terça-feira, 17 de novembro de 2009

O universo de Tim Burton em exposição

Já havia 1489 razões para visitar Nova Iorque. Mas agora há mais uma e de peso: a monumental exposição retrospectiva do trabalho criativo do realizador Tim Burton, patente no prestigiado Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA). A exposição apresenta um impressionante número de 700 obras - desenhos, fotografias, livros, pinturas, filmes e objectos - que Tim Burton fez ao longo da sua já considerável carreira (desde os tempos em que trabalhou como simples animador da Disney, no início dos anos 80, até à actualidade).
Em suma: a fantasia e os pesadelos do visionário Tim Burton em exposição - 1490ª razão que faltava para visitar a "Grande Maçã".



Discos que mudam uma vida - 82


Underworld - "Second Toughest in the Infants" (1996)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Shh... Não digas quem é o assassino

A excelência de Tom Waits

Tom Waits editou em 1988 o filme "Big Time" (1988) que é, basicamente, a gravação de um concerto ao vivo dado pelo músico americano. É um fabuloso documento audiovisual de uma das melhores fases criativas de Tom Waits. Todos os temas são superiormente interpretados, naquele misto de atitude excessiva e de loucura genial que sempre caracterizou o talentoso trabalho de Waits ao longo dos anos.
Esta recriação do clássico "Rain Dogs" é de arrepiar. É Tom Waits no máximo esplendor das suas capacidades interpretativas (é preciso ver até ao fim para perceber). Teria doado um rim para poder assistir a este momento mágico (as hipérboles servem para dizer coisas destas).

domingo, 15 de novembro de 2009

Os maus-bons filmes


Música suína?


Em 2001, o músico britânico Matthew Herbert gravou um disco de música electrónica (bom, por sinal) chamado "Bodily Functions", baseado em samples de sons produzidos pelo corpo humano; em 2006, utilizou mais de 600 objectos que produziam sons de caixas de cereais no álbum "Scale". Agora, Herbert volta à carga com um novo disco que já está a causar controvérsia. Matthew Herbert quer criar um porco para o abater e depois construir flautas com os respectivos ossos do animal. Será que Herbert quer regressar ao primitivismo do homem pré-histórico, quando este fazia música com ossos de animais? Quererá Herbert criar um novo género musical - "música suína"? Se for essa a perspectiva, esta ideia do músico já nem sequer é inédita. Além do mais, nos anos 80, lembro-me de ouvir um disco experimental (creio que dos Zoviet France) que, constava-se, tinha sido feito com base em percussões e sons obtidos de... ossos humanos.
Seja como for, parece que as associações de defesa dos animais ainda não se pronunciaram sobre esta intenção de Herbert. E na página da revista Blitz onde li esta notícia, há um comentário de um leitor que resume aquilo que também passou pela minha mente: "Se ele (Herbert) fosse a Trás-os-Montes, na altura da matança, podia fazer uma ópera inteira."
Fica a sugestão.

sábado, 14 de novembro de 2009

Filmoterapia


Já li este livro há dois anos mas volta e meia regresso a ele com o mesmo prazer de descoberta. É um livro que trata o cinema de um forma bem diferente do habitual, que concebe a sétima arte como uma terapia. Aliás, o autor, Pedro Marta Santos, diz mesmo que se trata de uma filmoterapia: filmes clássicos e modernos, para todas as doenças e estados de espírito. Escrito de forma divertida (mas explorando o cinema como matéria bem séria), "Guia Terapêutico de Cinema" está talhado para curar doenças, indisposições ou estados de alma, receitando filmes como terapia para os mais variados sintomas e maleitas. Seja para curar insónias, para enfrentar problemas psíquicos, para usar como fonte de relaxamento, o guia sugere o uso de filmes (e indica o DVD certo) para - em doses bem medidas - enfrentar com sucesso as mais diversas eventualidades.
Jacques Tati está na categoria dos antidepressivos; Vincent Minelli na classe dos ansiolíticos (como antídotos estão Bergman ou Antonioni). É uma espécie de livro de auto-ajuda com recurso a uma estrutura que mima a literatura médica (receita, genéricos, subtância activa, dispensário…), é um guia imprescindível para todos os amantes de cinema. O autor sugere filmes para curar insónias, excessos, traumas de infância, dúvidas existenciais, problemas morais, depressões, ansiedade... E divulga listas improváveis como "Os dez Melhores Filmes com freiras", "Os dez Piores Filmes com padres e Transsexuais", "Filmes Para Ver na Cama em Noite Chuvosa de Inverno", "Filmes Que os Homens Gostam e Elas Fingem Que Gostam Para Lhes Agradar", etc
Cataloga mais de 2000 filmes - indicando a sua disponibilidade em DVD - em temas bastante originais: "Puro Vómito", "O sexo e a Idade", "De Fazer Chorar as Pedrinhas da Calçada", "filmes Que Dão Vontade de Praticar Exercício Físico", entre outras abordagens pouco heterodoxas.
Em suma: seja qual for o seu problema, não vá ao médico: leia este livro e veja filmes, muitos filmes.

