quinta-feira, 24 de abril de 2008

Nova modalidade de ler livros

E que tal falar de livros sem… os ler? Hoje já é tudo possível. E já é possível fazer figura de intelectual falando à mesa do café sobre livros e autores que estão na berra mas que nunca lemos ou, no limite, lemos duas ou três passagens. Este livro, “Como Falar de Livros Que Não Lemos?”, pretende isso mesmo: partindo de uma análise a diversas obras literárias, o leitor ficará com uma noção básica sobre o conteúdo e a forma dessas obras e assim pode fazer um brilharete junto dos amigos. Fogo-fátuo, portanto.
O autor do livro, Pierre Bayard, afirma que este manual serve como incentivo à leitura. Apesar de não o ter lido (folheei-o numa livraria), parece-me antes um desincentivo ao exercício da leitura e do culto pelos livros ao potenciar o facilitismo. É um livro presunçoso e pueril, como que a dizer: “não leia ‘Os Maias’, leia este resumo no manual de 20 páginas e é como se o tivesse lido”. É o sintoma da cultura massificada e que privilegia a displicência cultural. Num mercado editorial mimético como o nosso, é mais do que expectável que vejamos brevemente adaptações deste livro conforme as áreas artísticas: “Como Falar dos Filmes Que Não Vimos?”, “Como Falar dos Discos Que Não Ouvimos?” ou, por absurdo, "Como Falar de Perfumes Sem os Ter Cheirado?".

2 comentários:

Anónimo disse...

Como falar da morte sem se ter morrido?

Miriam disse...

Deve ser interessante mesmo, tem muita gente por aí especialista nisto hehehe.