domingo, 15 de março de 2015

A educação do meu gosto - 1

A educação do meu gosto - Cinema



Somos o que somos e gostamos do que gostamos porque estivemos sob influências de determinadas condicionantes. Ou como diria Ortega y Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância”.  

Durante a minha adolescência gostava de filmes do Rambo e filmes de acção em geral. Mas também nessa altura comecei a ver filmes clássicos na televisão (RTP2), épicos históricos, de gangsters e westerns. A televisão espanhola passava aos sábados à tarde grandes filmes clássicos de Hollywood que via com sofreguidão. Um dia, numa noite num bar da minha cidade encontrei-me com um amigo mais velho. Um amigo com uma cultura vasta e de qualidade. Começámos a falar de cinema e fixei para sempre uma frase que me disse: “Tens de conhecer o cinema de Andrei Tarkovski, é um cinema metafísico de grande exigência estética”. Nunca tinha ouvido falar do cineasta russo mas fiquei altamente motivado para tal. Numa época sem internet e poucas enciclopédias disponíveis, lá procurei por esse Tarkovski. Até que um outro amigo, estudante de Comunicação Social, me gravou uma cassete VHS com o filme “Stalker” (na imagem). Vi-o nessa mesma noite e quase não consegui dormir atormentado por tantas interrogações que o filme me suscitou.

A descoberta de Tarkovski foi, certamente, o início da minha formação de gosto pelo bom cinema. A partir daí comecei a ler religiosamente as críticas de cinema nos jornais e revistas, os catálogos da Cinemateca, a procurar todos os livros sobre cinema da biblioteca pública e a conhecer cada vez mais a história do cinema desde as suas origens. Ou seja, o gatilho que me despertou para o cinema de qualidade foi o encontro com esse amigo num bar em finais dos anos 80. 
Obrigado, António.

1 comentário:

Anónimo disse...

A frase inicial lembrou-me aquela citação de Sartre: somos aquilo que fazemos com o que fizeram de nós.