A voz de Lisa Gerrard em novo disco


"The Black Opal" é o mais recente disco a solo de Lisa Gerrard, a magnética ex-cantora dos essenciais Dead Cand Dance. Do pouco que ouvi até agora, gostei sobremaneira, mas vai exigir novas audições para formar uma opinião mais consistente.
Para ouvir excertos dos temas do álbum, aqui, para aceder ao álbum, aqui.

Momentos e Imagens - 44


'Apocalypse Now' não é sobre o Vietname, é o próprio Vietname"
Francis Ford Coppola

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sozinho na sala escura


Há dias um amigo meu foi ao cinema ver o filme “Estado de Guerra” e foi o único espectador na sala (relatou o caso neste post). Nunca passei por tal experiência. Mas julgo que deve ser interessante estar sozinho numa sala escura a ver um filme, ainda que considere que nem todos os filmes sejam adequados para se verem sozinhos. Mas é preferível ver um filme sozinho - seja ele qual for - do que ser constantemente incomodado por adolescentes faladores e inveterados comedores de pipocas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A música do Dia da Ira

Na globalidade, prefiro o "Requiem" de Mozart (como referi aqui), obra-prima absoluta da história da música (tão bem retratada num grande filme, "Amadeus", de Milos Forman). No entanto, empolgo-me muito mais a ouvir o "Dies Irae" do "Requiem" do compositor italiano Giuseppe Verdi.
"Dies Irae" significa "Dia da Ira" e é uma importante secção estrutural de qualquer "Requiem". Verdi compôs um extraordinário "Dies Irae", ritmicamente vibrante, com harmonias bem orquestradas e intervenções instrumentais que quase exalam fogo (timbales, sopros, cordas e um possante coro). É um trecho musical de uma intensidade avassaladora. O exemplo a seguir não faz justiça a essa tremenda intensidade (fraca qualidade de som). Mas imaginem ouvir isto ao vivo com uma orquestra de 100 músicos e outros tantos cantores de coro. Ah, e com a entrega total da direcção da orquestra por parte do grande maestro Claudio Abbado.
Deve ser uma experiência "extrema".

Scorsese vai receber um Cecil B. DeMille


Curiosa coincidência: ontem publiquei um post com um diálogo do "Goodfellas" de Martin Scorsese e hoje é anunciado que o realizador italo-americano vai receber o prémio honorífico Cecil B. DeMille na 67ª edição dos Globos de Ouro, a realizar no dia 17 de Janeiro em Los Angeles. Merecidíssima condecoração, mais a mais, no ano em que Scorsese estreará o muito aguardado "Shutter Island".

Um Warhol na parede da sala


Em tempos de crise financeira, nada como investir no negócio de arte para afirmar um poder de compra milionário. Um coleccionador comprou ontem uma tela de Andy Warhol - "200 One Dollar Bills" (na imagem) - no valor de 43,76 milhões de dólares (29 milhões de euros) num leilão de arte contemporânea que decorreu ontem. Se eu tivesse este dinheiro, apesar de gostar de Warhol, não compraria esta tela. É que na minha sala ficaria melhor uma serigrafia de Marilyn Monroe, de Elvis Presley ou uma tela com as latas de sopa Campbell's.

A ambição


"As far back as I can remember, I always wanted to be a gangster. To me, being a gangster was better than being President of the United States."
Henry Hill (Ray Liotta) in "Goodfellas" (1990) - Martin Scorsese

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Música "extrema"


Afinal, o que significa música "extrema"? Para alguns, será a música mais inaudível possível, aquela que explora os domínios sonoros e estéticos mais ousados e radicais. Mas os conceitos podem ser relativos: Merzbow, o músico japonês mestre da "noise music" disse um dia: "Se as pessoas entendem a música "noise" como ruído inaudível, então para mim a música pop é ruído inaudível".
Sempre considerei música extrema a música mais abrasiva, agressiva, intensa e ruidosa (numa conotação esteticamente noise), como as sonoridades conotadas com a música industrial (Throbbing Gristle, Einstürzende Neubauten, SPK), o death-metal (Napalm Death, Carcass), o free-jazz mais libertário (Albert Ayler, Cecil Taylor), a música electrónica noise, etc.
No entanto, na óptica do site List Universe, especialista em listas de tudo e de nada, a música "extrema" tem um outro significado. Um significado, quanto a mim, confuso e leviano. Confuso porque, por um lado, conota música extrema com música de difícil execução técnica (música indiana ou o canto tradicional da Mongólia), por outro, considera na lista o hip-hop de cariz político, a música coral renascentista (!) e, no lugar cimeiro dos 10 géneros mais extremos, Aphex Twin. Ou seja, apesar de Aphex Twin ser um músico (e nem ser, sequer, o mais radical ou extremo dentro do seu género), é classificado como "género". Redundante e superficial abordagem, a meu ver. Pedia-se maior rigor e objectividade num trabalho como este.
Na imagem - Einstürzende Neubauten em concerto

"Never Gonna Give Your Teen Spirit up"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O filme mais esperado


"O Laço Branco" de Michael Haneke
(integra a programação do Estoril Film Festival. A estreia comercial vai ser só em Janeiro).

Christopher Lee e o negócio do cinema


Se David Cronenberg se queixa que o cinema se tornou numa "cultura de celebridades", o decano actor inglês Christopher Lee, por seu lado, refere que o "negócio deu cabo da Sétima Arte". Christopher Lee, que conta com uma carreira de 50 anos, ficará para sempre recordado pela sua interpretação de Drácula. O actor referiu em Madrid (onde apresentou o seu último filme), que o negócio deveria ser apenas uma parte do cinema, mas é o negócio que tudo consome. E não se ficou por aqui, acusando os produtores e realizadores de valorizarem apenas os jovens actores: "Agora todos apostam por uma audiência muito jovem, com actores muito jovens. Os filmes são caríssimos; os cachets dos actores são caríssimos e tudo depende se o filme tem ou não êxito na bilheteira. Eu comecei no auge do cinema clássico, nos anos 40 e 50, quando os realizadores faziam fantásticos filmes para todos."
Em jeito de remate da sua carreira, Christopher Lee contou ao jornal espanhol El Mundo, que não sabe ao certo em quantos filmes participou. "Entre 250 e 300, não consigo lembrar-me de todos. Talvez seja o actor vivo com mais filmes feitos. Neste momento tenho oito filmes por estrear."

Perguntas indiscretas - 10


Porque é que há 20 anos existiam programas de rádio de autor a divulgar música alternativa e independente às 16h, todos os dias, numa rádio nacional (Comercial) e hoje já não é possível que tal aconteça? Há, actualmente, menos liberdade para espaços de divulgação musical de qualidade? A ditadura comercial das “playlists” suga todo o espaço radiofónico? Os interesses económicos suplantam os interesses culturais? Já não há radialistas de qualidade? A rádio, afinal, morreu?

Universos paralelos

Se "Kid A" tivesse "Artificial Intelligence"

Se "Sound of Music" se misturasse com Beatles

Se fosse Keira em vez de John

Se tivesse 14 anos em vez de 40

Se Johnny Depp fosse calvo
Se Woody Allen fosse... sei lá o quê

Se Manson fosse Charlie
Se Jim Carrey fosse Javier Bardem
Se "Taxi Driver" fosse no século XIX
Se John Goodman fosse "Batman"

Se Cassavetes tivesse feito "Feces" em vez de "Faces"

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"Glitter and Doom - Live" - Tom Waits


Eu cá já tenho o novíssimo disco ao vivo do mestre Tom Waits. Se o quiserem também, abram aqui e carreguem em "RS". Uma coisa garanto: daqui a uns dias o link já não funciona.

A cultura de celebridades


"Penso que há muitos jovens realizadores que só o querem ser porque querem ser estrelas rock, Isso é parte do problema da cultura de celebridades. Os melhores cineastas estão lá (na indústria) porque têm algo para dizer através do cinema. Há 20 anos não o diria porque os jovens de então tinham o cinema como um meio de expressão, mas agora por causa da cultura de celebridades isso é um problema."
David Cronenberg, em declarações no Estoril Film Festival

Morrissey já não recebe flores em palco

Morrissey anda numa maré de azar, como conta a revista BLITZ. Depois de ter desmaiado em palco há pouco tempo atrás, agora foi a vez de ser atingido com uma garrafa num concerto em Liverpool. O ex-cantor dos The Smiths, apesar de não ter ficado visivelmente ferido, parou a actuação despedindo-se com um seco "boa noite" (para não mais voltar a cantar). Os músicos da banda perceberam de tal forma que o cantor se tinha irritado que largaram logo os respectivos instrumentos para saírem do palco.
Perante este acto, que nem é de especial violência, houve reacções de todo o tipo por parte dos fãs: desde os que compreenderam e defenderam a atitude do cantor (assumindo que é uma falta de respeito atirar objectos para os supostos ídolos), até aos que acharam exagerada a saída de palco por causa de um acto aparentemente inofensivo.
A verdade é já lá vai o tempo, no auge dos Smiths, em que Morrissey recebia (e dava) flores...

