domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sónar 2010


Já é conhecido o programa do melhor festival europeu de música electrónica (e não só): Sónar 2010, em Barcelona. Decorre nos dias 17, 18 e 19 de Junho.
Se nas primeiras edições o festival era exclusivamente vocacionado para as músicas de raiz electrónica mais experimental, agora o Sónar desenvolveu-se, ao longos dos anos, em múltiplas correntes estéticas e artísticas. Se antes o Sónar era um festival quase marginal e de culto, agora é um festival altamente popular, de grandes proporções (80 mil espectadores) e que acolhe público de todas as partes do mundo. É quase certo dizer que todos os músicos e grupos da vanguarda musical de referência mundial, já passaram pelo festival espanhol.
O programa para este ano propõe um excelente e diversificado programa, não só ao nível de concertos e sessões de DJ, mas também ao nível de actividades complementares - workshops, showcases, exposições, conferências, filmes, etc.
Com um brutal orçamento de 3,5 milhões de euros, não admira que a quantidade e qualidade de artistas confirmados seja tão rica e estimulante:
The Chemical Brothers, Air, LCD Soundsystem, Plastikman, Dizzee Rascal, 2manydjs, Hot Chip, Fuck Buttons, Aeroplane, King Midas Sound, Broadcast, The Sugarhill Gang, Matthew Herbert's One Club (na imagem), Flying Lotus, Joy Orbison, Jimi Tenor & Kabu Kabu, Delorean, The Pinker Tones, Cluster, Kid Koala, BCN216 + Cristian Vogel, Robot Koch, Larytta, Round Table Knights, Goldielocks, Tim and Puma Mimi, entre muitos outros.

Na mesinha de cabeceira


Philip Roth - "Património - Uma História Verdadeira"

Design retro para filmes actuais

Imaginem que os filmes nomeados aos Óscares deste ano eram filmes da década de 1970. Como seriam, graficamente, os respectivos cartazes promocionais? Talvez tenha sido esta a premissa que levou o reputado designer gráfico Tavis Coburn a redefinir a os posters de filmes recentes à luz da estética retro. Eis os brilhantes exemplos:
"Precious"

"Avatar"

"The Hurt Locker"

"An Education"

"Up in the Air"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Momentos e Imagens - 58


John Lennon com realizador experimental Amos Vogel.

John Lennon ausculta o asfalto.

John Lennon lê a notícia da morte de Brian Jones.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Já cá está

E finalmente chegou o dia: estreou o filme de Scorsese! O único problema é que só o poderei ir ver daqui a uns dias (ou até para a semana)... Quem já o tenha visto, que deixe por aqui as suas impressões. Já se sabe que é um filme que divide - coisa rara em Scorsese - opiniões.
O Metacritic fez uma recensão de críticas de jornais e houve quem atribuísse nota 100 em 100 e outros 20 em 100. A média final da classificação ficou-se nuns módicos 62%... Mas claro, só vendo para depois retirar conclusões pessoais.

