segunda-feira, 29 de junho de 2015

Dalí e Harpo

Imagem pouco conhecida: o encontro entre o pintor Salvador Dalí e Harpo Marx. Dalí era um grande admirador do humor subversivo dos Irmãos Marx e simpatizava em especial com Harpo Marx (que era "mudo" e tocava harpa). Em 1937 encontraram-se a propósito de uma entrevista para a revista Harper Bazaar. 

Eis o que escreveu Salvador Dalí sobre Harpo: 
“I met Harpo for the first time in his garden. He was naked, crowned with roses, and in the center of a veritable forest of harps (he was surrounded by at least five hundred harps). He was caressing, like a new Leda, a dazzling white swan, and feeding it a statue of the Venus de Milo made of cheese, which he grated against the strings of the nearest harp. An almost springlike breeze drew a curious murmur from the harp forest. In Harpo’s pupils glows the same spectral light to be observed in Picasso’s.”

sábado, 27 de junho de 2015

Joy Division com site oficial

Finalmente está online o site oficial dos Joy Division com toda a informação que é preciso saber. Um site com design belo, eficaz e carismático. Como a música da banda de Manchester.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

terça-feira, 23 de junho de 2015

Cinema e arquitectura

Relacionar a estética de um realizador de cinema com a arquitectura não é algo assim muito óbvio. Mas depois de pensar um pouco e perceber que cada cineasta tem uma visão estética própria da vida urbana e da arquitectura, percebemos que essa relação é mais fácil de estabelecer.
Foi o que certamente pensou Federico Babina, designer e autor das maravilhosas criações em baixo: imagens de casas segundo o ponto de vista do imaginário plástico de cada cineasta. Ou seja, a casa imaginária segundo a perspectiva do cinema (e do mundo) de cada um dos cineastas. Quem conhecer bem os realizadores perceberá a relação visual com o estilo arquitectónico de cada casa.



Há mais exemplos aqui.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Truffaut e Cleese

Duas boas sugestões de leitura para cinéfilos em tempo de férias: "Os Filmes da Minha Vida" de François Truffaut e "Ora, Como eu Dizia..." de John Cleese. O primeiro é a edição portuguesa (finalmente!) de um clássico da crítica cinematográfica de Truffaut nos tempos em que escrevia para a seminal revista Cahiers du Cinéma. Um compêndio de textos críticos das décadas de 50, 60 e 70 sobre os grandes clássicos de Hollywood, do cinema europeu e em especial da Nouvelle Vague.
O segundo livro é do icónico John Cleese, elemento central do colectivo de humor anárquico Monty Python, numa autobiografia certamente divertida e entusiasmante (com prefácio do fã Ricardo Araújo Pereira).


sábado, 20 de junho de 2015

O que diz Tarkovski #21

"O factor dominante e todo poderoso da imagem cinematográfica é o ritmo, que expressa o fluxo do tempo no interior do fotograma. É impossível conceber uma obra cinematográfica sem a sensação de tempo fluindo através de cada plano."

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A morte de Mozart

Neste meu post sobre os filmes que me provocaram lágrimas de emoção esqueci-me de uma sequência que mais comoção me provocou numa sala de cinema: a sequência da morte de Amadeus Mozart no filme "Amadeus" (1984) de Milos Forman. Há um comentário no Youtube que resume bem o impacto desta sequência: "If you watch this movie and don't get teared up at this scene...then you're surely made of stone." É realmente verdade: o filme magistral de Forman sobre a vida de Mozart termina com esta fabulosa sequência que, em três minutos e meio, sem diálogos, se revela a morte e funeral do génio da música clássica. Toda a sequência é acompanhada por uma das mais impressionantes composições musicais jamais escritas pelo ser humano: "Lacrimosa", o trecho musical mais dramático do "Requiem" de Mozart. 

