terça-feira, 18 de setembro de 2012

Rui Eduardo Paes

Portugal está prestes a perder um dos seus melhores críticos, ensaístas e jornalistas musicais: Rui Eduardo Paes. Isto porque um amigo meu me reencaminhou um mail do próprio jornalista a dizer que, caso não encontre trabalho em Portugal brevemente, a solução poderá passar pela emigração.
Rui Eduardo Paes, com uma carreira de 30 anos, lançou há pouco tempo o seu sexto livro sobre música, "Breviário Ilustríssimo", um notável livro sobre as mais variadas correntes musicais de vanguarda (e não só) contemporâneas, portuguesas e estrangeiras. O livro pode ser encomendado online aqui.
Para quem não conhece o trabalho deste importante jornalista no desemprego, eis o que Nuno Catarino escreveu no jornal Público sobre este autor e o respectivo livro:

"O musicólogo Rui Eduardo Paes tem desenvolvido uma intensa actividade na escrita sobre música(s) ao longo dos últimos 30 anos, entre o jornalismo, a crítica e a reflexão ensaística. Tendo estado, nos últimos tempos, mais ligado ao universo do jazz (na qualidade de editor da revista jazz.pt), Paes não abdica de atravessar géneros, com ênfase no experimental.
Ao longo de uma obra vasta – "Ruínas" (1996), "A Orelha Perdida de Van Gogh" (1998), "Cyber-Parker" (1999), "Phonomaton" (2001), "Stravinsky Morreu" (2003) –, Paes tem desenvolvido ensaios que reflectem sobre as questões que caracterizam as "novas músicas". Estes livros serão actualmente quase impossíveis de encontrar, na sequência da falência da editora Hugin, e este novo "Bestiário Ilustríssimo" vem devolver o seu nome às prateleiras das livrarias, fechando um hiato de nove anos sem publicar. Numa edição que recupera o título de uma série de peças publicadas no jornal Blitz há cerca de 20 anos, Paes reúne textos mais recentes, produzidos para finalidades diversas (folhas de sala de concertos, artigos de revista, guiões de conferências e "liner notes" de discos).
São 50 textos, distribuídos por 260 páginas, que divergem em temas e géneros, sendo embora atravessados por algumas questões comuns que acabam por estar presentes de forma recorrente: as problemáticas da improvisação; o papel da tecnologia na produção musical; as ligações entre o jazz e as outras músicas; ou as intersecções entre música e outras artes.
Demonstrando una rara capacidade de criar paralelos entre temas, Paes estabelece metáforas, propondo analogias, questionando e desafiando. Sendo boa parte dos textos acerca de músicos vindos das áreas do jazz e da música improvisada do nosso tempo (como Elliott Sharp, Sei Miguel, Daniel Levin, Red Trio, Peter Brotzmann, Nobuyasu Furuya, Carlos "Zìngaro", Mostly Other People Do The Killing ou Steve Lehman), vai também a extremos diferentes e menos previsíveis – como Paganini, Aki Onda ou Mão Morta. Independentemente da área de proveniência, cada tema é laboriosamente analisado sob originais pontos de vista.
Cada texto engloba um manancial de referências, numa espécie de aura enciclopédica, mas a escrita de Paes favorece uma leitura e descomplicada, sem esforço, que resulta prazenteira. Refira-se ainda a inclusão das deliciosas ilustrações de Joana Pires, que funcionam como excelente complemento à prosa saborosa do escritor."
 
Nuno Catarino no Público (suplemento Ípsilon).
Classificação do livro: ****

1 comentário:

Anónimo disse...

por mim bem que pode emigrar..só fala de música estrangeira, porque é que há-de viver à nossa custa?
tem de trabalhar mais e de forma mais consistente e assumida, não pode só fazer crítica sonsa, com outras agendas. a crítica portuguesa bem que pode toda emigrar pois não assumem nada do que escrevem, e só falam de conceito e estética, nada percebem de música, só falam de quem lhes dá graxa ou sobre quem o outro gajo estrangeiro já escreveu, ou de pseudo músicos que representam instituições ou do festival que os tratou melhor, etc