Cartoon music


A música para cartoons (“desenhos animados”, dizia-se quando era miúdo) é uma arte. Uma arte exigente. Warner Bros e os seus Lonney Tunes foram preponderantes com a introdução de personagens icónicas como Bugs Bunny, Coyote, Daffy Duck, Speedy Gonzales, Sylvester the Cat, Road Runner, entre outros. A época de ouro destes filmes de animação foi nas décadas de 30 a 50. Enquanto Walt Disney realizava filmes politicamente correctos, de grande apelo aos valores familiares, a Warner Bros arrasava com a irreverência visual e o ritmo alucinado da acção resultante da imaginação dos maiores realizadores de cartoons: Chuck Jones e Tex Avery.
A música para estes filmes era constituída de uma precisão cirúrgica tremendamente eficaz, na qual a sonoplastia (gravada em estúdios caseiros e com objectos quotidianos) era totalmente síncrona com cada imagem. As bandas sonoras, frenéticas e imparáveis, muitas das vezes subvertendo a estética dos compositores clássicos estabelecidos, eram pequenas obras-primas de composição, de rebeldia formal e de criatividade sonora. Os grandes mestres da música para cartoons foram Spike Jones, Carl Stalling e Raymond Scott, autênticos génios de originalidade musical, extravasando o próprio conceito exíguo de “música para cartoons”.
A música para cartoons exerce um enorme fascínio, não só nos adultos mas também nas crianças (ou será que a ordem é inversa?). O próprio "guru" John Zorn é um fã incondicional dos compositores acima referidos.
Lá fora – é sempre lá fora – existe uma literatura interessante sobre esta temática da música para cartoons, da qual destaco o livro que encabeça este post. A prova de que a música de cartoons é um assunto sério e de reconhecida identidade artística.
Eis um dos mais memoráveis indicadores musicais de animação de sempre (pelo menos para a minha geração): o tema de abertura dos Looney Tunes, composto por Carl Stalling:

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A cultura pelos cornos


O escritor e jornalista Manuel António Pina dissertou sobre a recente preocupação da Ministra da Cultura em "dignificar" as touradas como "actividade cultural".

Brilhante artigo de opinião, que eu assino por baixo:
_______________

Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar".
O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...

Perguntas indiscretas - 22

Qual o vosso "Crash" preferido:
O "Crash" (1996) de David Cronenberg ou o "Crash" (2004) de Paul Haggis?

Discos que mudam uma vida - 97


Joy Division - "Unknown Pleasures" (1979)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Um canibal na capa


O que nos pode dizer uma capa de uma revista de música? Muito e pouco. Neste caso, a edição de Março da BLITZ, diz-nos tudo. Ou não estivesse em grande destaque o maior ícone (meço as palavras) do rock nacional alternativo - já não sei muito bem o que isto quer dizer - dos últimos 25 anos: Adolfo Luxúria Canibal, líder e vocalista dos Mão Morta. Uma entrevista de fundo ao sr. Canibal já vale os 2,50€ da revista.
E verdade seja dita: é mesmo uma capa extraordinária.

O pianista

"Steve Reich, Gorecki, Arvo Pärt e John Lennon são algumas das minhas referências musicais."
Michael Nyman

Uma realizadora de armas

Gostei de ver "Estado de Guerra" ("The Hurt Locker") de Kathryn Bigelow arrecadar 6 prémios nos British Academy of Film and Television Arts (BAFTA). Mais: gostei de ver Kathryn Bigelow levar a palma relativamente ao seu ex-marido, James Cameron e o filme "Avatar". O filme de Bigelow é um portentoso manifesto antibelicista e um exercício de cinema ao mais alto nível (montagem, fotografia, realização). Um mulher que filma de forma tão intensa e nervosa um cenário de conflito, no meio do deserto e rodeada de homens, tem de ser uma realizadora talentosa.
O filme de Kathryn Bigelow tem semelhanças estéticas com outro magnífico olhar sobre a guerra do Iraque - "Redacted" (2007) de Brian De Palma - mas "Estado de Guerra" leva mais longe a reflexão sobre os dramas (sem sentido) de um conflito que tende a eternizar-se.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Díptico - 81



"Flags of Our Fathers" e "Letters of Iwo Jima" (2006) - Clint Eastwood

"O Estranho Mundo de Jack" em livro

Já havia o maravilhoso filme de Tim Burton. Já havia a fantástica banda sonora em CD de Danny Elfman. Já havia, inclusive, uma versão em 3D. Falo, obviamente, da obra-prima de animação "O Estranho Mundo de Jack" ("Nightmare Before Christmas") de Tim Burton e Henry Selick. A boa notícia é que vai ser editado, no mercado nacional pela Orfeu Negro, o livro do filme. É já no próximo dia 13 de Março que os fãs do filme poderão encontrar nas livrarias o livro com a história e ilustrações de Tim Burton. Já marquei na agenda.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Polanski - um prémio "justo"


Vou acreditar que o Urso de Prata para o Melhor Realizador do Festival de Berlim atribuído a Roman Polanski não seja uma espécie de "prémio de consolação" pelos seus problemas com a justiça. Vou acreditar - e acredito mesmo - que Polanski tenha assinado uma superior realização para o seu filme "The Ghost Writer". Que este prémio seja, efectivamente, "justo".

