sábado, 4 de abril de 2015

Oliver Sacks: vida, música, ciência e morte


Oliver Sacks está a morrer.

Aos 81 anos, o conhecido neurologista e escritor americano, sabe que lhe restam apenas uns meses de vida devido a um cancro terminal. Ficou mundialmente famoso com o livro "Despertares" adaptado ao cinema por Penny Marshall em 1990 que contou com os actores Robin Williams e Robert de Niro. É autor do brilhante livro "Musicofilia", o qual relaciona doenças do foro neurológico com a música.

Apesar do diagnóstico clínico ser terrível, o seu optimismo é desconcertante: "I feel intensely alive, and I want and hope in the time that remains to deepen my friendships, to say farewell to those I love, to write more, to travel if I have the strength, to achieve new levels of understanding and insight."

Oliver Sacks tem dedicado parte da sua vida a estudar a influência que a música tem nos seus doentes, nomeadamente, naqueles que sofrem de doenças degenerativas como Alzheimer ou Parkinson. O resultado das suas investigações e experiências revela que os sons são um remédio para a demência (não é novidade absoluta), mas que também podem levar à loucura uma pessoa mentalmente sã (esta afirmação já contém alguma novidade). Sacks revela um caso de um pianista que sofreu de uma variante grave de Parkinson que mal se conseguia mover com espasmos nervosos. Um dia, sentou-se ao piano e interpretou brilhantemente um "Nocturno" de Chopin. Assim que parou de tocar, voltaram os sintomas da sua doença. Este é apenas um exemplo (entre muitos) do poder que a música exerce sobre o nosso cérebro.

A mais recente técnica de pesquisa cerebral - a ressonância magnética funcional, demonstra que ainda há muito para descobrir sobre o modo como o cérebro humano responde aos estímulos sonoros e musicais. Mas uma coisa é certa - a música tem propriedades terapêuticas incríveis (a musicoterapia é uma ciência comprovada). Já Edwin Gordon, reputado teórico que dedicou a sua vida à influência da música no desenvolvimento cognitivo, provara isso mesmo.

Oxalá Oliver Sacks consiga debelar o mais possível o seu mal para ter tempo de investigação para novas e brilhantes descobertas sobre a importância da música nas nossas vidas.

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