500 discos

O jornalista e escritor Alex Ross, autor do sublime livro "O Resto é Ruído" (uma história original da música ao longo do século XX), deu uma interessante entrevista ao jornal espanhol ABC, na qual explicou a essência do seu livro e as suas ideias em relação ao mundo da música em geral, e da música clássica em particular.
Alex Ross anda em digressão há cinco semanas pelo mundo a promover o seu muito elogiado livro. Enquanto crítico musical do "The New Yorker" recebe, em média, cerca de 100 discos novos todas as semanas (oferta das editoras). Quando regressar à redacção depois destas cinco semanas de ausência, terá 500 discos novos à sua espera. A vida de crítico musical é dura...

domingo, 8 de novembro de 2009

Muro de Berlim - dois filmes


Nestes dias em que se comemora os 20 anos da queda do histórico muro de Berlim, recordo dois excelentes filmes que têm como pano de fundo a Alemanha dividida por esse infame muro. Curiosamente, são dois filmes relativamente recentes e realizados por dois realizadores alemães: "Adeus Lenin!" (2003) de Wolfgang Becker e "A Vida dos Outros" (2006) de Florian von Donnersmarck.
"Adeus Lénine!” é um sério e divertido filme sobre os paradoxos produzidos pela mudança que a queda do muro de Berlim trouxe a uma família e a um povo. Realizado com enorme sensibilidade, este filme revela os efeitos que a divisão da Alemanha acarretou na concepção de valores como o amor, a tolerância e a união.
"A Vida dos Outros" (Óscar de Melhor Filme Estrangeiro) aborda uma perspectiva mais política e social decorrente da existência do muro de Berlim. Ao mesmo tempo um thriller político e um drama humano, o filme de Donnersmarck é uma obra que se debruça sobre a falta de privacidade patente na antiga RDA e inerente vigilância do Estado, numa época de grande opressão social e ausência de democracia e liberdade. A história, centrada em 1984, quatro anos antes da reunificação das duas alemanhas, acompanha a gradual desilusão do Capitão Gerd Wiesler, um oficial altamente credenciado da Stasi, a toda-poderosa polícia política do regime, que incluia ainda uma vasta cadeia de informadores, que chegaram a ser 200.000, numa população de 17 milhões.
Dois bons filmes para rever nestes vinte anos de queda do muro.

Discos que mudam uma vida - 81


Brian Eno & David Byrne - "My Life in The Bush of Ghosts" (1981)

sábado, 7 de novembro de 2009

A filosofia segundo Homer Simpson


Tal como referi neste post, existe uma interessante coleccção de livros editados em Portugal que relacionam princípios filosóficos com determinados realizadores de cinema, como os títulos "A Filosofia Segundo Woody Allen", "A Filosofia Segundo Jerry Seinfeld", e "A Filosofia Segundo Hitchcock" (todos da editora Estrela Polar).
Agora há mais um título a acrescentar a estes já publicados, mas por enquanto só em Espanha (ao mercado nacional deverá chegar mais tarde): "A Filosofia e os Simpsons". A edição coincide com os 20 anos da famosa série televisiva de animação que agitou a cultura americana, verdadeiro barómetro do modo de vida norte-americano. O próprio autor da série, Matt Groening, tem formação em filosofia e o resultado deste livro pretende explorar diversos problemas de índole filosófica, tendo como ponto de partida a família Simpson, a partir de princípios filosóficos conotados com autores como Marx, Sartre, Aristótles, Kierkegaard, Camus, Nietzsche, ou Kant.
Esta obra, claramente de teor ensaístico, divide-se em quatro capítulos: "Personagens", "Temas Simpsonianos", "A Ética dos Simpsons" e "Os Simpsons e os Filósofos". Vinte filósofos e professores universitários americanos, coordenados pelo prestigiado professor William Irwin do Kings College, esmiuçam as conexões filosóficas entre a visão da vida fictícia dos Simpsons e a realidade da sociedade americana.
Agora aguardemos pela edição portuguesa.

Díptico - 74


"Twins", fotografia de Diane Arbus (1967)

"Grady Twins" - "The Shining" - Stanley Kubrick (1980)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Um Chaplin inédito