As gargalhadas de Liotta


Enquanto esperamos pelo novo filme de Martin Scorsese, lembrei-me de uma das grandes cenas do cinema do realizador italo-americano. Falo do filme "The Goodfellas" ("Tudo Bons Rapazes") de 1990. Há uma cena com um espantoso exercício de interpretação: o fabuloso Joe Pesci está à mesa de um restaurante com o resto de "goodfellas", entre os quais o não menos fabuloso Ray Liotta. Pesci conta as aventuras criminosas num tom descontraído e hilariante; Liotta e os amigos riem-se à gargalhada como loucos, até que a dada altura Ray Liotta diz a Pesci: "You're really funny!". Pesci quebra a boa disposição e pergunta cinicamente: "Funny how? Funny like a clown? The way I talk is funny to you?"
Instala-se um comprometedor silêncio e o ambiente, lentamente, fica cada vez mais crispado. É um duelo de tensões impressionante até ao momento em que Pesci assume que estava a brincar com Liotta.
É uma das cenas memoráveis do genial filme de Scorsese: o ambiente criado, os diálogos ritmados, as gargalhadas espontâneas de Ray Liotta (parodiadas no filme de animação "A História de Uma Abelha"), o clima de tensão que engana o actor e o espectador, e as interpretações de Pesci e Liotta fazem desta cena um incrível jogo de comunicação e um magistral momento de cinema.
A propósito desta cena, Scorsese esclareceu que grande parte da sequência foi... improvisada pelos próprios actores, facto que só eleva a qualidade da mesma.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Uma boa leitura


O número de fevereiro da revista de cinema Premiere traz uma série de boas e interessantes reportagens:
- Destaques a "Shutter Island" com entrevista a Leonardo Di Caprio
- Artigo desenvolvido e biográfico de um marginal genial de Hollywood: Sam Peckinpah
- Destaque à programação do próximo Fantasporto
- "10 Filmes de 5 Tostões" (filmes de baixo orçamento com receitas gigantescas)
- Top dos melhores filmes de 2009 e da década
- Top das melhores bandas sonoras de 2009 e da década
- Artigo longo sobre o auge e queda de uma estrela - Judy Garland
- Entrevista a Woody Allen a propósito de "Whatever Works"
- Crítica a uma edição DVD de uma obra-prima de F.W. Murnau - "Tabu"
- Destaque à filmografia de John Ford editada em DVD
Uma boa leitura, portanto.

Filosofia para dois


Empregado: Boa noite. Vão desejar qualquer coisa... acerca de falar?
Sr. Hendy: O que é isto aqui?
Empregado: Ahhh, isto é um restaurante de filosofia.
Sr. Hendy: É um desporto?
Empregado: Ahh, não, é mais uma tentativa para, hum, construir uma hipótese viável para, ahh, explicar o sentido da vida.
Sr. Hendy: Oh, parece excelente. Queres falar acerca do sentido da vida, querida?
Sra: Hendy: Claro. Porque não?
Empregado: Então vai ser "filosofia para dois"?
Sr. Hendy: Sim, ahh...
Empregado: Querem que eu comece?
Sr. Hendy: Oh, gostávamos, sim.
Empregado: Está bem! Bom, ouçam, já alguma vez perguntaram porque é que estão aqui?
Sra. Hendy: Bom, fomos a Miami no ano passado e à Califórnia há dois anos e...
Empregado: Não, não. Quero dizer, ahh, porque é que estamos aqui... neste planeta.
Sr. Hendy: Humm, Não.
Empregado: Ahh, e já alguma vez quiseram saber para que serve isto tudo?
Sr. Hendy: Não.
Sra. Hendy: Não, não.
(in "O Sentido da Vida", 1983)

"Gay super-inteligente"

E quem somos nós para duvidar?

