quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Educação artística - motivos de reflexão


O tema da educação artística no âmbito do sistema educativo, ainda que nem sempre compreendido ou valorizado pelos governos e instituições com responsabilidades, é de fulcral interesse para o futuro de uma sociedade. Como diz o reputado neurocientista António Damásio, “é necessário que a educação evolua de acordo com o princípio de que separar o processo cognitivo do emocional é um erro”. De facto, para além das disciplinas cognitivas, é essencial integrar nos currículos escolares as artes e as humanidades, áreas imprescindíveis à formação de cidadãos responsáveis dotados de espírito crítico. Neste contexto, o papel do professor de educação artística é, para além do ensino das técnicas, proporcionar meios e mecanismos de expressão de sentimentos e entendimento da realidade que rodeia o aluno. O papel do professor (e da escola) é ser um mediador, formador de cidadãos conscientes, criativos, interactivos e participativos na sociedade. A arte nas suas múltiplas manifestações contribui para o desenvolvimento emocional, afectivo e social da criança e do jovem. Potencia a capacidade de imaginação da criança, fá-la compreender melhor o mundo e desenvolver o gosto estético por todas as coisas. Enquanto que noutros países da União Europeia (sobretudo nórdicos) há décadas que introduziram o estudo das expressões artísticas no ensino básico, em Portugal, com o nosso secular atraso, só há 2 anos é que tal está a tomar forma com o programa de Enriquecimento Curricular no 1º Ciclo do Ensino Básico.
Quanto mais cedo se insistir nesta vertente, melhores cidadãos serão formados para o futuro. O secretário-geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, afirmou que “devemos encorajar os mais novos a desenvolver talentos artísticos. É importante que dancem, que cantem. Não é necessário que sejam artistas profissionais mas, que através disso, se tornem cidadãos responsáveis”. No seguimento deste raciocínio, há que referir a existência de inúmeros estudos académicos que provam a importância da educação artística no desenvolvimento cognitivo e social da criança. O que importa referir é que é essencial que os professores deste país se consciencializem da necessidade de facultarem aos seus alunos (dos mais variados níveis de ensino) oportunidades de contacto com o mundo das artes, da criatividade, do conhecimento e da cultura. Se essas oportunidades não existem na escola (ou por falta de professores especializados, ou por falta de meios), então a solução é sair das quatro paredes da escola sempre que possível e partir ao contacto directo com esse mundo das artes (visitas a teatros, cinemas, museus, galerias de exposições, casas de cultura, etc).

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