sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A ganância (fatal)


O caso de Duarte Lima que, alegadamente, terá assassinado Rosalina Ribeiro no Brasil por questões de dinheiro, trouxe-me à memória diversos filmes que abordam a ganância. A sede insaciável de ganância, de poder, com corrupção, crimes, ilegalidades e burlas pelo meio. Na história do cinema há diversos filmes que se encaixam neste perfil, desde logo, a começar pelo fabuloso filme mudo de Eric Von Stroheim, “Greed” (1924). Depois, há “Scarface” (1983), “Wall Street” (1987), “Fargo”, (1996), ou “Casino” (1995). Mas centro-me sobretudo no filme de Sam Raimi, “A Simple Plan” (1998), esplêndido exemplo de como a ânsia de dinheiro fácil transforma o comum dos mortais em máquinas criminosas e assassinas: um grupo de amigos encontra uma mala com 4 milhões de dólares que estavam num avião que se despenhou.

Primeira dúvida moral: o que fazer com o dinheiro? Entregá-lo às autoridades ou ficar com ele sem nada declarar às mesmas? Resultado: os homens ficam com o dinheiro mas não conseguem manter o segredo e o que parecia um “plano simples” para dividir e ficar com o dinheiro fácil, transforma-se numa odisseia de crime, sangue e violência em crescendo. Tudo porque a ganância, esse pecado mortal que tanto afecta a sociedade moderna, dá volta à cabeça e aos valores morais do mais pacato e aparentemente ajuizado cidadão.

“A Simple Plan” é mesmo isto: com um argumento extremamente sólido e inteligente, boas interpretações (Billy Bob Thornton e Bill Paxton), a película é uma perturbante viagem vertiginosa pelos instintos mais básicos e animalescos do ser humano decorrente da ganância frenética pelo dinheiro. A ganância cega o discernimento e viola os valores mais preciosos da vida humana e o filme exala essa tensão crescente que toma conta dos homens sequiosos de dinheiro fácil. Não sei se Duarte Lima terá visto o filme de Sam Raimi, mas deduzo que haja contornos semelhantes entre a ficção e a realidade.

Sem comentários: