São dois filmes diferentes, é certo. Passam-se em situações muito diferentes, com protagonistas distintos. Mas são dois filmes que se complementam pelo cerne da história, que se unem umbilicalmente pela urgência do amor, do afecto, da compreensão. Os personagens destes filmes, apesar das diferenças de idade, de profissão ou experiências de vida, possuem características comuns. São personagens, cada uma delas à sua maneira, à deriva, sem rumo no seio de uma vida rotineira, solitária e frustrante, na qual os sentimentos são inexistentes ou meramente residuais.
Estes dois pares, estas duas mulheres e estes dois homens, encontram-se fugazmente e vivem, intensamente, uma cumplicidade emocional inesperada. Uma cumplicidade que atenua um certo vazio existencial de que é feito as suas vidas, mas que não é suficiente para acreditar no amor em toda a sua plenitude. Por isso são filmes de uma melancolia tocante, porque estes personagens anseiam acreditar que o amor os pode salvar, dar-lhes um incentivo para resistir às sombras que os cobrem. E é essa melancolia que faz de "Lost in Translation" e "As Pontes de Madison County" duas obras imensas sobre o amor entre um homem e uma mulher que, subjugados a circunstâncias que não podem dominar, se entregam de corpo e alma a uma relação efémera, mas plena de profundo significado e de esperança.
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