Um dos filmes que mais ansiosamente quero ver estreia em Portugal no dia 8 e Janeiro de 2009. Chama-se "A Onda" e é realizador pelo alemão Dennis Gansel. É um regresso cinematográfico à memória histórica recente da Alemanha e dos seus traumas decorrentes da 2ª Guerra Mundial. Depois do confronto directo que foram os filmes "A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich" e de "A Vida dos Outros", um cineasta alemão volta a colocar o dedo na ferida ainda aberta da Alemanha Nazi.
A história do filme começa numa sala de aula: um professor do ensino secundário faz esta pergunta aos seus alunos: "acham que seria possível voltar a haver uma ditadura na Alemanha?", ao que os alunos respondem: "não, nem pensar, somos demasiado educados para que isso acontecesse". Será mesmo? Para provar que a manipulação da vontade humana e das mentes é mais fácil do que eles (os alunos) julgam, o professor promove uma experiência de uma semana na qual subjugará os alunos à sua forte liderança e férrea disciplina (quase militar). Os alunos formam o grupo "A Onda" com base na máxima "O Poder pela Disciplina" que irá varrer a cidade com violência e rastos de simbologia vagamente neo-nazi.
Os alunos não só aderem à experiência com total obediência, como as consequências se tornam, imprevisivelmente, violentas e assustadoras. O realizador Dennis Gansel disse numa entrevista que a natureza humana está programada a seguir, sem questionar, os ditames ditatoriais de um líder com forte carisma e personalidade. Onde já ouvimos isto?
No fundo, o filme "A Onda" comprova que um líder profundamente carismático pode conseguir manipular a vontade de um grupo mais vulnerável, sob determinadas circunstâncias e directrizes comportamentais. O caso deu-se numa micro-sociedade que é uma turma de alunos, mas no fundo, representa um exemplo do que pode acontecer na sociedade de massas. A possibilidade de uma ditadura em pequena escala, um nazismo sem ideologia, autoritarismo civil. A distopia de Aldous Huxley aplicada a uma turma de estudantes.
O caso não teria tido grande relevância nem teria suscitado tanta controvérsia pública (debates com políticos, educadores e sociólogos) se os acontecimentos retratados no filme não fossem baseados... numa história verídica!
Veja-se o magnífico e electrizante trailer: