quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Danny Elfman nos anos 60


Danny Elfman continua em grande. Enquanto não esperamos pela sua banda sonora do muito aguardado novo filme de Tim Burton, "Alice no País das Maravilhas", contentamo-nos com a música que compôs para a última obra de Ang Lee, "Taking Woodstock". Tratando-se de um filme sobre o período histórico dos anos 60, Danny Elfman pôs de lado a sua habitual linha musical fde cariz orquestral para se centrar num reduzido leque instrumental - guitarra acústica e eléctrica, baixo e por vezes bateria. Os temas têm claramente reminiscências da estética folk e hippie da época do festival de Woodstock, mas com um toque muito pessoal.
Um trabalho claramente diferente do que Elfman nos habituou, mas nem por isso menos interessante.

2009 em fotografias

Para quem gosta de fotografia e, sobretudo, de fotojornalismo, não pode deixar de visitar o The Big Picture, que acaba de eleger algumas das melhores fotografias de 2009 ("2009 in Photos"), publicadas em três partes diferentes.
No referido site podem visualizar-se (em grande formato e resolução) extraordinárias imagens captadas pelos melhores fotojornalistas de todo o mundo, nas circunstâncias mais inusitadas, perpetuando momentos únicos de grande impacto visual, como testemunham as três fotografias seguintes (clicar para melhor visualização):

Pares românticos (que podiam ter acontecido)









quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Os dez mandamentos de Cronenberg


A revista de cinema Premiere publica um documento especial sobre David Cronenberg, com o título "Decálogo de um Cineasta Genial". No texto, são abordados os segredos de uma obra tão original e complexa como a do realizador canadiano.
Como base para a análise mais extensa desse decálogo, o artigo analisa dez frases proferidas pelo realizador (que, no fundo, sintetizam a sua estética e visão do cinema). Ei-las:

1. "O terror, como género, só é apreciado se nos tornarmos selvagens e escandalosos".
2. "Sinto uma grande empatia pelos médicos e pelos cientistas. São eles muitas vezes os protagonistas dos meus filmes".
3. "Os vírus são uma força criativa e não destrutiva".
4. "A versão mais acessível da Nova Carne seria uma transformação física do significado da natureza humana".
5. "A sexualidade é tão abstracta como física e está sempre ligada à cultura, à arte e à imaginação".
6. "O único tema verdadeiro do cinema de terror é a morte".
7. "Creio que a imaginação e a criatividade são algo completamente natural e, às vezes, também perigoso".
8. "Quando alguém funciona como um artista não tem que ter responsabilidade social".
9. "Os meus filmes podem ser considerados como biosferas, mundos vivíveis e fechados".
10. "O cinema reflecte e reforça a relação paranóica da nossa sociedade com a violência".

Erro fatal: dobragem


Carlos Saura (na imagem), um dos mais veteranos e respeitados realizadores espanhóis, disse numa entrevista ao diário ABC, que o maior erro do cinema espanhol foi a opção pela dobragem de filmes estrangeiros. Refere que esta opção, que já tem décadas, leva a que pessoas menos atentas julguem que alguns filmes ingleses e franceses são espanhóis.
Carlos Saura defende que a dobragem impede a aprendizagem natural de uma língua estrangeira e que Espanha deveria seguir o exemplo de França, país que praticamente não dobra filmes (a não ser os filmes de animação para crianças, tal como no nsso país). De facto, Saura também poderia dar o exemplo de Portugal, que sempre legendou filmes e séries de televisão.
Eu vivo há muitos anos perto de Espanha e durante muito tempo, sobretudo na adolescência, habituei-me a ver filmes na televisão espanhola. Mas a partir de um dado momento, começou a fazer confusão na minha cabeça ouvir a mesma voz espanhola que dobrava Al Pacino ser a mesma que dobrava Jack Nicholson ou Marlon Brando. Para além de desvirtuar uma componente importante da interpretação de um actor ou actriz - a voz - a dobragem é, deveras, um sistema contraproducente, até porque deturpa a identidade artística de uma obra fílmica. Ao invés, o sistema de legendas exercita a leitura da língua-mãe ao mesmo tempo que se interioriza a voz da língua original (na interpretação original do actor).
A verdade é que em Espanha institucionalizou-se uma verdadeira e rentável indústria de dobragem de filmes e séries, com actores famosos e profissionais que se dedicam apenas a esta função. E agora já é tarde para voltar atrás... Felizmente que em Portugal fomos um bom exemplo nesta faceta.

