É a cena mais 'felliniana' do cinema austero de Béla Tarr. Tem apenas um minuto e passa-se no belíssimo filme "O Homem de Londres" (2007): um pai e uma filha estão ao balcão de um bar. De fundo ouve-se música de um acordeão. O espetador não sabe de onde vem. O pai e a filha saem do bar e a câmara move-se até ficar num plano fixo que mostra, com surpresa, que o isntrumento que se julgava ser apenas "soundtrack" é, afinal, visível no ecrã por uma tocadora de acordeão. Mas não é tudo.
A cena é 'felliniana' porque mostra sobretudo dois homens a dançar de forma quase circense. Um, equilibrando uma bola de bilhar no nariz e o outro com uma cadeira nas mãos a dançar. Todo este magnífico momento (movimento de câmara, música de acordeão e os velhos a dançar) é revelador do imenso talento visual e estético do realizador húngaro (e algum cinéfilo que teve a mesma feliz percepção publicou esta sequência no Youtube).
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