Perguntas indiscretas - 21


Qual é o melhor festival de cinema português?

- DocLisboa
- Fantasporto
- IndieLisboa
- Estoril Film Festival
- Festróia
- Cine'Eco
- Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa
- IMAGO - Festival Internacional de Cinema Jovem
- Festival Curtas-Metragens de Vila do Conde
- FICA - Festival Internacional de Cinema do Algarve
- MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa
- Outro

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

DiCaprio


Leonardo DiCaprio tem crescido como actor ao longo dos últimos anos, sobretudo com as interpretações memoráveis nos quatro filmes que já fez com Martin Scorsese. Apesar de não ter a versatilidade no envolvimento em projectos artísticos diversificados (como um Johnny Depp), não é por isso que DiCaprio não tem revelado grande domínio na arte de representar papéis complexos e exigentes.
Rezam as crónicas que a sua prestação no recente "Shutter Island" é de antologia, porventura a sua interpretação mais perfeita até hoje. Por isso, muita gente se questiona: apesar da sua juventude e curta carreira, será Leonardo DiCaprio um novo Robert De Niro, constituindo uma espécie de referência para uma geração de novos actores? Na sequência de uma entrevista a um jornal espanhol, o actor revela suficiente humildade para rejeitar a comparação:
"Dar-me-ia vergonha comparar-me com Robert De Niro. A sua colaboração com Scorsese é uma das relações mais produtivas da história do cinema. São dois dos meus heróis. Os seus filmes não só me fizeram actor, como também pessoa."

Ian Curtis. Sempre

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pode levar o Óscar... mas só se não chorar


Em 1999, a actriz Gwyneth Paltrow ganhou o Óscar de Melhor Actriz por "Shakespeare in Love". Nessa noite dos Óscares, Gwyneth Paltrow foi uma das figuras marcantes pela sua reacção emocional ao receber a estatueta dourada: fartou-se de chorar e soluçar como uma criança enquanto fazia os agradecimentos da praxe.
A novidade dos próximos Óscares é que esta imagem poderá não repetir-se. Isto porque os produtores da cerimónia consideram que as manifestações lacrimejantes são o pior dos Óscares. Assim, apesar de não ser totalmente assumido como proibição, a verdade é que os actores (e sobretudo as actrizes) nomeados foram aconselhadas a não verter quaisquer lágrimas se forem vencedores.
Agora a minha dúvida é: será que as actrizes chorosas estavam apenas a representar só para impressionar as audiências? Se for assim, pelos vistos, a partir de agora os vencedores vão ter de fazer o processo contrário - recorrer às suas qualidades interpretativas para conter as lágrimas e poderem aceitar o Óscar como quem aceita um simples convite para um jantar romântico.
Alguém falou em "liberdade de expressão"?

Chomet e Tati


Como referi aqui, a apresentação do filme "O Ilusionista" de Sylvan Chomet com base num guião do realizador Jacques Tati, é um dos grandes acontecimentos do Festival de Cinema de Berlim. Pelos vistos, as expectativas foram amplamente cumpridas (ou até superadas), a fazer fé nas críticas ao filme de animação que ontem foi revelado no Festival. O crítico do Público Jorge Mourinha, por exemplo, refere mesmo que se trata do melhor filme que passou, até à data, na Berlinale. E chega a qualificar o filme como "pura poesia visual".
Grande parte do mérito para este suceso artístico deverá ser atribuído, concerteza, ao realizador Sylvan Chomet (que já tinha dado provas no excelente "Belleville Rendez-Vous"), mas estará também assente no irresistível universo cómico de Tati que, com o seu guião nunca filmado "O Ilusionista", revela 50 anos depois, a inteligência e a magia de um tipo de humor tão pessoal.

Momentos e Imagens - 57


Marguerite Duras e Michelangelo Antonioni à conversa.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um actor pintor

Não é o primeiro actor, realizador ou músico a revelar talento nas artes plásticas. Sir Anthony Hopkins, actor inglês galardoado com um Óscar, é mais um desses exemplos - revelados pelo Telegraph. Prova disso é a exposição que se encontra patente em Londres, na qual Hopkins mostra 50 pinturas do seu trabalho mais recente. O actor confessa que a pintura é um escape para o stress profissional, um exercício criativo que executa por puro prazer e sem ansiedades face a eventuais críticas. E foi a sua mulher, Stella, que o convenceu a começar a pintar depois de ver os desenhos rabiscados que o actor fazia nos guiões de filmes que lia.
O trabalho com as cores fortes, a temática dos rostos e a expressividade visual são algumas das características das pinturas de Sir Anthony Hopkins.


O blogue de Thurston Moore


Um dos mais criativos e influente guitarristas rock das últimas décadas, Thurston Moore, criou um blogue. O guitarrista dos Sonic Youth (banda que em Abril toca em Portugal) criou há pouco tempo o blogue "Flowers & Cream", no qual expõe pensamentos, textos e fotografias pessoais, quase todas relacionadas com música.

Discos que mudam uma vida - 96


TV on The Radio: "Dear Science" (2008)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Espreitar "Shutter Island"

Não é legal, já se sabe, mas um determinado site publicou online os primeiros 10 minutos do filme “Shutter Island” de Martin Scorsese. E logo em alta definição! Por aquilo que se vê neste curto excerto, há obra de génio neste novo filme de Scorsese. Aqui.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Dia de São Valentim

A história do cinema está recheada de filmes sobre o amor, o romance, a paixão (a este pretexto, espreite-se a interessante lista de 14 filmes para o dia de São Valentim proposta pelo blogue O Sétimo Continente). Eu fico-me apenas por três sugestões.
Três filmes que exploram a mesma dimensão fulgurante da paixão e do amor, sem esquecer a abordagem do seu reverso: a mágoa, o ressentimento, a separação: "Sunrise" ("Aurora", 1927) de F. W. Murnau, "Casablanca" (1942) de Michael Curtiz, e "As Pontes de Madison County" (1995) de Clint Eastwood.


Remake de "Taxi Driver"?


Uma revista dinamarquesa de cinema, "Ekko", publicou uma notícia deveras surpreendente: a possibilidade de Martin Scorsese e Lars Von Trier, juntos, poderem realizar um remake de... "Taxi Driver"! Não há dados concretos, mas parece certo que Scorsese terá falado deste projecto com um sócio da produtora "Zentropa" de Von Trier (no Festival de Berlim), e que brevemente emitirá um comunicado oficial. O projecto envolve o actor Robert De Niro que, com 66 anos, voltaria a ser o protagonista do clássico de Scorsese.
É uma história bizarra: por que motivo quereria o realizador fazer um remake de uma obra-prima, e ainda para mais, com a colaboração de um cineasta como Lars Von Trier?
Aguardemos por novidades esclarecedoras...

A música de "Shutter Island"


As reacções à nova obra de Martin Scorsese, "Shutter Island", revelada no Festival de Cinema de Berlim têm sido entusiásticas. A prová-lo, leia-se este artigo de opinião do crítico de cinema do Público Jorge Mourinha. Está lá tudo o que se espera do mestre Scorsese. Já estava à espera que o filme fosse de um grande virtuosismo formal, estético, narrativo e uma ode à cinefilia do realizador, mas o que me surpreendeu foi ler, no referido artigo, que Scorsese recorreu a uma inesperada banda sonora para amplificar a sensação de paranóia e loucura que atravessa todo o filme: "Já o dissemos e voltamos a repetir, Shutter Island é um espantoso exercício de virtuosismo formal, um manual de como bem filmar, montar, organizar. Um exemplo: a extraordinária banda-sonora, escolhida pelo velho cúmplice Robbie Robertson, é uma colecção de peças de música contemporânea de autores como Krzsyztof Penderecki, György Ligeti ou John Cage, que amplificam a sensação de paranóia e opressão dos cenários.
Se pensarmos que Stanley Kubrick também recorreu à música atonal de Penderecki e Ligeti para criar o ambiente de terror sonoro no filme "The Shining", constataremos que "Shutter Island" se deve elevar a um patamar avassalador de expectativas estéticas.
(Nunca mais estreia?!)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Nunca mais estreia?!

"Metropolis" para todos


Um dos grandes momentos do festival de Berlim foi a exibição do filme "Metropolis" (1927) de Frtiz Lang, na versão original (e agora restaurada) do realizador alemão. E foi uma exibição especial - ao ar livre, num ecrã gigante, posicionado bem no meio da icónica Porta de Brandenburgo da capital alemã. Duas mil pessoas resistiram ao frio e à neve para assistirem, durante duas horas e meia, a um dos maiores filmes do período mudo. O festival saiu, assim, à rua, numa prova de que as grandes obras da Sétima Arte podem ser partilhadas e usufruídas por toda a gente.
Vale a pena ver a reportagem vídeo e fotografias aqui.

"O Meu Tio" ao preço da chuva


Saiu hoje à venda na Série Ípsilon do jornal Público o DVD "O Meu Tio" de Jacques Tati, por um preço irrisório de €1,94. E pensar que há uns anos comprei este filme inserido num pack com outras três películas do realizador francês por quase €40!
Não será preciso dizer que qualquer cinéfilo que se preze deve ter "O Meu Tio" em casa (tal como toda a restante obra de Tati, diga-se a verdade), para ver ou rever. E a este preço tão baixo, mais imperdoável se torna a sua não aquisição por parte de quem ainda não conhece ou não possui.
Obrigatório, portanto.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Cancer?"


Há lapsos de linguagem que provocam reacções hilariantes. É o caso de uma cena do filme “Up in The Air” (“Nas Nuvens”): o personagem interpretado por George Clooney está no avião e chega ao pé dele uma sorridente assistente de bordo, com uma lata de bebida na mão, que lhe pergunta: “cancer?”. Clooney, com ar espantado, riposta: “sorry?”.
A assistente volta à carga: “cancer?”. Até que, vendo que Clooney não percebia, a assistente aperfeiçoa a dicção: “A can, sir?” A senhora perguntava apenas se o passageiro queria “uma lata de bebida”, mas ao dizer rápido “Can, sir”, foneticamente transformava-se em “cancer”.
...
Ok, admito que tenha mais piada a ver o filme do que com esta explicação…

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

5 mil

A caixinha aqui ao lado registou 5000 comentários.
Que venham mais 5 mil.

O malfadado "Fade Out"


Não gosto de músicas que acabem em "fade out", isto é, em diminuição progressiva da intensidade do volume até restar apenas silêncio. Por melhor que seja a música e o compositor, sempre me deu a sensação que o "fade out" é um recurso fácil e pouco original para terminar uma composição musical. É como se o músico dissesse, de forma subliminar ao ouvinte: "Não tenho inspiração para terminar a música de outra maneira, por isso acabo-a em "fade out" no software de edição áudio (na imagem)". E há grandes artistas da constelação pop que fizeram (e continuam a fazer) músicas que acabam desta maneira.
Como ouvinte, não gosto e não aprovo.