Há dias de sorte. Foi o que aconteceu a um inglês, chamado Morace Park, que comprou no eBay uma velharia supostamente sem grande interesse de Charlie Chaplin. Essa velharia, que estava dentro de uma caixa de guardar películas, custou uns meros 3,5€, pelo que o comprador julgava tratar-se de um filme sem interesse do mestre do cinema mudo. Eis quando, ao abrir a caixa Morace Park se deparou com uma película de nitrato de 35 milímetros, absolutamente inédita de Chaplin - desconhecida até para os estudiosos mais eruditos da obra de Chaplin.
O filme, de apenas sete minutos, data de 1916 e intitula-se "Charlie Chaplin in Zepped", é uma mistura de sequências reais com outras de animação de carácter onírico nas quais se vê Chaplin a dirigir um Zeppelin que larga bombas. Os peritos consideram que se trata de um filme de propaganda anti-guerra que nunca foi exibido e, por tal, ficou perdido.
Michael Pogorzelski, director do arquivo da Academia de Artes e Ciências do Cinema (Óscares), já viu o filme e garantiu: "É uma descoberta extremamente interessante. É um filme desconhecido e não catalogado de Charlie Chaplin".
O realizador de documentários Hammad Khan é que não perdeu tempo e já se encontra em Los Angeles a filmar um documentário sobre esta insólita descoberta. Falta saber quando irá parar ao YouTube esta curta-metragem inédita de Charlie Chaplin.

Nathan 'Flutebox' Lee

É certo que não é o único músico a tocar flauta transversal e a fazer "beatboxing", de forma simultanea (também é verdade que não há muitos músicos com esta características peculiares). Mas é talvez o melhor em termos técnicos e criativos. De resto, o seu nome artístico resume as suas qualidades: Nathan 'Flutebox' Lee. O seu lema: "It's Hip-Hop... But Not As We Know It". E é bem verdade.

Interessante também esta versão do clássico tema da série de televisão "Knightrider".
Página do myspace.

Cinema - a mitologia dos finais


Houve um dia um realizador (não me recordo qual) que disse um dia que os dois momentos mais fortes de um filme eram os primeiros minutos e os minutos finais. Tudo o resto que acontecia pelo meio era secundário. Passe o exagero da afirmação, creio que há alguma verdade nela. Isto porque se um filme tiver um bom arranque e um memorável final, serão motivos para que o espectador nunca mais apague da sua memória esse mesmo filme.
No que se refere ao final propriamente dito – o último minuto e não os últimos 15 minutos de filme -, há muitos e bons exemplos na história do cinema. Finais surpreendentes, reveladores, de narrativa aberta ou fechada, com ou sem “twists”, com ou sem clímax… Quem esquece o último minuto do clássico “Casablanca”, com a célebre frase de despedida de Humprhrey Bogart - "I think this is the beginning of a beautiful friendship”? Ou o final de “Citizen Kane” com a revelação do significado de “Rosebud”?
O site Filmcritic elaborou uma lista dos 50 melhores finais de sempre, aqueles momentos finais de filmes que, por diversos motivos, ficaram para sempre na memória colectiva dos cinéfilos (atenção que a leitura destes finais contêm spoilers.)
Na imagem: último plano de "Fight Club" (1999) de David Fincher

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os horrores de Treblinka


O jornal francês Libération escreveu o seguinte sobre este livro: "De todos os textos sobre a máquina de extermínio nazi, este é um dos mais excepcionais". Não espanta. O judeu Chil Rajchman, sobrevivente do terrível campo de extermínio de Treblinka (Polónia), guardou num caderno as suas negras memórias da experiência por que passou. E só aceitou publicá-las em 2004, após a sua morte.
Chil Rajchman contou neste livro os seus dez meses de estadia no inferno (Rajchman tinha 28 anos quando foi deportado para Treblinka, em Outubro de 1942). No momento da libertação do campo, este judeu foi um dos 57 sobreviventes entre os 750.000 judeus enviados para Treblinka para aí serem gaseados. "Sou o Último dos Judeus" não tem a verve da escrita de um Primo Levi ou de um Elie Wiesel. Não, a escrita de Rajchman é muito menos literária e muito mais descritiva, muito mais pragmática, quase ao nível jornalístico, uma espécie de documentário do abominável terror testemunhado. Ler esta obra é ser constantemente violentado pelos pormenores dos horrores do Holocausto nazi, contados com tal minúcia que chega a criar no leitor imagens visuais das torturas e dos bárbaros assassínios descritos.
O livro está à venda desde há uns dias nas livrarias e as suas 149 páginas lêem-se num ápice.
É mais um livro a perpetuar a memória histórica colectiva da Humanidade, à semelhança do livro "Sonderkommando", que conta as atrocidades cometidas em Auschwitz relatado aqui e aqui.

