sexta-feira, 13 de junho de 2008

Naked City - o prazer dos extremos


Naked City - "Naked City" (1989)

Uma das maiores bandas de vanguarda que já pisou o planeta: John Zorn - saxofone; Bill Frisell - guitarra; Fred Frith - baixo; Joey Baron - bateria; Wayne Horvitz - teclado; Yamatsuka Eye - voz. "Naked City", nome retirado de um filme negro com o mesmo título de Jules Dassin (1948), é um espantoso disco que tritura os mais distintos géneros musicais e explora as mais extremas experiências auditivas. Houve poucos discos desta natureza feitos ao longo da história da música. Há músicas que duram 8 ou 12 segundos. Há músicas que duram 30 ou 40 segundos mas que mudam de sensibilidade sonora a cada dois ou três segundos. Não havia limites para superar barreiras e convenções. Apenas a criatividade febril era o limite. Como referiu John Zorn (que na altura se apresentava ao vivo com uma t-shirt dos Napalm Death), não se tratava de um projecto musical de fusão, dado que não havia fusão no sentido literal. Havia antes junções de estilo, explosões sónicas, confronto de ritmos e ambientes - do death metal à música hawaiana; do jazz ao country; do easy-listening ao blues. O bizarro, a violência gráfica, a provocação, a estética do choque, a escatologia e o sadomasoquismo eram temas recorrentes no trabalho dos Naked City ("Torture Garden" documenta esse universo sombrio da alma humana). Os Naked City eram formados por músicos de superior qualidade musical (todos militavam em grupos de jazz ou rock de vanguarda) e ao vivo conseguiam, para espanto do público, reproduzir ao milímetro (ao segundo!) toda a complexidade sónica efervescente dos discos. Memorável.

2 comentários:

Anónimo disse...

Para além do álbum de estreia - o meu favorito dos Naked City -, uma das coisas que nunca mais esqueci foi o fabuloso concerto que deram no Forum Picoas.

O Caderno Negro disse...

Brilhante.

Strange Little G.