No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental da Escola Superior de Saúde de Viseu, fui convidado a dissertar sobre a relação entre o
cinema e a saúde mental. Aceitei o desafio como aceitei, há três anos, dissertar sobre o suicídio e o cinema (ver
aqui) num simpósio sobre o tema. O título que escolhi:
"A Psique Cinematográfica: A Saúde Mental Representada no Cinema".
Foi um bom desafio que me obrigou a ver (ou rever) uma série de filmes e a investigar literatura especializada. Após elaborar uma pré-selecção de 60 filmes, reduzi a apresentação para 35
títulos que me pareceram absolutamente incontornáveis. Dois critérios essenciais serviram para essa selecção: a
qualidade cinematográfica/artística de cada filme escolhido e a
relevância temática.
Cheguei à conclusão que os distúrbios mentais mais frequentes abordados pelo cinema são: múltiplas
formas de esquizofrenia, paranóia, transtorno obsessivo-compulsivo,
comportamentos psicóticos, psicose maníaco-depressiva, transtorno
bipolar, transtorno dissociativo de personalidade, etc.
A minha apresentação na Escola Superior de Cinema decorreu no dia 8 deste mês num auditório com 200 lugares lotados com estudantes de saúde mental, professores, enfermeiros, psicólogos e psiquiatras. Mostrei uma apresentação visual na qual constavam o título do filme, o realizador, o ano de produção e uma imagem ilustrativa (como estas duas que ilustram este post:
"Shock Corridor" de Samuel Fuller e
"Spider" de David Cronenberg). Depois ia dissertando sobre cada filme...
No final apresentei uma bibliografia especializada: cinema como terapia, loucura e cinema, psiquiatria e filmes, etc. Já não houve tempo para debate com a assistência.
Para dar o mote ao início da prelecção citei uma frase de uma personagem do filme
“Grand Canyon” (1991) de Lawrence Kasdan:
“Se estás com problemas vai ao cinema. Os filmes têm a resposta para todos os problemas da vida.”
Os filmes foram citados por ordem cronológica.
"O Gabinete do Dr. Caligari” (1920) – Robert Wiene
“A Page of Madness” (1926) – Teinosuke Kinugasa
“Un Chien Andalou” (1929) – Luis Buñuel
“M - Matou” (1931) – Fritz Lang
“Spellbound” (1945) – Alfred Hitchcock
“The Snake Pit” (1948) – Anatole Litvak
“Él – O Alucinado” (1952) – Luis Buñuel
“As Três Faces de Eva” (1957) – Nunnally Johnson
“Psycho” (1960) – Alfred Hitchcock
“David e Lisa” (1962) – Frank Perry
“Shock Corridor” (1963) – Samuel Fuller
“Fogo Fátuo” (1963) – Louis Malle
“Repulsa” (1965) – Roman Polanski
"Persona" (1966) - Ingmar Bergman
“Uma Mulher Sob Influência” (1974) – John Cassavetes
“Jaime” (1974) – António Reis
“Voando Sobre um Ninho de Cucos” (1976) – Milos Forman
“Eraserhead” (1977) – David Lynch
“The Shining” (1980) – Stanley Kubrick
“Nostalgia” (1983) – Andrei Tarkovsky
“Misery” (1990) – Bob Reiner
“Despertares” (1990) – Penny Marshall
“Garota, Interrompida” (1999) – James Mangold
“Uma Mente Brilhante” (2001) – Ron Howard
“K-Pax” (2001) – Iain Softley
“As Horas” (2002) – Stephen Daldry
“Spider” (2002) – David Cronenberg
“O Aviador” (2004) – Martin Scorsese
“O Maquinsta” (2004) – Brad Anderson
“Loucuras de um Génio” (Doc, 2005) – Jeff Feuerzeig
“Bug” (2006) – Wiliam Friedkin
“Cisne Negro” (2010) – Darren Aronofsky
“Take Shelter” (2011) – Jeff Nichols
“Alive Inside” (Doc, 2013) – Michael Rossato-Bennett
“Pára-me De Repente o Pensamento” (Doc, 2014) – Jorge Pelicano
“Esta é a Minha Casa” (Doc, 2014) – Pedro Renca
“Birdman” (2014) – Alejandro Gonzalez Iñárritu