Perguntas indiscretas - 14


Qual é o sentido da vida?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Momentos e Imagens - 50

Stanley Kubrick no seu escritório em Inglaterra, no ano de 1984, a preparar o filme "Full Metal Jacket" (atenção ao pormenor do computador IBM!)


Kubrick e as casas de banho


Neste interessante ensaio do melhor site sobre Stanley Kubrick, somos confrontados com um facto nem sempre perceptível no cinema do realizador de "Laranja Mecânica": as cenas filmadas em casas de banho. Na verdade, são muito poucos os filmes (apenas os iniciais da carreira) de Kubrick que não tenham uma ou duas cenas importantes na casa de banho, como na imagem, que representa a célebre sequência de Jack Torrance em "The Shining" (1980) (há uma outra terrífica na casa de banho de um quarto de hotel, quando Jack beija uma mulher morta).
As cenas nas casas de banho no cinema de Kubrick dão azo a múltiplas teorias, desde as mais simples (num contexto apenas narrativo), às mais complexas (numa abordagem psicanalítica e simbólica for, o texto do link acima referenciado abre novas horizontes sobre esta aparente fixação de Kubrick por casas de banho, enunciado e descrevendo todas as sequências filmadas neste espaço tão especial de uma casa.
"Full Metal Jacket" (1987)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O paradoxo do cinema


"O meu objectivo é fazer filmes que ajudem as pessoas a viver, mesmo que esses filmes causem, por vezes, infelicidade."
Andrei Tarkovski

As piores capas

A Pitchfork anda numa roda viva a eleger os melhores e piores do ano e da década. Elaborou uma lista das piores capas de disco de 2009. Eis alguns interessantes espécimes:



O resto da lista (Spark: está lá a capa do disco do Jello Biafra!)

À espera de "Avatar"


O mega-esperado filme do ano (da década?), “Avatar” de James Cameron, estreou há poucos dias nos EUA com entusiásticas críticas (em Portugal, será já esta semana). No portal Metacritic o filme de Cameron tem uma média de 89% de críticas positivas (a percentagem mais alta até à data) e os jornais The Hollywood Repórter, Chicago Sun-Times, Empire, The Guardian e Variety atribuem críticas muito próximas dos 100% a esta superprodução de ficção-científica que vai mais longe do que tudo o que se já viu até aqui. Rezam as crónicas que "Avatar" é um espectáculo titânico de dimensões épicas (sobretudo a batalha final com 20 minutos de grande impacto visual). Mas ao que parece, o filme de James Cameron não é apenas bom no aspecto visual e dos efeitos especiais, mas também ao nível da solidez do argumento e das interpretações.
"Avatar" é o filme que poderá inaugurar, em termos tecnológicos e estéticos, uma nova era da utilização das 3 dimensões no cinema, com o mesmo cunho revolucionário que significou a passagem do cinema mudo para o sonoro. Esta semana, nas salas de cinema nacionais equipadas com tecnologia 3D, os espectadores portugueses poderão testemunhar esta anunciada revolução.

