quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Um clássico musical de espionagem

É sempre uma questão subjectiva de gosto pessoal, mas este é o meu tema preferido de música que se encaixa no género de "espionagem" (cinema e televisão). Esta música é o tema principal da série policial "The Man From "U.N.K.L.E." (exibida na televisão norte-americana entre 1964 e 1968).
O ambiente musical criado - com os sopros a pontuar o suspense, os riffs de guitarra e a parte rítmica bem vincada - é soberbo. A composição é do americano Hugo Montenegro, figura importante da música para cinema e televisão dos anos 60, mas pouco conhecido face a outros nomes mais sonantes como Lalo Schifrin ou Henry Mancini (ficou também conhecido por ter feito uma remistura de sucesso para o clássico tema "The Good, the Bad and the Ugly" de Ennio Morricone). 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

London Film Museum

Na sequência de um post anterior sobre o London Film Museum que visitei há uma semana, dou agora mais pormenores: trata-se de um surpreendente museu situado em plena zona de Sout Bank, mesmo ao lado do famoso London Eye (a roda gigante panorâmica à beira do rio Tamisa). Está aberto desde 2008 num edifício antigo recuperado e adaptado para acolher as obras da coleccção. Não é um museu particularmente grande e vê-se, sem pressas e dependendo do ritmo, numa média de 2 a 3 horas. Ao contrário da gratuitidade de entrada de muitos museus londrinos, este tem o custo de 13,50 libras por adulto (com descontos para grupos e famílias).
O London Film Museum tem vários pontos de interesse: logo na primeira (e ampla) sala o visitante depara-se com peças de roupa usadas por estrelas de cinema (luvas e bolsa de Bette Davis ou a t-shirt branca usada por Anthony Hopkins em "O Silêncio dos Inocentes"), o fato do primeiro Super-Homem, claquetes de grandes realizadores, o célebre gongo do início dos filmes da produtora The Rank Organisation, o trono do filme "Elizabeth", projectores de luz e muitos adereços preciosos usados em filmes famosos (como a espada de laser de Darth Vader); ou uma bancada recheada de argumentos (guiões) com notas manuscritas dos próprios realizadores.
Depois, à medida que o visitante avança à descoberta deste museu, depara-se com salas de grande interesse para qualquer cinéfilo que se preze: uma ala enorme só dedicada a Alfred Hitchcock; outra só vocacionada para a história dos estúdios de cinema britânicos ao longo de um século de história; outra dedicada ao grande mestre do cinema de animação (terror e ficção científica) Ray Harryhausen, responsável por algumas das animações (monstros, esqueletos, dinossauros...) mais brilhantes de filmes de cultos dos anos 50 e 60; existe também uma sala sobre essa eminência cultural inglesa que dá pelo nome de Sherlock Holmes; uma sala sobre cinema de terror, etc.
Mas a parte do London Film Museum mais interessante é mesmo a ala enorme dedicada ao grande génio Charlie Chaplin. Nesta secção ficamos a saber tudo sobre a vida e obra de Chaplin, com infografias detalhadas, fotografias inéditas de família e de estúdio, cópias de certificados médicos e de residência, reproduções de cenários de filmes, o chapéu e a bengala (cedidos pelo British Film Institute), objectos pessoais, adereços utilizados em filmes, etc. A forma como toda esta informação visual é exposta é de grande qualidade e coerência.
Em suma, o London Film Museum é um fantástico museu dedicado à memória e histórias do cinema e é, por isso, uma visita imperdível para qualquer cinéfilo que visite Londres.
Nota 1: existe um outro London Film Museum no centro de Convent Garden (que não visitei) mais vocacionado para a fotografia e indústria cinematográfica inglesa.
Nota 2: as fotografias em baixo são da minha autoria e foram devidamente autorizadas pelos responsáveis do Museu. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Museu do Cinema em Londres

Confiando na Wikipédia, Londres tem o número impressionante de 240 museus. Para além daquela dúzia de bons e famosos museus, não é fácil para o turista orientar-se. Por vezes deve deixar-se levar pela surpresa. Foi o que me aconteceu enquanto turista recente na capital inglesa: ao passear perto do London Eye, bem junto ao rio Tamisa, descobri um museu que nem sequer vinha no meu guia turístico: London Film Museum, aberto há 4 anos.
Como cinéfilo, não pude deixar de descobrir este museu. E ainda bem que o fiz. Retrata a história do cinema através da perspectiva britânica, com um especial e fascinante destaque: Charlie Chaplin.
Em breve darei mais novidades e pormenores sobre este surpreendente museu dedicado à memória do cinema.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

I'll Be Back!