Com a recente morte do meu pai voltei a ouvir a obra final de Mozart, uma obra de um fulgor musical e de uma elevação espiritual a toda a prova. E revi esta sequência do filme de Milos Forman. E no final voltei a verter lágrimas de emoção... porque não sou "feito de pedra".

segunda-feira, 15 de junho de 2015

De Profundis

Música de total elevação espiritual, música das profundezas, música das entranhas da alma, música que nos questiona interiormente, música que elimina o pecado e supera a culpa, música pura, música metafísica, música física, música terrena, música transcendente, música do homem, música de Deus, música religiosa, música pagã, música ritual, música onírica, bela, onírica, ofegante, onírica, onírica, ofegante, música, música bela: Arvo Pärt

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O top de Jarmusch

Jim Jarmusch (62 anos) é um cineasta norte-americano de culto autor de obras como "Dead Man" (1995), "Stranger Than Paradise" (1984) ou "Coffee and Cigarettes" (2003). Filma quase sempre a preto e branco com orçamentos limitados, colaborou com os músicos Tom Waits ou John Lurie e os seus filmes são produções do circuito independente. 

A lista que se segue revela os 10 filmes favoritos de Jarmusch: só grandes filmes notoriamente de um cinéfilo amante de bom cinema - todo ele a preto e branco e o mais recente de 1967.

1. L’Atalante (1934, Jean Vigo)
2. Tokyo Story (1953, Yasujiro Ozu)
3. They Live by Night (1949, Nicholas Ray)
4. Bob le Flambeur (1955, Jean-Pierre Melville)
5. Sunrise (1927, F.W. Murnau) 
6. The Cameraman (1928, Buster Keaton)
7. Mouchette (1967, Robert Bresson)
8. Seven Samurai (1954, Akira Kurosawa)
9. Broken Blossoms (1919, D.W. Griffith)
10. Rome, Open City (1945, Roberto Rossellini)

domingo, 7 de junho de 2015

O meu pai

Custa tanto dizer isto: o meu pai morreu. 
Um pai nunca devia morrer tão cedo, devia haver uma lei que obrigasse os pais a viverem até aos 120 anos, com saúde e lucidez. Mas o meu querido pai morreu e deixou-me profundamente desolado e desorientado. Um pai dedicado e um avô extremoso como nunca conheci. 
Gostava que Terrence Malick, com a sua veia poética, fizesse um filme sobre o meu pai. Seria um filme belo, sensível e onírico. Enquanto Malick não faz um filme sobre o meu pai, deixo aqui uma singela homenagem com a música e letra que o poeta Allen Ginsberg escreveu sobre a morte de seu pai. Uma música que já me comovia antes do meu pai morrer (agora ainda mais):
   
Hey Father Death, I'm flying home 
Hey poor man, you're all alone 
Hey old daddy, I know where I'm going 

Father Death, Don't cry any more 
Mama's there, underneath the floor 
Brother Death, please mind the store 

Old Aunty Death Don't hide your bones 
Old Uncle Death I hear your groans 
O Sister Death how sweet your moans 

O Children Deaths go breathe your breaths 
Sobbing breasts'll ease your 
Deaths Pain is gone, tears take the rest 

Genius Death your art is done 
Lover Death your body's gone 
Father Death I'm coming home 

Guru Death your words are true 
Teacher Death I do thank you 
For inspiring me to sing this Blues 

Buddha Death, I wake with you Dharma 
Death, your mind is new Sangha 
Death, we'll work it through 

Suffering is what was born 
Ignorance made me forlorn 
Tearful truths I cannot scorn 

Father Breath once more farewell 
Birth you gave was no thing ill 
My heart is still, as time will tell. 

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PS - O blogue vai ficar inactivo os próximos dias até a minha mente e o meu coração ficarem mais libertos de dor.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O conhecimento segundo Kevin


Há quase dois mil anos, a maior biblioteca do mundo - a de Alexandria no antigo Egipto continha num só edifício todos os livros de ciência, arte, matemática, cultura, política produzidos naquele tempo. Ou seja, reunia a totalidade dos conhecimentos da Humanidade. No seu momento alto, a Grande Biblioteca de Alexandria chegou a acumular mais de meio milhão de documentos. Proporcionalmente, a Biblioteca de Alexandria tinha mais livros e documentos do que muitas  das maiores bibliotecas da actualidade. Isto apesar do facto de os conhecimentos humanos serem agora infinitamente mais vastos do que na Antiguidade.

Talvez levado pelo ideal de reunir todo o conhecimento humano produzido até hoje, o co-fundador da revista Wired (importante revista de ciência, cultura e tecnologia), Kevin Kelly, (na imagem) quis saber o volume e dimensão do conhecimento humano. Ou seja, quantificou (se isso é possível), grosso modo, a acumulação de conhecimentos humanos nos diversos formatos e suportes até aos dias de hoje.