Estoril Film Festival


Abre hoje o terceiro Estoril Film Festival. Estive a ver com atenção o site oficial e trata-se, efectivamente, de um evento de grande qualidade e interesse. É impressionante como em apenas três edições, os organizadores conseguiram projectar este festival internacionalmente, ao ponto de conseguir mobilizar figuras mundiais do cinema como Pedro Almodóvar, David Lynch, Bernardo Bertolucci (estes três na edição do ano transacto), David Cronenberg, Francis Ford Coppola, Juliette Binoche, David Byrne, Peter Handke, Sasha Grey, Dominique de Villepin, Emanuel Ungaro, Victor Erice, Robert Frank ou Jacques Audiard. Para além dos convidados de luxo, o programa do festival conta ainda com um interessante cardápio de eventos que se estende até dia 14 de Novembro: exposições, workshops, conferências, debates, retrospectivas (cineastas "raros", Max Ophuls, David Fincher, guerra civi espanhola), entre outras actividades que enriquecem o festival.
Claro que um considerável orçamento de 3,5 milhões de euros pode ajudar no lançamento de um festival deste género, mas não explica tudo. Os contactos privilegiados no mundo do cinema do produtor e director do festival, Paulo Branco, também contribuem para a crescente valorização ano após ano. A ambição de Paulo Branco é que o Estoril Film Festival se torne num grande festival de cinema à escala europeia, para vir a competir um dia com Veneza, Berlim ou até Cannes. A ver vamos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Woody Allen, "careta"?


Não sei o que deu no cantor brasileiro Caetano Veloso para desatar a criticar o cineasta Woody Allen, chamando-o de "careta", "reaccionário" e afirmando, sem se rir, que os seus filmes são "estreitos". Mais. Acusa Woody de ser "muito hetero, muito reverente com os amantes de ópera que vivem no Upper East Side, muito chegado a uma decoração creme por trás de roupa beje. Gay, maconha, rock, Bob Dylan, tudo isso é desprezado por ele".
"Muito chegado a uma decoração creme por trás de roupa beje"? O que quis dizer Caetano com esta afirmação? Será algum preciosismo linguístico brasileiro? Seja como for, creio que são comentários muito pouco acertados e injustos. É um absurdo apelidar Woody Allen de "reaccionário" só porque gosta de ópera, de Nova Iorque, é heterosexual e porque nos seus filmes não aparecem personagens gay a fumar droga ao som de Bob Dylan. Se assim fosse, Woody Allen já seria, aos olhos de Caetano Veloso, um realizador com uma visão menos "estreita" do cinema e bem mais modernaço. Não, pós-moderno.
Lido aqui.

Scratch com cabeças

Homem versus máquina. Tecnológico versus humano. Pegando nesta dicotomia, o realizador Chris Cairns realizdou um videoclip que condensa e funde o humano com a tecnologia. Para tal, imaginou um projecto chamado "Neurosonics Audiomedical Labs Inc.", que mais não é do que um laboratório imaginário de experimentação sonora a partir de ritmos hip-hop. Só que em vez dos DJ's trabalharem nos habituais pratos de vinil, fazem os "scratch" e os ritmos nas... cabeças dos músicos. O resultado está deveras muito bem conseguido quer em termos visuais, quer em termos musicais, notando-se o aprumo que Chris Cairns teve por todos os pormenores cénicos, de realização e de montagem.
Colaboram neste trabalho os seguintes DJ’s e Beatboxers (ritmos com a boca): Foreing Beggars, Will Cohen, Shlomo, Will Clarke, Prime Cuts, Orifice Vulgatron, Metropolis, Tony Vegas, Dr. Syntazx, Stig e Plus One.

75 filmes em 75 lições


"Ver, Aprender e Vencer: 75 filmes, 75 lições", é o título (algo pomposo, diga-se) do livro de Paulo Miguel Martins (formador e professor universitário), lançado há dias. A obra, com 213 páginas, reúne 75 críticas de filmes e segundo consta, já está a ser usada em acções de formação nas empresas e nas escolas. Porquê nas empresas? Porque este livro aborda um conjunto de questões sobre formação pessoal e profissional, ao nível da gestão. Eis alguns temas: Negociação, Liderança, Estratégia, Auto-Conhecimento, Trabalho de Equipa. As mencionadas 75 lições são facultadas através de textos de outros tantos filmes que exploram os temas referenciados.
O ponto de partida desta obra parece-me interessante e eu sou um apologista da utilização da Sétima Arte como recurso, digamos, pedagógico. Mas segundo a revista de cinema Premiere, "Ver, Aprender e Vencer" enferma de alguns problemas graves, como os alegados fracos conhecimentos de cinema do autor e de alguns erros crassos, como o de atribuir a realização do filme "12 Homens em Fúria" a William Friedkin, em vez de Sidney Lumet (o elenco deste filme também está errado). Mas nada melhor do que uma leitura mais atenta e desenvolvida para aferir da qualidade do livro.
Aqui pode-se visionar um vídeo de apresentação sobre o livro.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Esperar sentado


Numa primeira fase, o filme "Anticristo" de Lars Von Trier, estava previsto estrear em finais de Outubro; depois, passou para a terceira semana de Novembro. Agora a dita estreia em Portugal está agendada para 21 de Janeiro de 2010. Aposto que quando chegar Janeiro, o filme há-de ser relegado para o festival Fantasporto, que decorre no mês seguinte, deixando de ter lançamento comercial... As distribuidoras preferem, semanalmente, lançar para o mercado o lixo a que chamam filmes do que arriscar estrear obras cinematográficas controversas e pouco comerciais, como é esta última obra do realizador dinamarquês. Ou seja, para ver "Anticristo" em sala, bem podemos fazer como a actriz Charlotte Gainsbourg: esperar sentado.

