segunda-feira, 9 de março de 2009

Cinema 3D - bóia de salvamento (para o porno também)


O interessante editorial da revista de cinema Premiere, edição de Março, assinado por José Vieira Mendes, aborda uma possível solução para salvar a indústria do cinema, combater a pirataria e potenciar o número de espectadores nas salas: o 3D. O cinema já passou por várias e conturbadas fases que apenas impulsionaram o seu desenvolvimento: o aparecimento do som com o filme "O Cantor de Jazz" em 1927, o advento da cor com o Technicolor, a sobrevivência após o surgimento massivo da televisão (décadas de 50 e 60) e agora, a pirataria da Internet. Vários realizadores e produtores com poder em Hollywood (Steven Spielberg Geroge Lucas, Peter Jackson, Robert Zemeckis, James Cameron) já vieram afirmar que este tecnologia digital está revolucionar a forma de ver cinema e que poderá ser a bóia de salvamento para o negócio dos filmes.
Filmes recentes com 3D atraíram muito público às salas: "Bolt", "Viagem ao Centro da Terra" e "Coraline" são três exemplos paradigmáticos. O próprio Tim Burton pondera estrear o seu aguardado filme "Alice" neste formato. A verdade é que o 3D tem potencialidades para criar novas experiências sensoriais no espectador, ao nível do envolvimento e da ilusória proximidade física com o grande ecrã. Mas também é verdade que é um sistema caro no que diz respeito aos custos de produção, do equipamento de projecção e do próprio bilhete (com o custo associado dos óculos especiais). Mas os prognósticos da indústria garantem que o 3D vai afirmar-se e vulgarizar-se nos próximos anos. Provas? O facto da Disney, Pixar e Dreamworks planearem nada menos que onze estreias em 3D para a temporada 2009-2010 e seis para a temporada 2011.
Mais: a própria indústria do cinema pornográfico (sim, ainda existe) já anunciou o lançamento do primeiro filme porno em 3D! Trata-se do filme chinês "3D Sex and Zen", sequela do filme erótico "Sex and Zen" de 1991. O produtor do filme, um tal de Stephen Shiu Jr., investiu quatro milhões de dólares na produção e garante que a experiência vai ser a mais próxima do real quanto possível: "imagine ver o filme como se estivesse sentado atrás da cama; vai haver muitos 'close-ups' e será como se a actriz estivesse a centímetros do espectador", refere em jeito de provocação. Por esta descrição, é mais que certo que o filme porno ressurja nas salas comerciais!

2 comentários:

Filipa Júlio disse...

no entanto, continua a apelar só à visão. julgo que a grande revolução (e talvez uma frincha de saída para este abandono maciço das salas) poderá ser um conceito de filme em que o input sensorial do espectador seja multi-modal. cheirar, tocar, saborear, além de ver. isso, sim, seria um avanço incrível (e nem sequer estou a pensar nas aplicabilidades ao cinema pornográfico).

Coldsector disse...

Este tema também surgiu num artigo da Cahiers du Cinema versão espanhola do mês de Março, e tal como no da Premiere também lá dizem que vai ser a próxima aposta da industria para tentar reanima-la.

Segundo a Cahiers o custo de adaptar uma sala para 3D é ainda bastante elevado, porque primeiro terá de ser transformada numa sala de cinema digital, esta transformação (digital + 3D) ficaria cerca de 80.000€ por sala, no caso de Espanha já existem bastante e o governo financia a criação de salas de projecção digital, agora infelizmente no nosso país acho que essa transformação será a passo de caracol, na Guarda ao menos tivemos a sorte de a sala nova no Vivaci já estar adaptada para Digital e 3D. É pena os custos ainda serem superiores a uma sessão normal, mas talvez com a proliferação do 3D isso venha a mudar.

Num estudo recente em Espanha, quando houve filmes exibidos nos 2 formatos a versão em 3D teve em média 3 vezes mais espectadores e conseguiu manter-se nas salas mais tempo, para já e apesar de serem muitos poucos filmes ainda, parece prometedor.

Pessoalmente vou ficar a aguardar a estreia dos filmes do Tim Burton "Alice" e do tão esperado "Avatar" do James Cameron (James Cameron esperava estrear somente o Avatar em salas de 3D mas parece que as que existem nos EUA ainda não são suficientes para garantir com toda a certeza o sucesso e viabilidade do filme, por isso ele irá estrear simultaneamente nos 2 formatos).