Hoje é o dia do meu aniversário e o dia em que este blogue vai ficar em repouso por motivos de férias. Assim, até ao final do mês de Agosto, o ritmo das publicações deste blogue será bastante irregular, conforme a minha própria disponibilidade.
Agradeço a atenção dos leitores para este facto e até breve!

Filmes a preto e branco online

"Black And White Movies" é um site que disponibiliza para visionamento integral filmes a preto e branco. Filmes oriundos de várias décadas (1910 - 1960) e de vários géneros (western, drama, guerra, thriller, terror, aventura...). O que une estes filmes é o facto de serem todos a preto e branco. O funcionamento é muito simples: não necessita registo e basta seleccionar o filme a ver e abre-se uma caixa de visionamento como se de uma televisão velha se tratasse. 
Alguns filmes têm legendas em espanhol e inglês, mas a maioria estão no formato original. Seja como for, trata-se de um interessante site com belíssimos filmes de culto e clássicos imortais da história do cinema.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A (verdadeira) estreia de Orson Welles

Muita gente identifica a fulgurante estreia de Orson Welles no cinema om "Citizen Kane" (1941). Porém, em rigor, "Citizen Kane" foi a primeira longa-metragem de Welles, mas não a sua primeira experiência concreta no cinema.
A sua absoluta estreia ocorreu quando o realizador tinha apenas 19 anos de idade e, com o seu amigo William Vance, realizou em 1934 uma curta-metragem muda em 16 mmm (e 8 minutos de duração) com o título "The Hearts of Age". Este filme foi filmado durante uma tarde de domingo na casa do cineasta durante o Verão de 1934.
"The Hearts of Age" manifestas influências visuais das obras surrealistas "Un Chien Andalou" (1929) de Luis Buñuel/Salvador Dalí e "Sangue de Um Poeta" (1930) de Jean Cocteau. A curta não tem, no entanto, a criatividade e o arrojo estético das películas citadas, pelo que mais não é do que  uma curiosidade para os fãs de Orson Welles, em particular, e dos cinéfilos em geral.
Durante muito tempo, esta estreia de Welles esteve à disposição apenas nos Arquivos da Biblioteca do Congresso Americano em Washington, mas nos últimos anos acabou por ficar disponível na internet. Claro que o curta em si não tem nada demais, sendo mais uma curiosidade para os fãs de Orson Welles e de cinéfilos em geral. 
"The Hearts of Age" foi sonorizado com uma banda sonora do guitarrista americano Larry Marotta, músico com uma considerável experiência em composições para cinema mudo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A crença na liberdade individual

Sailor: Did I ever tell ya that this snake jacket represents a symbol of my individuality and my belief in personal freedom?
Lula: About fifty thousand times.
-----
In "Wild at Heart" (1990) - David Lynch

As musas de Hitch

Neste dia 13 de Agosto de 1899 nasceu Alfred Hitchcock.
O jornal espanhol ABC aproveitou esta data para lembrar a forte ligação que Hitchcock manteve, ao longo de toda a sua carreira, com as actrizes louras consideradas verdadeiras musas (como Kim Novak, na imagem).
Reportagem muito completa e interessante para ler aqui.

sábado, 11 de agosto de 2012

A criatividade de Svankmajer

Desde 1964 que o realizador checo Jan Svankmajer faz filmes de animação stop-motion (e não só) baseados num universo estético e visual único: ambientes claustrofóbicos e kafkianos, humor surrealista, personagens bizarros, sátira social... Tudo com recurso exímio a elementos quase rudimentares: animação de volumes (plasticina, barro), vegetais e muitos outros objectos do quotidiano. Sem palavras, mas com uma imaginação visual desconcertante.
"Dimensions of Dialogue" é uma das obras-primas mais surpreendentes de Svankmajer. Dividido em três partes, este filme é um espantoso testemunho do poder visual que a animação stop-motion pode alcançar quando é recheada de plena criatividade. 
O vídeo em baixo revela a primeira parte surrealista (de apenas 3 minutos), concebida com vegetais e outros materiais. Especial atenção para a magnífica sonoplastia: 

As partes 2 e 3 de "Dimensions of Dialogue" podem ser vistas no Youtube.