Díptico - 73


1959

1962

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"A rádio não incendeia nada"


BLITZ - "Quais foram para si os anos áureos da rádio em Portugal?"

António Sérgio
- "Os anos dos programas de autor na antiga Rádio Comercial, ainda pertencente à RDP. A rádio era ouvida com uma clubite muito especial. Uma das funções da rádio é espalhar magia: nós não temos cara, temos vozes, e isso ajuda a incendiar o imaginário dos ouvintes. E esta rádio de hoje, coitada, não incendeia absolutamente nada. Põe o ouvinte a um canto e diz-lhe: ouve isto, que não te maça, não te assusta, não te provoca, não te faz comprar discos. Outra verdade: a rádio de hoje não te faz comprar discos - as rádios de autor conseguiam fazer as pessoas ter paixão por comprar música."
(Entrevista de 2007, publicada na BLITZ nº17)
__________________
Completamente de acordo. Aliás, já o tinha dito, de outro modo, aqui e aqui.

Momentos e Imagens - 43


Fritz Lang e Spencer Tracy conversam...

domingo, 1 de novembro de 2009

Perguntas indiscretas - 9

Porque é que alguns jornalistas redigem textos críticos sobre literatura (ou música, ou artes plásticas, ou cinema) de forma tão intrincada, tão hermética, tão rebuscada, tão excessivamente teórica?
O crítico literário António Guerreiro, escreveu no Actual (Expresso), uma crítica ao livro “O Caminho dos Pisões” (Assírio & Alvim) do escritor M.S. Lourenço.
Pela leitura global do artigo percebe-se que António Guerreiro gostou muito do livro, mas para explicar a literatura de M.S. Lourenço escreve nos seguintes moldes: "Em traços muito genéricos eu diria que há na sua literatura três tropismos fundamentais: uma relação com a modernidade em que a mediação de uma estética simbolista e decadentista são presenças irrecusáveis; uma experiência de aniquilação do Eu ou de despersonalização através da criação de máscaras; um esteticismo que nunca é vazio, é antes uma espécie de orfismo; uma inscrição trágica, mas de um trágico moderno que reside inteiramente na sua interiorização e acaba por ser uma forma negativa do heroísmo. Nesta literatura cabe ainda um alto teor de especulação teorética que oferece um material poeticamente metamorfoseado pela invenção de uma forma e de uma língua (simultaneamente grafemática e sonora)."
Por causa deste tipo de artigos não me espantei de ler hoje o Miguel Esteves Cardoso, no Público, dizendo que ninguém lê os críticos nos jornais (referindo-se mais especificamente aos críticos de cinema, mas vai dar ao mesmo...).

Notícias do Expresso

Da leitura do semanário Expresso retirei algumas informações e notícias interessantes:

- Na entrevista ao realizador Francis Ford Coppola, este refere que se sente chocado com o nível de violência excessiva e sádica dos filmes de terror actuais. Diz: "O Padrinho" tinha violência, mas era porque fazia parte da história. Agora há filmes em que um acto de tortura sádica e brutal se tornou banal."

- Os jornalistas Jorge Calado e José Mário Silva cilindram (é o termo) o recente livro de Dan Brown, "O Símbolo Perdido". Jorge Calado termina mesmo a sua crítica dizendo isto: "Num país que se apraz em regulamentar tudo, espero que a edição portuguesa do livro de Dan Brown apareça com uma advertência na capa - como acontece nos maços de cigarros -, alertando os potenciais leitores para os perigos do produto no que respeita à saúde mental e à consciencialização científica dos portugueses."

- Entretanto, o próprio escritor Dan Brown revela em entrevista que tem ideias para mais 12 romances guardadas num cofre. Ui!

- Sérgio Godinho escolhe o belo "Stromboli" de Roberto Rossellini como um dos filmes da sua vida (mas também complementa dizendo que poderia ser um do Truffaut, um do Buñuel, um do Bergman ou um do Bresson...).

- Excelente artigo de Luciana Leiderfarb sobre o regresso a Portugal do compositor norte-americanos Steve Reich; e bom texto crítico de João Lisboa sobre o último disco de uma das melhores bandas pop de sempre - Prefab Sprout.

