"The Truman Show" (1998) de Peter Weir mostrava uma gigantesca produção televisiva em formato reality show acerca da vida de um homem comum inserido num mundo totalmente fabricado e fictício. Truman Burbank (Jim Carrey) vivia uma vida repetitiva, monótona, quase igual dia após dia: os mesmos rituais, as mesmas situações quotidianas, os mesmos cenários existenciais, em suma, uma vida votada à total ausência de surpresa, de liberdade e de espontaneidade. Todos o sabiam, só ele desconhecia essa tenebrosa montagem mediática.
O filme remete para diversas questões de ordem filosófica e sociológica: o poder manipulador dos media na sociedade contemporânea; a "alegoria da caverna" de Platão; o sentido de liberdade do indivíduo; a teoria distópica ("1984") de George Orwell; a dicotomia entre "realidade" e "simulacro" de Jean Baudrillard, conotações religiosas, teoria dos "universos paralelos", etc. O filme de Peter Weir até originou um síndrome psiquiátrico designado "Síndrome de Truman" (conceito do psiquiatra Joel Gold), aplicado a doentes mentais que sofrem de delírios esquizofrénicos como o de pensar que a sua vida é, de facto, um reality show.
Eu próprio, que me julgo racionalmente saudável, penso às vezes que a minha vida faz parte de uma "realidade de simulacro", manipulada por uma força superior que me obriga a cumprir repetidamente os mesmos rituais, os mesmos gestos quotidianos, numa espiral vivencial pré-programada onde a minha liberdade é fortemente condicionada. Sim, este conceito também remete para o universo original de "Matrix".
Pensando bem, talvez seja bom marcar uma consulta com o dr. Joel Gold...
Pensando bem, talvez seja bom marcar uma consulta com o dr. Joel Gold...
2 comentários:
Excelente post.
(Acho que estou a ser observado)
Luís Santos...
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