O Universo

É um dos diálogos mais fascinantes da filmografia de Woody Allen:
Médico: Porque é que o seu filho está deprimido?

Mãe de Alvy: Diz ao doutor Flicker! Doutor, é qualquer coisa que ele leu...

Médico: Qualquer coisa que leu, hã?...

Alvy (9 anos): Sim, o universo está a expandir-se.

Médico: O universo está a expandir-se?

Alvy: Bem, o universo é tudo, e se está a expandir-se, qualquer dia vai explodir e será o fim de tudo!

Mãe de Alvy: E o que é que tu tens a ver com isso? Doutor, ele até deixou de fazer os trabalhos de casa!

Alvy: E para quê, se o universo vai acabar?

Mãe de Alvy: Mas o que é que o universo tem a ver com isso? Tu vives em Brooklyn! E Brooklyn não está a expandir-se!

Médico: O universo vai continuar a expandir-se durante milhões de anos, Alvy. E devemos aproveitar o tempo enquanto andamos por cá.

_____

In "Annie Hall" (1977), Woody Allen

Perguntas Indiscretas #42

Geralmente, Humprhey Bogart é considerado o mais carismático actor do género Noir e  John Wayne do género Western. 
E qual o actor mais carismático do género de terror?

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tom Waits e o novo videoclip

Matt Mahurin é um reconhecido ilustrador, fotógrafo e realizador americano de videoclips musicais. O seu percurso foi sobretudo cimentado através de um considerável currículo na realização de videoclips para músicos e bandas como os U2, Peter Gabriel, Metallica, Lou Reed ou Tom Waits.
Para este último icónico músico, Matt Mahurin realizou dois videoclips em 1999: "Hold On" e "What's He Building". Agora acaba de consumar a sua terceira colaboração com Tom Waits: criou as imagens para a música "Hell Broke Luce" (do álbum "Bad as Me"). E que imagens! Matt Mahurin recorreu à sua diversificada experiência acumulada como ilustrador e realizador e conseguiu criar um espantoso e surpreendente manifesto visual para os sons (e palavras) de Tom Waits. A música "Hell Broke Luce" é densa e negra e as imagens correspondem na perfeição a estas premissas, naquele que é já considerado um dos melhores videoclips dos últimos anos de Tom Waits:

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Lynch e "Dirty Dancing"

E se o filme musical "Dirty Dancing" (1987), com Patrick Swayze, tivesse sido realizado por... David Lynch
Alguém imaginou esta curiosa possibilidade e remontou o trailer, de forma a que parecesse, de facto, um filme com um ambiente tipicamente 'lynchiano'. Ou seja, ao bom estilo misterioso e bizarro de "Twin Peaks" ou "Blue Velvet"
Recorrendo a uma montagem e a uma banda sonora apropriadas, qualquer incauto seria levado a crer que se trata de um filme de Lynch: 

Música para "Metropolis"

O filme "Metropolis" (1927) do mestre realizador alemão Fritz Lang é, porventura, um dos melhores filmes do período mudo. Esta obra expressionista de ficção científica tem sido, igualmente, uma das obras mudas mais musicadas ao longo das décadas. A composição original encomendada por Lang foi criada pelo compositor Gottfried Huppertz, mas durante as décadas posteriores foram muitos os músicos e grupos que fizeram música original para acompanhar as imagens inesquecíveis de "Metropolis".
Eis alguns nomes - oriundos dos mais variados universos musicais - que já criaram sons para o filme de Fritz Lang: Kraftwerk, Philip Glass, Model 500, Jeff Mills, Yellow Magic Orchestra, Michael Nyman, Ronnie Cramer, John Foxx, Autechre, The Alloy Orchestra, Giorgio Moroder e Abel Korzeniowski.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Tati e Brando