- A escritora Lídia Jorge revela o seu filme preferido: "Andrei Rubliev" de Andrei Tarkovski. à pergunta "O que gosta mais de fazer?", Lídia Jorge responde: "Além de escrever, gosto de passear entre árvores e de ir para dentro do mar. E gosto de cidades, praças, teatros, de me meter no meio das multidões. Ir para um café e ficar a ver pessoas a comerem bolos e a beberem sumos dá-me alegria."

- Woody Allen, referindo-se à actriz Penélope Cruz: "Não gosto de olhar para Penélope directamente. É demasiado esmagador."

A marca da Lista Rebelde


A famosa Lista Rebelde do programa "Som da Frente" que viciou uma geração nos anos 80 com a divulgação das bandas mais interessantes daqueles anos, representava a diversidade de propostas musicais do panorama alternativo. Na Lista Rebelde, cabiam os Dead Can Dance como os Motorhead, os Joy Division ou os This Mortal Coil, os X-Mal Deutschland ou o Glenn Branca. Este interesse pelo eclectismo estético que Sérgio promovia sempre me interessou.
O blogue Vivathe80s reuniu 500 temas que passaram pela Lista Rebelde do radialista. Aqui estão apenas representados 30, mas há mais 470 para descobrir aqui. E pensar que tempos houve em que se podia ouvir estas músicas, em horário nobre, na rádio!
1 – Gun Club – Sex Beat
2 – Scritti Pollitti – Sweetest Girl
3 – U2 – Pride (In The Name Of Love)
4 – Bronski Beat – Smalltown Boy
5 – Wah! – 7000 Names Of Wah!
6 – Joy Division – Atmosphere
7 – The The – Perfect
8 – Tone On Tails – Performance
9 – Bauhaus – Kick In The Eye
10 – Cure – Faith (Live)
11 – Associates – Party Fears Two
12 – This Mortal Coil –Song To The Siren
13 – Comateens – Late Night City
14 – Waterboys – A Pagan Place
15 – Virginia Astley – Love’s A Lonely Place To Be
16 – Motorhead – Please Don’t Touch
17 – Psychadelic Furs – Love My Way
18 – Echo & The Bunnymen – Back To Love
19 – Talking Heads – Great Curve
20 – U2 – Glória
21 – R.E.M. – Radio Free Europe
22 – B52’s – Future Generation
23 – Cure – Love Cats
24 – Waterboys –December
25 – Cure – Charlotte Sometimes
26 – New Order – Ceremony
27 – Siouxsie & The Banshees – Israel
28 – Teardrop Explodes – Passionate Friend
29 – DB’s – Neverland
30 – Teardrop Explodes – Tiny Children

António Sérgio: calou-se a Voz da rádio


António Sérgio (1950 - 2009) não gostava que lhe chamassem o "John Peel português". Mas ele era, efectivamente, o John Peel português. Não só pelos 40 anos dedicados à rádio, como pela imensa cultura musical que transmitiu a várias gerações, pela única voz marcante da rádio portuguesa, pelos programas únicos de divulgação de novas tendências musicais, pela entrega e paixão pela música, pelo carinho que revelava para com os ouvintes.
Aprendi com o António Sérgio que havia o "direito à diferença" (lema do programa "Som da Frente", Rádio Comercial), foi com ele que tomei contacto pela primeira vez com dezenas e dezenas de bandas independentes (rock, pop, electrónica, world...), foi com ele que constatei o que é fazer rádio com personalidade e carácter, em diversos programas de autor - "Som da Frente", "Lança-Chamas", Grande delta", "A Hora do Lobo"...
Num Portugal fechado e conservador, foi António Sérgio o primeiro a desbravar caminho para a divulgação de novas músicas, nas diversas rádios por onde passou. A sua voz cava e grave, o seu sotaque inglês irrepreensível (nas entrevistas que fazia a músicos ingleses), o seu vasto conhecimento histórico, exerceram grande influência nos ouvintes que, nesses tempos, não dispunham do facilitismo da internet. Num panorama radiofónico tão pobre e limitado como o português, a morte do António Sérgio reveste-se de um simbolismo particularmente forte. É o fim de uma era.
Nos últimos anos deixei de o ouvir, porque perdi o hábito de ouvir rádio. Mas muito do que sou hoje, como ouvinte e músico, devo-o ao António Sérgio. E como eu, milhares de outras pessoas.
Há muitos anos, numa noite em que ouvia "Som da Frente", telefonei para a Rádio Comercial para falar com ele e pedir-lhe se podia passar o tema "Cristina The Astonishing" do Nick Cave. Ele atendeu-me com uma humildade tocante e atendeu o meu pedido. Passado uns minutos, tocou (como ele gostava de dizer) o tema magnífico de Nick Cave. Disse que era um dos temas preferidos do Nick Cave e aqui fica em jeito de homenagem:
Esteja onde estiver, espero que haja rádio para o António Sérgio continuar a por em prática o seu amor pela música.