padre sexualmente reprimido?) não passou logo estes dois filmes,


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