Enquanto não vejo o último filme de Woody Allen, "Magia ao Luar", revi "Midnight in Paris" (2011) e reconfirmei: este filme é uma das melhores obras de Allen dos últimos 10 anos (ok, se somarmos também o fabuloso "Match Point" de 2006 e o mais recente "Blue Jasmine" de 2013).
Uma das melhores cenas - das muitas que o filme contém - é esta com três personagens artísticas históricas da vanguarda surrealista dos anos 1920: Salvador Dalí, Man Ray e Luis Buñuel. Adrien Brody é brilhante na pela de um irreverente Dalí, na forma como fala e nos seus devaneios imaginários.
Os diálogos deste sequência estão ao melhor nível do que Allen nos habituou, assim como a inteligência e a criatividade na forma como faz referências às obras dos próprios artistas, como é o caso do diálogo final entre Pender (Owen Wilson) e Luis Buñuel: aquele diz a este que lhe surgiu uma excelente ideia para um filme: "Um grupo de pessoas estão num jantar muito elegante e no fim do jantar tentam sair da sala mas não podem". Ao que Buñuel pergunta: "Não podem sair porquê?"
Ora, esta referência mais não é do que ao filme "O Anjo Exterminador" que Buñuel realizou em 1962. E não fica por aqui: Pender diz: "Talvez um dia ao barbear-se encontre a resposta". Mais uma referência ao filme surrealista "Un Chien Andalou" (1928) que tem a famosa cena do corte do olho com a lâmina de barbear. É este tipo de diálogos que torna este (como outros do mesmo realizador) filme num belíssimo tratado de escrita para cinema.
1 comentário:
É um dos melhores trabalhos de Allen.
Um filme inteligente e divertido.
Abraço
Enviar um comentário