quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Música de Crómio


Já lá vai o tempo do culto da cassete áudio. Quando comecei seriamente a gostar de música não tinha dinheiro para comprar todos os discos em vinil de que gostava. A alternativa era pedir emprestados os vinis aos amigos mais velhos e endinheirados. Daí até ter conseguido constituir uma considerável colecção de 900 cassetes, foi um passinho (vá lá, uns anitos). Era todo um processo de culto: gravava o vinil (ou uma outra cassete), apontava o nome do artista, título do álbum, ano de edição, editora e faixas de temas pela ordem correcta. Depois, fazia eu próprio uma capinha para a cassete e etiquetava-a com todo o cuidado. Um primor, portanto. à base de tanta gravação, desenvolvi um conhecimento aprofundado sobre a qualidade e diversidade das cassetes: Crómio, Ferro, BASF, Sony, TDK, Fuji, e tantas outras marcas e designações técnicas, tudo sabia ao pormenor. Muitas fitas de k7s trilhavam com o volume de audições no leitor. E quando se estragava a fita de uma banda da qual eu gostava muito, era o desespero instalado durante dias (aconteceu com Dead Can Dance e Bauhaus). Todas as cassetes estão devidamente catalogadas e numeradas.

Era um tempo de militância coleccionista, do prazer da descoberta e do gosto pelo objecto físico da cassete. Com o advento dos suportes digitais, muito deste encantamento soçobrou ao facilitismo e imediatismo do consumismo musical. Agora, as quase mil cassetes repousam, placidamente, no canto da garagem...

3 comentários:

Anónimo disse...

As minhas não estão na garagem porque não tenho e nem são tantas. Mas acho que possui o mesmo fascínio por elas e aquilo que representavam. Eram sempre de 45m porque assim cabia quase sempre um disco de um lado e outro do outro. Para os casos mais dramáticos saíram umas cassetes da FUJI que tinham +3m em cada lado: um luxo! Ficavam para aqueles discos mais compridos que pareciam apostados a estragar-nos a pirataria...
um abraço
fora-de-cena@blogspot.com

Rui Carvalho disse...

Muito bom este post.,que saudadeds que eu tenho dos bons momentos que passei a gravar as celebres cassetes,(mas se calhar ainda voltam???) PARA OS MEUS AMIGOS ,e hoje eles ainda tem algumas cassetes minhas.como ouvinte sou dos que tem bom gosto e principalmente de boa musica.
ouviram falar do concurso em Alcobaça,só açeitavam que os grupos mandassem os trabalhos em cassete.

António Caeiro disse...

As minhas cassetes estão no sotão. Bom Blog.