Joy Division vs Amália Hoje


O projecto "Amália Hoje", que pretende recriar algum do reportório da grande Amália Rodrigues, poderá ter os seus méritos, mas estes não passam, quanto a mim, pelos videoclips. O mais recente, "Foi Deus", clássico da diva do fado, plagia (é esse o termo) a estética do videoclip "Atmosphere" (tema dos Joy Division, na imagem) realizado por Anton Corbijn. Segundo Nuno Gonçalves, músico do projecto, "Foi Deus" foi inspirado no videoclip "Atmosphere", sendo uma alusão óbvia e propositada ao mesmo. Que fosse inspirado ou que constituísse uma alusão, ainda se compreendia. Agora que seja praticamente plagiado, quase imagem a imagem, em termos estéticos, plásticos e de conteúdo, é que já acho um despropósito abusivo e um total descaramento que deveria resultar no pagamento de direitos de autor (se é que não resultou mesmo) a Anton Corbijn.
Não houve mesmo inspiração criativa para conceber um videoclip totalmente original ou o objectivo deliberado foi o de ligar-se o mais possível aos Joy Division para dar uma pretensa legitimidade artística ao resultado final?
O videoclip dos "Amália Hoje" pode ser visto aqui e o dos Joy Division aqui.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O ofício de tradutor literário


Há uma profissão que muito respeito e admiro: a de tradutor literário. Folheando grandes obras da literatura clássica ou moderna, tento intuir a complexidade de uma tradução literária, as infinitas horas passadas a ler o livro na língua original, as horas ao computador a escrever e a consultar grossos dicionários de línguas.
Um dia conheci um tradutor (de alemão - português) que me dizia que este profissional trabalha quase sempre na sombra do nome do escritor que está a traduzir, mas é um elemento essencial para o sucesso e reconhecimento crítico de uma determinada obra. Mas não é, certamente, um trabalho fácil. Existe aquela célebre máxima de raiz latina - que muito atormenta os intelectuais - que diz "tradutore, traidore". Ou seja, a tradução é uma potencial traição à língua original da obra. Pode ser e pode não ser. Se já é difícil traduzir prosa tão complexa como a de um James Joyce, Kafka, Proust ou um Musil, como será com a poesia?
Portugal tem grandes tradutores de várias línguas: Vasco Graça Moura, Miguel Serras Pereira e Frederico Lourenço (que traduziu "Homero") são apenas alguns nomes cujos trabalhos já mereceram prémios e distinções. A tradução é um trabalho que exige um extraordinário conhecimento cultural das línguas com que se trabalha. É um trabalho tecnicamente árduo, de grande rigor intelectual e fisicamente desgastante.
Um trabalho que exige diversificada formação cultural, muita disciplina e empenho intelectual. Mas este esforço nem sempre é reconhecido pelos leitores e pelas editoras, que geralmente pagam mal. E são poucos os tradutores portugueses que conseguem viver apenas deste trabalho. Traduções à parte, tenho um amigo formado em filosofia que foi aprender alemão para ler no original as obras de Heidegger. Tinha outro amigo que dizia que só lendo Proust em francês é que se conseguia captar as nuances da língua e o conteúdo literário da obra.
Por outro lado, houve muitos estudiosos estrangeiros que aprenderam português para ler Fernando Pessoa ou Camões (o escritor italiano Antonio Tabucchi foi um deles). Persiste a sensação de que nas traduções se perde sempre qualquer coisa do original, mas aí a criatividade do tradutor e o seu domínio das línguas é fundamental para fazer esquecer, no espírito do leitor, essa possibilidade.

Picasso em 3D


Já vi duas vezes ao vivo a obra-prima maior de Picasso - "Guernica". O quadro, patente no Museu Reina Sofia de Madrid, tem uma dimensão de 350 x 782 cm, e esmaga o espectador pela sua grandiosidade física e artística. Uma obra de inesgotável capacidade expressiva.
Por mero acaso descobri um site que analisa a obra de Picasso numa fascinante perspectiva 3D. Um trabalho espantoso que revela e explora novos pormenores praticamente imperceptíveis no quadro original. E por isso ganha outra energia criativa, outra capacidade de fascínio visual.