Nunca me teria passado pela cabeça que dois artistas do cinema tão geniais e diferentes como Jacques Tati e Marlon Brando se tivessem, alguma vez, conhecido pessoalmente. Mas esta fotografia tão sugestiva comprova o encontro e a aparente relação afável entre o realizador francês e o actor norteamericano. Facto que me suscita uma pergunta interessante: e se Marlon Brando tivesse sido actor num filme de Jacques Tati?

sábado, 4 de agosto de 2012

Ridley Scott e o universo

O realizador Ridley Scott deu uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo a propósito do seu último filme "Prometheus". Nesta entrevista, Scott explica porque é que regressou à ficção científica iniciado com "Alien", argumenta acerca do seu ateísmo e assevera que "é absurdo pensar que estamos sozinhos no universo".

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O herói mais caro

A vida está cara para a maioria da população, mas não para os super-heróis. Sobretudo para Batman, o super-herói com despesas mais elevadas de toda a galáxia de super-heróis.
Conferir aqui.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Opium"

É um dos temas mais fortes do álbum "Anastasis" dos Dead Can Dance: "Opium". Não só pela parte estritamente musical, mas também pelo poema:

Sometimes I feel like I want to live
Far from the metropolis
Just walk through that door Sometimes
 I feel like I want to fly
Reach out to the painted sky
A prisoner to the wind
A bird on the wing

Sometimes I feel the ocean in my blood
See rain from the sky above
Her song blind tears
And now those tears leave taste on my tongue
Like the warm rush you get from

Black opium
Black opium

Sometimes I feel like I want to leave
Behind all these memories
And walk through that door
Outside the black night calls my name
But all roads look the same
They lead nowhere
They lead nowhere

"Shining" com prequela?!

A notícia dá conta que "Prequela de Shining Já Está a Ser Preparada". 
Citando: "Os estúdios ainda não divulgaram qual vai ser o enredo da prequela mas especula-se que se centre na história do misterioso hotel, chamado Overlook Hotel. Também poderá girar em torno de Danny, o filho de Jack, e nas suas capacidades telepáticas."
A dinamizadora do projecto é a produtora do filme de Scorsese, "Shutter Island".
Não compreendo esta obsessão de Hollywood por prequelas, sequelas, remakes e quejandos de filmes realmente muito bons. Só revela a falta de criatividade e de inspiração no mundo do cinema actual. "Shining" tem um lugar no pódio dos melhores filmes de terror jamais realizados, uma das várias obras-primas de Kubrick. Qual a necessidade de assumir um risco altíssimo em estragar a mitologia deste filme com uma prequela, seja realizada por quem for, seja interpretada por quem for, seja com que argumento for? Só vislumbro interesses meramente comerciais por detrás deste projecto.
E o que diria Stanley Kubrick desta ideia?


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Discos que mudam uma vida - 168

The Velvet Underground: "1969: Velvet Underground Live" (1974)

Dois livros importantes

Na Fnac deparei-me com uma pequena bancada de livros, editados já há alguns anos, com 20% de desconto. Nada de anormal, não fosse o caso da referida bancada disponibilizar dois dos mais importantes e influentes títulos do século XX ao nível das ideias políticas, sociais, filosóficas e culturais: "A Sociedade do Espectáculo" do situacionista Guy Debord e "A Desobediência Civil" do filósofo Henry David Thoreau.
Dois livros que, cada um à sua maneira, preconizaram uma nova visão da sociedade (o do Guy Debord foi o livro de mesa de cabeceira dos agitadores do "Maio de 68") e do homem, refutando leis e valores que instigaram a sociedade à obediência cega e agitando mentalidades instituídas. Ambos os livros defenderam a justiça, os direitos das minorias e a liberdade como valor universal e inalianável. O livro de Thoreau, apesar de ter sido escrito no final do século XIX, mantém uma espantosa actualidade. E o livro de Debord, lançado na erupção revolucionária dos anos 60, continua a desafiar a cultura do espectáculo e a agitar consciências adormecidas.
Dois títulos, baratos, altamente recomendáveis à venda na Fnac.