terça-feira, 29 de abril de 2008

28 anos sem o mestre


Como a designação deste blogue se refere a um filme (e ao espírito artístico) de Alfred Hitchcock, não podia passar em branco este dia: faz hoje 28 anos que o mestre Hitch deixou a terra dos vivos para partir, quem sabe, para a "Twilight Zone". Imagino que as grandes celebrações para este dia estarão reservados daqui a dois anos, quando se comemorarem 30 anos de desaparecimento do cineasta. A comunicação social tende a celebrar apenas os números redondos. Mas se o fizer, terá porventura de dar atenção primeiro ao próximo ano, já que se vão comemorar 100 anos do nascimento (13 de Agosto de 1899). E sempre é mais mediático celebrar 100 anos do nascimento do que 30 anos de falecimento.
Comemorações à parte (que até não são o mais importante), o que gostaria de referir é que a obra de Hitchcock continua a influenciar muitos realizadores e artistas (ver post sobre Douglas Gordon). A sua marca estilística, o seu refinamento estético, a sua relação com os actores e, acima de tudo, as histórias de suspense que contava nas suas múltiplas obras-primas continuam a servir de referência obrigatória para novas e velhas gerações de cineastas. Ainda há um ano estreou um filme intitulado "Disturbia" que continha toda a linguagem narrativa e visual que Hitchcock estabeleceu (para não referir filmes de 2º e 3º categoria). O realizador Brian de Palma foi um seguidor (para não dizer imitador) acérrimo de Hitchcock no início da sua carreira. Algumas das sequências e imagens mais emblemáticas da história do cinema são da autoria de Hitchcock. Por mais remakes, citações, venerações, cópias, imitações que existam, o seu cinema permanecerá imutável e único. Como uma tela de Pollock ou um prelúdio de Debussy.
Diz-se que Hitchcock era um homem severo, tirânico, crispado, teimoso. Mas talvez tenham sido essas as características que lhe permitiram concretizar, com total liberdade artística, a sua obra (enfrentando a pressão de produtores gananciosos, por exemplo) e que lhe deram reconhecimento internacional. Com os filmes de Hitch, o espectador é um voyeur que gosta de sofrer com o sofrimento dos personagens. É um cinema de profunda sugestão, de jogos de relações, de encantamento, medos e perplexidades. O seu cinema, imenso e de superior qualidade, continuará a servir de modelo para provar que a 7ª arte é mesmo uma arte (cimeira).
Os meus Hitchcock preferidos:
1 - "Os Pássaros"
2 - "Psycho"
3 - "Vertigo"
4 - "A Corda"
5 - "Janela Indiscreta"
6 - "Intriga Internacional"
7 - "Rebecca"
8 - "O Homem Que Sabia Demasiado"
9 - "Sabotagem"
10 - "Os 39 degraus"
...
(nota: todos estes títulos estão disponíveis em edição DVD nacional)

2 comentários:

Anónimo disse...

Um tipo que não refere o Notorious nas suas preferências, não é digno de gostar do mestre...é como gostar muito do John Cale e não mencionar o Music for a new society!

mihail disse...

grande mestre! lembro a minha admiração começou, eu era criança e assisti pássaros de madrugada com o meu pai.

Fora a lista, gostei muito do Family Plot e Frenzy.