Discos que mudam uma vida - 86


Fantômas - "The Director's Cut" (2001)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Lisbon Film Orchestra

A Lisbon Film Orchestra é uma orquestra que se dedica exclusivamente à interpretação de bandas sonoras originais de filmes. Um mimo par quem gosta de cinema e de música orquestral. Nos dias 18 e 19 esta orquestra vai apresentar-se na Aula Magna de Lisboa com um programa que integra a interpretação das seguintes obras musicais de filmes: Harry Potter, Star Wars, The Lord Of The Rings, Pirates Of The Caribbean, Superman, The Chronicles Of Narnia e Indiana Jones.
Não digo que não sejam boas bandas sonoras, mas se eu pudesse escolher músicas de filmes para uma orquestra tocar, seleccionaria as seguintes:
- Eduardo Mãos de Tesoura
- O Estranho Mundo de Jack
- O Padrinho
- Era Uma Vez na América
- Psico
- Os Pássaros
- O Bom, o Mau e o Vilão
- Alexandre Nevsky
- Luzes da Cidade
- Taxi Driver
- Bullitt
- Amarcord
- A Lista de Schindler
(...)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Portishead e a Amnistia

Uma boa banda, um bom tema para uma boa causa: Amnistia Internacional. Os Portishead têm um novo tema - "Chase The Tear" (belo título) - cujas receitas do download revertem a favor da organização de defesa dos Direitos Humanos. O download pode ser efectuado aqui.
E o vídeo:

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Um filme sobre drogas (mas não só)


É um filme de 2006, mas só ontem o vi em DVD. Realizado por um desconhecido Neil Armfield, conta com notáveis interpretações de Heath Ledger e de Abbie Cornish (co-adjuvados por um não menos brilhante Geoffrey Rush). Baseado num romance de Luke Davies, "Candy" narra a trágica (mas ao mesmo tempo poética) história de amor entre dois jovens que julgam poder viver todos os sonhos do mundo. Mas a insuperável dependência das drogas interrompe a possibilidade de qualquer sonho, de qualquer vivência digna. Amam-se e odeiam-se, sempre com a obsessão do consumo de drogas como obstáculo inultrapassável. Pensava que "Requiem For a Dream" (2000) de Darren Aronofsky fosse o melhor filme da última década sobre as drogas. E de facto é. "Candy" não tem a sofisticação formal e a intensidade dramática quase surreal do filme de Aronofsky, mas em certos aspectos, consegue ser mais realista e contundente. É um relato cru e nu de um homem e uma mulher que lutam contra um desígnio difícil de ultrapassar. Um filme sobre um destino sinuoso de duas almas perdidas (e tem um dos finais mais desoladores que tenho visto). Está longe de ser um filme sobre a dependência de drogas. À semelhança de "Requiem For a Dream", também tem uma excelente (e diversificada) banda sonora, com Tim Buckley, Mozart, Soul Coughing e Amon Tobin.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uma campanha-choque

Agora que decorre a Cimeira de Copenhaga sobre o clima global, não deixa de ser oportuno assistir a campanhas de defesa do meio ambiente. É o que sugere, de forma radical, este vídeo chamado "Polar Bear" da agência criativa Mother para a associação ambientalista Plane Stupid. Basicamente, esta associação pretende chamar a atenção para o tremendo impacto que o tráfego aéreo causa no meio ambiente (e que quase nunca é falado).
São apenas 56 segundos de filme, mas 56 segundos de ficar de queixo caído perante a perfeição das imagens (e do som) e do impacto que causa no espectador (os mais sensíveis e amigos dos animais poderão até ficar chocados). É uma campanha-choque, com uma mensagem clara de advertência para os problemas que todos enfrentamos na sociedade moderna.
Para ver em melhor resolução, aqui.

Se os Simpsons fossem artistas...

... o resultado poderia ser algo parecido com isto: