sábado, 31 de maio de 2014

Estórias e Misérias de Hollywood #6

"Hollywood está recheada de formas de camuflagem anti-fãs. Por exemplo, Clint Eastwood recorre a uma estratégia especial para poder assistir calmamente aos filmes no meio da multidão e escapar aos constantes pedidos de autógrafos. Como gosta de ir às sessões rotineiras de cinema para poder estudar as reacções dos espectadores, inventa personagens. Numa entrevista Eastwood refere, com a sua habitual ironia, os seus métodos de camuflagem: 'Disfarço-me quando vou ao cinema. Ponho um bigode e óculos e fico bem diferente. A partir do momento em que ponho um chapéu, óculos e bigode o meu QI desce 50 pontos e fico com apenas 5".

Edgar Pêra in "Hollywood: Estórias de Glamour e Miséria no Império do Cinema"

quinta-feira, 29 de maio de 2014

20 filmes de Buñuel

Para quem conhecer mais a fundo a obra ímpar de Luis Buñuel e não sabe por onde começar, aqui está uma boa oportunidade: o site "Taste of Cinema" elaborou uma lista com 20 filmes essenciais, por ordem crescente (sempre discutível, é certo) de interesse e de importância e com a respectiva sinopse da história e uma resenha crítica. Aqui.



quarta-feira, 28 de maio de 2014

"Trailers" ou "spoilers"?

Os "trailers" dos filmes não deviam ter mais do que um minuto ou um minuto e meio. Isto é, 60 ou 60 segundos. Com uma montagem habilidosa, é tempo mais do que suficiente para revelar ao espectador a essência do filme, sem desvendar pormenores da história ou mostrar cenas demasiado reveladoras. 
Mas a verdade é que continuam a existir "trailers" com dois minutos e até três minutos de duração. Acho que o realizadores ou produtores que apresentam estes "trailers" não têm pudor em mostrar a essência do filme e matam a expectativa do espectador. Ou seja, em vez de "trailers", funcionam como... "spoilers"! 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Vestir-se à James Dean

James Dean só entrou em três filmes durante a sua curta vida. O último foi "Gigante" (1956) de George Stevens. Nesse filme Dean interpretava um jovem ambicioso e magnata do petróleo. O actor vestia-se à cowboy, mas era um cowboy ligeiramente mais sofisticado do que o que conhecemos da cultura americana do Western.
Esta imagem em baixo é de James Dean numa sessão do casting para o filme. O casaco ao lado é uma fiel reprodução do casaco original vestido pelo actor. Quem quiser comprá-lo e ter um look à James Dean terá de gastar mais de 700 dólares. Assim como as botas, as calças ou a camisa. 
Para ver outras peças de vestuário de James Dean à venda, carregar neste link.


O melhor cantor de sempre

Se alguém perguntar qual é o "maior cantor de sempre" baseado na elasticidade vocal, qual seria a resposta? Há dias circulou uma resposta possível: Axl Rose (Guns N' Roses), mas a verdade científica é outra: com base na capacidade vocal ("vocal range") conhecida dos cantores, o site UltimateGuitar.com elaborou uma lista dos melhores cantores no que à extensão vocal se refere. E no primeiro lugar está Mike Patton, vocalista extremamente versátil de bandas como Faith No More, Mr. Bungle, Tomahawk ou Mondo Cane - na imagem). Patton tem uma impressionante extensão vocal de 6 oitavas. Logo a seguir vem uma diva negra, Diamanda Galás com uma voz operática e só na quarta posição surge Axl Rose. 
 E cantores como Prince, Tom Waits, Jim Morrison, Nick Cave, entre dezenas de outros? Para saber tudo, clicar aqui.

sábado, 24 de maio de 2014

Discos que mudam uma vida #192

Beastie Boys - "Ill Communication" (1994 - há precisamente 20 anos)

Short Cutz para talentos emergentes



O Shortcutz Xpress Vila Real  é um evento (decorre em Vila Real) dedicado à divulgação de curtas-metragens de jovens realizadores e está aberto à recepção de candidaturas para a competição de curtas-metragens, incluída na programação mensal. 

As propostas devem obedecer a alguns critérios, nomeadamente:
- Terem sido produzidas nos últimos 3 anos; 
- Ter menos de 15 minutos de duração; 
- Disponibilidade por parte de pelo menos um membro para apresentar o projecto durante a sessão em que vai ser exibido (não é um factor de exclusão) 
- As curtas deverão ser disponibilizadas em formato .mp4 ou .mov, em 1280x720 HD ou superior; Numa fase inicial do projecto poderemos aceitar filmes com maior duração e data de produção mais antiga. 

O envio deve ser efectuado através de link Wetransfer para o mail shortcutzvilareal@gmail.com ou, em situações excepcionais, para o nosso endereço físico. Para mais informações, entrem em contacto connosco a partir da página Facebook ou mail acima indicado.

Jovens talentos: participem!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

David Lynch no espaço?

David Lynch foi convidado a realizar o filme "Regresso de Jedi" (1983) da saga Star Wars. Lynch recusou. Mas persiste a dúvida na mente dos cinéfilos: e se ele tivesse aceite? Como seria a versão de Lynch desta aventura intergaláctica? 
Talvez para responder a esta questão, um utilizador do Youtube criou um curioso trailer fictício que revela como poderia ter sido a versão de David Lynch (partindo da estética visual e temática do cinema do cineasta):

quarta-feira, 21 de maio de 2014

As influências artísticas no cinema

Não há artista que não sofra influências. Quem disser que não tem influências, directas ou indirectas, é um artistas intelectualmente desonesto. No cinema podem fazer-se muitas analogias mais ou menos óbvias que nos permitem afirmar que determinado realizador foi influenciado por outro determinado cineasta. É o exercício que o site Taste of Cinema fez: seleccionou 15 realizadores e indicou - explicando porquê - as respectivas influências estéticas. 
A título de exemplo: François Truffaut teve como mentor Jean Vigo; Michael Mann procura inspiração em Sam Peckinpah; ou Fritz Lang serviu como guia espiritual para Tim Burton.
Eis toda a informação neste link.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Um Holocausto Brasileiro


Acaba de ser editado em Portugal um livro de uma jornalista brasileira, Daniela Arbex, sobre um tema de grande perturbação social, histórica e psicológica: um genocídio de 60 mil brasileiros ocorrido durante décadas num... manicómio. Chama-se "Holocausto Brasileiro" e nele conta-se que milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colônia, em Barbacena (Minas Gerais), fundado em 1903. A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. 

Os internados  bebiam água do esgoto. Comiam ratos. Morriam ao frio e à fome. Eram exterminados com electrochoques tão fortes, que toda a cidade ficava sem luz, por sobrecarga da rede. Os bebés eram roubados às mães logo à nascença. Nos períodos de maior lotação, morriam 16 pessoas por dia dentro dos muros do Colônia. Ao morrer, davam lucro. Os cadáveres eram vendidos às faculdades de medicina. Quando o número de corpos excedia a procura, eram decompostos em ácido, no pátio, diante dos pacientes. Os ossos eram comercializados. Nada ali se perdia. Excepto a vida. O hospício de Colônia só foi transformado em verdadeiro Centro Hospitalar Psiquiátrico em 1980. 

Em "Holocausto Brasileiro", a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Eis um testemunho em vídeo da jornalista explicando o conteúdo do livro.

Sobre este fenómeno macabro existe um documentário intitulado "Em Nome da Razão" (1979) de Helvécio Ratton. Neste curto filme podem ver-se imagens duras das crianças, jovens, adultos e velhos que viviam em condições miseráveis naquele infame manicómio. Há também testemunhos de familiares de doentes:

domingo, 18 de maio de 2014

A lista de Woody Allen

É sabido que Woody Allen sempre manifestou grande paixão pelo cinema europeu, não só como espectador, mas também enquanto realizador. Daí que não espante que nos seus 10 filmes preferidos de sempre apenas constem dois títulos do cinema norte-americano (Welles e Kubrick). 
Outros aspecto curioso é que Allen não escolheu nenhum filme de comédia (Chaplin, irmãos Marx ou Keaton, suas referências inevitáveis).






Sem nenhuma ordem em particular:

"The 400 Blows" (François Truffaut, 1959)
"8½" (Federico Fellini, 1963)
"Amarcord" (Federico Fellini, 1972)
"The Bicycle Thieves" (Vittorio de Sica, 1948)
"Citizen Kane" (Orson Welles, 1941)
"The Discreet Charm of the Bourgeoisie" (Luis Buñuel, 1972)
"La Grand Illusion" (Jean Renoir, 1937)
"Paths of Glory" (Stanley Kubrick, 1957)
"Rashomon" (Akira Kurosawa, 1950)
"The Seventh Seal" (Ingmar Bergman, 1957)

sábado, 17 de maio de 2014

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Três dos grandes

Três dos meus realizadores preferidos têm muita coisa em comum: são da mesma geração, têm grande talento para o cinema, partilham um olhar intenso e penteados parecidos (muito cool!): David Lynch, David Cronenberg e Jim Jarmusch.

terça-feira, 13 de maio de 2014

No tempo do VHS

As gerações mais novas já não saberão o que eram as cassetes VHS: caixas grandes com fitas analógicas frágeis que se gravavam (ou compravam) e facilmente ocupavam espaço nas prateleiras. Com a mesma facilidade se estragavam, ou a fita encrava no leitor ou, simplesmente, partia. No tempo das cassetes VHS havia uma certa mitologia à volta de filmes bizarros. E a bizarria começava logo no grafismo das capas das cassetes - de um gosto completamente kitsch e datado. 
Eis algumas provas de capas de VHS cujos filmes ninguém quer saber:



segunda-feira, 12 de maio de 2014

Estórias e Misérias de Hollywood #5

"Filmar até que a morte nos separe: enquanto certos actores arriscam a vida para representar, outros filmam até morrer, como medo de parar e definhar, determinados a desempenharem o papel de artistas até ao fim. Durante as rodagens do seu último filme - The Dead - (1987) John Huston, que sofria de enfisema pulmonar, dirigiu a equipa sentado numa cadeira de rodas, respirando por uma máscara ligada a um tanque de oxigénio."

Edgar Pêra in "Hollywood: Estórias de Glamour e Miséria no Império do Cinema"

sábado, 10 de maio de 2014

O regresso em grande dos Swans



Maquinal e tribal; arrebatadora e intempestiva; obsessiva e impactante. Eis alguns dos adjectivos para descrever a música dos Swans. Banda veterana liderada pelo carismático Michael Gira. 
Depois de um estonteante álbum editado em 2012 - "The Seer" - os Swans regressam à carga com um novo e duplo álbum, "To Be Kind" (candidato a disco do ano), do qual faz parte este hipnótico e frenético "Oxigen":
Para ouvir em streaming o álbum na íntegra abrir aqui.
Entretanto, a grande notícia é o regresso dos Swans a Portugal (depois de terem actuado há um ano no Festival Primavera Sound). Será no dia 4 de Outubro no Hard Club do Porto, no âmbito do festival Amplifest. 

Eis o que diz o (elucidativo) press release: 

Seja pelas marchas lentas, bárbaras e sufocantes dos seus primórdios industriais, pelo opressivo folk-rock dos discos da década de noventa ou pelas esmagadoras orquestrações dos trabalhos posteriores à reactivação da banda em 2010, não há como negar que os Swans são uma entidade sem paralelo na história da música. Capitaneados pela mente intempestiva de Michael Gira, que em palco conduz a banda como um maestro possuído por uma energia superior e desconhecida, e com o novo disco To Be Kind ainda a ferver-lhes nas mãos, os Swans soltarão a sua majestosa força sobre o palco do Amplifest. Um concerto dos Swans assemelha-se a uma centena de comboios desgovernados a atravessar-nos o corpo num êxtase latejante – e em Outubro o Hard Club será a estação de partida.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A nostalgia dos bilhetes de cinema

Durante anos, por aí entre 1990 e 1995, mantive uma mania peculiar (ou talvez nem tanto): a de guardar todos os bilhetes de cinema. Era uma altura em que ia, frenética e religiosamente, todas as semanas ao cinema, numa altura em que ver cinema se restringia a ver um único filme em cartaz durante toda uma semana (agora estreiam 8 ou 10 filmes por semana). Entrar na sala de escura era um ritual.
Via tudo: os filmes maus, medianos, bons e muito bons. Tinha o gosto pelo ambiente da sala de cinema e foram anos de progressiva aprendizagem (também por causa do cultura de videoclube e dos bons filmes que passavam na televisão) que contribuíram para a minha formação como cinéfilo.

Nesses anos, ainda sem euros, uma ida ao cinema custava 300 escudos (1,5€). Por vezes também assistia às sessões alternativas da meia-noite ao fim-de-semana; não só era mais barato como via grandes filmes clássicos e de autor. Mas na verdade, como só existia uma sala de cinema na minha cidade com um único filme em cartaz durante vários dias, chegava a ir duas e até três vezes ao cinema quando os filmes eram realmente muito bons (com destaque para obras de Scorsese, Coppola, Lynch...).
Regressando aos bilhetes: para além de os guardar, escrevia nas costas dos mesmos (como se comprova na imagem), as seguintes informações: título e data do visionamento do filme e classificação pessoal. Ou seja, atribuía as famosas estrelinhas a cada filme visionado, não fosse esquecer-me, anos mais tarde, se o filme que tinha visto era bom, mediano ou mau. Ainda hoje tenho guardado com nostalgia as centenas de bilhetes correspondentes a outras tantas sessões de cinema.

A título de curiosidade, eis alguns exemplos retirados ao acaso:

(Filme / Data / Classificação pessoal):

"Um Coração Selvagem" - 27/07/1991 - *****
"Família Adams" - 20/12/1993 - **
"A Idade da Inocência" - 16/04/1994 - *****
"A Lista de Schindler" - 10/05/1994 - ****
"A Fogueira das Vaidades" - 10/05/1991 - **
"A Casa da Rússia" - 22/04/1991 - ***
"Goodfellas" - 25/01/1991 - *****
"O Padrinho 3" - 22/03/1991 - *****
"Predador 2" - 26/04/1991 - *
"Eduardo Mãos de Tesoura" - 28/06/1991 - ****
"Instinto Fatal" - 18/10/1992 - **
"Uma Questão de Honra" - 9/01/1993 - **
"O Silêncio dos Inocentes" - 1/011/1991 - *****
"Thelma & Louise" - 23/11/1991 - ***
"Um Coração Selvagem" - 28/07/1991 - *****

sábado, 3 de maio de 2014

Vestuário Shining

Para os fãs verdadeiramente obcecados (que os há!) do filme "The Shining" (1980) de Stanley Kubrick, eis uma proposta irrecusável de vestuário para o próximo inverno (tendo como base o padrão da carpete do Overlook Hotel):




quinta-feira, 1 de maio de 2014

5 Perguntas

O Jorge Teixeira, autor do blogue de cinema "Caminho Largo", desafiou-me a responder à rubrica "À Boleia". Cinco perguntas cirúrgicas sobre o meu entendimento do cinema, às quais respondi desta forma.