Noite dos Óscares. A 85ª edição.
Assisti em directo, como é habitual. Não que esperasse grandes novidades ou surpresas (na distribuição das estatuetas ou no espectáculo), mas simplesmente porque já é um hábito meu antigo. E afinal de contas, apesar de todos os defeitos e injustiças (como demonstra o meu post anterior), os Óscares ainda encerram alguma mística na celebração do cinema.
Assim, para não ser muito exaustivo, eis algumas ideias dispersas que julgo importante realçar:
- O apresentador Seth MacFarlane conseguiu convencer. Um ritmo imparável de piadas politicamente incorrectas e provocatórias, bom sentido de auto-crítica, um bom entertainer e cantor (com o momento alto da música "We Saw Your Boobs"). O surgimento do Capitão Kirk foi um achado humorístico.
- O tema da cerimónia era a música de filmes e a homenagem aos 50 anos de 007. Pois bem, nem todos os momentos resultaram. O musical "Chicago" regressou ao fim de 10 anos com o clássico "All That Jazz", com uma Catherine Xeta-Jones algo mais gorda mas não menos fogosa. A Adele ganhou o Óscar para melhor canção com "Skyfall" mas a prestação esteve longe de entusiasmar. Shirley Bassey foi mais assertiva, aos 75 anos, a cantar "Goldfinger".
- O discurso de Christopher Waltz, emocionado, a agradecer a Tarantino citando passagens da sua personagem de "Django Libertado".
- O Óscar para Melhor Argumento Original para Quentin Tarantino, igual a si próprio, imagem irreverente (gravata torta) e língua sempre afiada.
- O Óscar bem entregue à melhor curta-metragem de animação, "The Paperman", ainda que pudesse ganhar o sempre genial PES.
- A classe, sedução e beleza de Charlize Theron a dançar exuberantemente num número musical.
- A curiosidade da selecção musical da orquestra para mandar parar (ou interromper) o discurso dos vencedores: a música de "Jaws" para os homens e "O Padrinho" para as mulheres.
- O erro lamentável e incompreensível (vem em baixo) nas imagens dos nomeados para Melhor Realizador: em vez da imagem de David O. Russel, a imagem de... Emmanuelle Riva!
- O Óscar de Melhor Banda Sonora para "A Vida de Pi", quando julgo que o trabalho do compositor Alexandre Desplat em "Argo" merecia muito mais o galardão.
- O facto inédito da Primeira Dama dos EUA, Michelle Obama, anunciar a partir da Casa Branca, o vencedor na categoria de Melhor Filme.
- A injustiça do Óscar de Jennifer Lawrence em detrimento da veterana Emmanuelle Riva.
- O Óscar duvidoso de Melhor Fotografia para "A Vida de Pi", quando se sabe que 80% ou 90% das imagens deste filme são criadas com recurso a efeitos digitais.
- A mais do que previsível vitória de Daniel Day-Lewis (Melhor Actor) e de "Amour" (Melhor Filme Estrangeiro).
- A atitude estranha e errática de Kirsten Stewart: chegou à cerimónia de muletas e na apresentação de um Óscar parecia estar sob o efeito de alguma substância proibida.
- Belo discurso de agradecimento de Daniel Day-Lewis.
- O momento de lembrar os artistas falecidos do cinema: não se esqueceram de duas figuras pouco conhecidas mas essenciais: Chris Marker e Tonino Guerra. Só faltou a citação dos realizadores portugueses Fernando Lopes e Paulo Rocha (mas já era pedir demasiado).
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