No próximo dia 12 de Agosto assinalam-se 13 anos da tragédia do submarino Kursk. Para quem não se recorda, o Kursk era um submarino nuclear russo que afundou no mar de Barents em 2000 devido a uma explosão nunca devidamente explicada (ou pelo menos com versões contraditórias). Apesar das tentativas de resgate que duraram 4 longos dias, 118 homens tiveram uma morte lenta que indignou o mundo (44 oficiais e 68 marinheiros).
Para lembrar este incidente dramático, o músico Matt Elliott (ex-The Third Eye Foundation) compôs uma música em homenagem aos tripulantes mortos. Esta música faz parte do magnífico álbum "Drinking Songs" de 2005. Por seu lado, Sandrine Romet-Lemonne, artista plástica e realizadoracanadiana, criou as imagens para a música de Matt Elliott: num único plano fixo que tem a duração da música, a artista encena uma cabine do submarino onde dorme (no beliche superior) um incauto tripulante que não se apercebe da subida lenta das águas que ditam o afundamento do submarino.
Sandrine Romet-Lemonne tem um particular cuidado na composição plástica: utiliza o contrate de luz, preocupa-se com a ameaça paulatina da subida da água, mistura o reflexo do sonho do homem na água e, por fim, apresenta o final inevitável.
A música de Matt Elliott é de uma beleza profundamente triste e desesperada. No início uma guitarra dedilhada em modo suave e nostálgico; depois ouvem-se vozes em murmúrio como se fossem as vozes dos fantasmas do Kursk. Juntam-se-lhes coros de lamento e angústia. No cômputo geral, não é um trabalho lamechas, é antes sensível e de notável bom gosto estético.
E depois de visionarmos este pequeno filme pensamos no terrível e trágico pesadelo que os 118 homens experimentaram com o afundamento do Kursk.