Berlim, nome de cinema


Hoje começou o Festival de Cinema de Berlim. Em apenas 10 dias vai ser possível ver 400 filmes, dos quais apenas 20 poderão conquistar o Urso de Ouro. 400 filmes. Aposto que apenas meia-dúzia chegará ao circuito comercial português. Ao fim de 60 edições, pela "Berlinale" já passaram 15 mil filmes, milhares de jornalistas, actores e realizadores.
E, claro está, 60 filmes galardoados com o prémio máximo. Não vi, obviamente, todos esses 60 filmes, mas dos que vi saliento como realmente importantes os seguintes vencedores do Urso de Ouro:
- "Tropa de Elite" (2008) - José Padilha
- "Bloody Sunday" (2002) - Paul Greengrass
- "Magnolia" (2000) - Paul Thomas Anderson
- "The Thin Red Line" (1999) - Terrence Malick
- "In The Name of the Father" (1994) - Jim Sheridan
- "Rain Man" (1989) - Barry Levinson
- "Grand Canyon" (1992) - Lawrence Kasdan
- "Alphaville" (1965) - Jean-Luc Godard
- "Cul-de-Sac" (1966) - Roman Polanski
- "A Noite" (1961) - Michelangelo Antonioni
- "Morangos Silvestres" (1958) - Ingmar Bergman
- "Twelve Angry Men" (1957) - Sidney Lumet
- "O Salário do Medo" (1953) - Henri-George Clouzot

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Discos que mudam uma vida - 95


The Cure - "The Head on The Door" (1985)

Educação sexual no horário nobre da TV

19h30. Ligo a televisão e, ao fazer zapping, vejo dois minutos da TVI, canal que transmite a série "Morangos com Açucar". Durante esses dois minutos, acontece isto: um casal de namorados adolescentes beija-se na rua; a seguir, os dois vão para casa e rebolam no sofá em poses eróticas. Entra um rapaz na casa (amigo, irmão, não sei) que faz um comentário do tipo: "Outra vez enroscados um no outro? Só pensam nisto!". O namorado da miúda pergunta: "Mas qual é o problema dele?". A namorada, com olhar cínico, esclarece. "Falta de sexo!". A cena imediatamente a seguir: um outro casal imberbe, deitado na cama superior de um beliche, deleita-se em beijos ardentes. Tudo no espaço de um ou dois minutos, tudo em horário nobre.
Não é que me choquem estas cenas. De todo. A questão é que não percebo o primarismo desta obsessão pela erupção das hormonas sexuais nos adolescentes. Será culpa apenas dos argumentistas que querem incutir dicas de "educação sexual" nos espectadores teenagers? Ou tem mesmo a ver com a má ficção generalizada que se faz na televisão portuguesa e nos lugares comuns fúteis ao nível do argumento, da interpretação, dos diálogos, da realização? Esta série, como outras, tenta projectar a complexidade social ao nível mais baixo dos instintos básicos, reproduzindo os estereótipos sociais da maneira mais fácil, e reduzindo o universo adolescente a um paradigma de índole meramente sexual. Haja paciência...

Um "guest-post" no Bitaites

O Bitaites é, quanto a mim, um dos blogues nacionais mais interessantes de toda a blogosfera nacional (sigo-o há uns três anos, ainda nem tinha criado O Homem Que Sabia Demasiado). O seu autor, Marco Santos, convidou-me a escrever um “guest-post”, um artigo para ser publicado no Bitaites. Foi o que fiz, com muito prazer.
Parti de um tema que já tinha abordado no meu blogue – a relação da música com o cinema – para desenvolver um texto mais aprofundado, resultando no artigo que foi publicado no Bitaites – “A Banda Sonora que Kubrick Recusou”.
Quem quiser ler, basta clicar aqui.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Perguntas indiscretas - 20

Se pudessem convidar um actor e uma actriz - de qualquer época histórica do cinema - para jantar, quem escolheriam?
Começo eu:
Actor - Marlon Brando

Actriz - Ingrid Bergman