Não sei como fez as contas, mas os resultados que apresentou foram estes: ao longo da história da Humanidade os seres humanos publicaram/criaram até à data:

- Trinta e dois milhões de livros.
- Setecentos e cinquenta milhões de artigos e ensaios.
- Vinte e cinco milhões de canções.
- Quinhentos milhões de imagens.
- Quinhentos mil filmes.
- Três milhões de vídeos, programas televisivos e curtas-metragens.
- Cem mil milhões de páginas na internet.

A maior parte desta explosão de conhecimentos e informação aconteceu na última metade do século XX e primeira década do século XXI. Kevin Kelly refere, por último, que o conjunto de conhecimentos humanos tem sido produzido a uma tal alta velocidade e quantidade que esse mesmo conhecimento duplica de cinco em cinco anos. E visto que esta estimativa foi feita há mais de dois anos, é mais do que certo que estes dados estão, e muito, desactualizados. Kevin Kelly é um guru da cibercultura e quando arriscou fazer esta estimativa referia-se ao facto do conceito da Biblioteca de Alexandria poder ser convertida numa colossal biblioteca... virtual.

Isto porque empresas como a Google e algumas da maiores universidades do mundo como Harvard, Oxford ou Stanford, têm um projecto comum de digitalização de livros e documentos, no sentido de criar a maior biblioteca universal de conhecimentos e cultura jamais sonhada. As intenções podem ser boas, mas este projecto hercúleo e de dimensões épicas arrisca-se a nunca ser concluído, dada a torrente colossal de informação produzida diariamente em todo o mundo.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

"The Grand Overlook Hotel"

O que têm em comum os filmes "The Shining" de Stanley Kubrick e "The Grand Budapest Hotel" de Wes Anderson? Talvez o facto de ambos se passarem em hotéis (O filme de Kubrick no Overlook Hotel). Mas há mais do que isso. Pelo menos é o que pensa Steve Ramsden que fez uma brilhante montagem dos dois filmes como se fossem um só. Segundo o autor, os filmes de Anderson e Kubrick têm vários pontos em comum, nomeadamente os ambientes, a mise-en-scène e a realização (planos). 

E assim surgiu o falso trailer de "The Grand Overlook Hotel", um delicioso e muito verosímil trailer onde tudo encaixa como se fosse um filme único: diálogos e imagens num só. É este o poder da montagem.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mad Max: um blockbuster a ver



Há muito tempo que não ia ao cinema ver um blockbuster. Sinto que é uma perda de tempo quando há tantos filmes bons para ver. Os blockbusters realmente bons de entretenimento de qualidade que me lembro de ter gostado foram "Exterminador 2", "Parque Jurássico", as trilogias "Back to The Future" "O Senhor dos Anéis", os primeiros "Matrix" e Die Hard" e "A Origem". 

Dadas as críticas altamente elogiosos a "Mad Max: Fury Road" lá fui comprovar para tirar as minhas próprias conclusões. Em tempos vi a primeira trilogia e tinha gostado essencialmente do ambiente pós-apocalíptico do primeiro (com Mel Gibson). O espantoso no novo "Mad Max" é que o realizador George Miller ultrapassou toda a carga imagética da saga e elevou-a a um novo patamar de exigência estética: todo o filme é um épico visual impressionante com uma fotografia esplendorosa e planos do deserto que quase fazem lembrar a grandeza natural de Monument Valley dos filmes de John Ford. A realização é portentosa e a acção absolutamente frenética, caótica e brutal (acção real, praticamente sem efeitos especiais digitais). O trabalho de montagem é demencial e não dá descanso visual ao espectador.

A música potente de Junkie XL e a sonoplastia são avassaladoras, acentuando de forma exponencial a violência, o drama e a acção. A direcção artística é magnífica, desde a construção surreal dos carros, aos cenários naturais, aos adereços, ao guarda-roupa e à maquilhagem dos personagens. E depois há a diva Charlize Theron, sempre com forte presença e carisma (mesmo só com um braço).

Este é daqueles filmes que ganha claramente em ser visionado numa sala de cinema. Merece ser experienciado num grande ecrã (2D ou 3D) e com o som de alta potência. Em suma, um filme de entretenimento de qualidade artística superior.