Olho sempre para a pintura de Edward Hopper (1882 - 1967) com delicada emoção. Observador atento da solidão humana na primeira metade do século XX, Edward Hopper consegue ser cada vez mais actual. Num mundo transbordante de tecnologia que nos liga em tempo real ao mundo global, o indivíduo torna-se escravo da mesma, tomando atitudes de pura alienação perante o que o rodeia.
Hopper teve essa sensibilidade de registar, em melancólicas e coloridas telas, esse sentimento de despojamento social, de espaços urbanos "com gente" mas onde não existe comunicação, afectos, ou resquícios de felicidade. Só existe silêncio e inquietação psicológica (como revela esta intrigante exposição de fotografia que prova como as pessoas preferem ver o telemóvel do que conversarem).
Expressão de solidão, vazio, desolação e estagnação da vida humana. À luz da expressiva e realista pintura de Hopper, é cada vez mais assim que vejo o meu mundo, no limiar de 2015: uma sociedade alienada, vazia, desolada, em silêncio perturbador, à espera que alguma luz ilumine a vida monótona e rotineira, sem esperança, sem fulgor para viver uma... vida.
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