domingo, 12 de julho de 2009

Plano-sequência de acção

Gosto de filmes que tenham boas montagens. De Eisenstein a Scorsese, de Hitchcock a Cronenberg, muitos foram os grandes cineastas que fizeram da montagem uma linguagem artística e expressiva. No oposto deste recurso, está o plano-sequência, que não admite cortes na filmagem. Mas também gosto muito de realizadores que recorrem, com notável mestria estética e técnica, ao plano-sequência. Desde a clássica abertura de "A Sede do Mal" (1958) de Orson Welles até "A Arca Russa" (2002) de Sokurov, ou aos filmes de Béla Tarr, Tarkovski e Gus Van Sant, o plano-sequência elevou-se a verdadeira expressão de arte.
Ora, eu julgava que o plano-sequência era sobretudo utilizado pelos realizadores como instrumento de contemplação, em sequências lentas e meditativas. Pensava que não havia grandes plano-sequência em filmes de acção, que privilegiam, precisamente, a montagem frenética. A verdade é que me enganei. Há dias descobri um filme que tem uma sequência espantosa filmada em plano-sequência e que é um filme de acção puro e duro. É um filme tailandês de artes marciais e acção.
O título americano é "The Protector" (2005) e é realizado por um tal Prachya Pinkaew. Na Internet vi comentários afirmando que se trata de uma sequência tão bem filmada e original quanto a cena inicial de "A Sede do Mal" de Welles. Não diria tanto, mas este plano-sequência é deveras um trabalho incrível ao nível do movimento de câmara (que parece que voa atrás do protagonista) e ao nível da coreografia da acção. Por vezes faz lembrar os movimentos de câmara do filme pioneiro "The Shining" (1980) de Stanley Kubrick, pela forma ágil como a "steadycam" se movimenta à volta do protagonista. O melhor é mesmo ver:
PS - Lembrei-me agora que há um filme de acção com bons planos-sequência - "Children of Men.

6 comentários:

Francisco Maia disse...

Embora ache que isto seja muito agradável ao olho e um trabalho tecnicamente espectacular, a perspectiva usada é de um personagem inexistente. Basear a filmagem na estética desprovida de justificação teórica não deixa de ser penoso.

E agora tenho de referir uma sequência de luta "one take" que acho superior (por aspectos diferentes): a cena de luta no corredor em Oldboy.

O Narrador Subjectivo disse...

Uh? O plano sequência não significa visão na primeira pessoa.

TV disse...

So para dizer que o plano e bom mas o filme e pessimo.

Francisco Maia disse...

Passenger, era para mim? Eu sei disso. "Um plano sequencia" não significa POV mas "este" plano sequencia sim. E não é que tenha sido propositado, mas segue as regras de um POV. Repara como aguarda pela acção em "zonas seguras" e procura os focos de acção exteriores ao alcance do protagonista como se de um espectador se tratasse. Claro que isto é a minha interpretação subjectiva, nem por sombras absoluta.

Francisco Maia disse...

ah! o plano do Children Of Men é realmente espectacular!

Stalker disse...

É repetitivo e chato. Ao fim de meia dúzia de pancadas, já vimos tudo. É o que se chama a técnica ao serviço do vazio e da boçalidade.