terça-feira, 31 de março de 2009

Bodysnatchers

"Bodysnatchers", o tema mais forte do álbum "In Rainbows" (o tal que deu que falar por ter sido colocado gratuitamente na internet) dos Radiohead. E quanto a mim, é mesmo uma das melhores músicas de toda a brilhante discografia da banda de Thom Yorke. Uma música potentíssima, cheia de rasgados "riffs" de guitarra, ritmo maquinal e voz em constante contorcionismo melódico como só Yorke sabe fazer. Uma enorme canção rock.
E a prestação de Thom Yorke é sempre impressionante...

Os políticos e a língua portuguesa

E depois os políticos desancam no computador Magalhães porque este contém programas com erros ortográficos. Com que legitimidade? Volta e meia, as calinadas gramaticais dos políticos empobrecem a prática da língua portuguesa, dando um exemplo deplorável para os mais novos. Há erros clássicos: dizer "quaisqueres" em vez de "quaisquer", "póssamos" em vez de "possamos" ou "hádem" em vez de "hão-de". 
Há uns anos foi o deputado do PS Jorge Coelho a disparatar quando referiu no Parlamento "os senhores hádem...". Agora, há dias, tocou ao líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Quando colocava uma questão a José Sócrates em pleno Parlamento, o dirigente comunista perguntou: "Os jovens não sabem o que hádem fazer à vida, sr. Primeiro Ministro". E os jovens perguntarão o que hádem fazer com estes políticos...

Clássicos do cinema em DVD


Já conhecia a editora/distribuidora espanhola Divisa através do site de venda de DVD dvdgo.com. A Divisa é uma editora com 25 anos de experiência na edição de filmes para consumo caseiro, primeiro em VHS, nos últimos anos, em DVD. Na minha última incursão à Fnac, reparei que já há distribuição nacional de alguns títulos do catálogo da Divisa, nomeadamente, do catálogo de clássicos mudos (colecção "Origens do Cinema" e documentários históricos). Assim, que eu reparasse, já estão à venda títulos como "Metropolis" e "Os Nibelungos" de Fritz Lang, "Nosferatu" e "Fausto" de Murnau, "O Gabinete do Dr. Caligari" de Robert Wiene, entre outros clássicos de Chaplin, Eisenstein, Sternberg, Griffith, etc. É certo que alguns destes filmes já estavam editados no mercado nacional, mas é sempre interessante que haja diversidade na oferta, tanto mais que os títulos editados pela Atalanta ou Costa do CAstelo praticam uma política de preços elevados. A Divisa disponibiliza grandes filmes com restauro de imagem imaculada a um preço muito acessível. 
Comprei o "Fausto" (na imagem) de Murnau, um DVD que não existia em edição nacional. Obra-prima do expressionismo alemão, "Fausto" é uma brilhante adaptação de Goethe que Murnau filmou ainda na Alemanha, um ano antes de ter realizado outra obra-prima - na América em 1927 - "Aurora". Vi há muitos anos o "Fausto" numa velhinha cópia em VHS, mas nunca me esqueci do impacto estético da obra do cineasta alemão, repleta de planos originais, de jogos de luzes e sombras e de interpretações memoráveis. Um pormenor não menos importante: este DVD do "Fausto" contém a espantosa banda sonora original do grupo francês Art Zoyd, praticante de música electro-acústica, e fusão de rock, jazz e electrónica. Imperdível!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Maurice Jarre


Maurice Jarre (1924 - 2009), eminente compositor de bandas sonoras para filmes morreu hoje. A música que fez para os clássicos de David Lean ("Doutor Jivago", "Lawrence da Arábia" e "Passagem para a Índia") continua imortal. Tal como inesquecível é a música que fez para o filme "Clube dos Poetas Mortos", entre muitos outros. Desde 2001 que estava retirado, não só por razões de saúde, mas também porque estava muito desiludido com a indústria do cinema: "Some months ago, while I was preparing a new work, I told a young cinema executive my intention of including in a soundtrack two themes from Bach. But when he asked me which has been the last hit from that Bach?, then I knew that I had no longer place in cinema." 

Um festival de trailers


Neste post já tinha abordado a originalidade do festival de cinema espanhol "Teaserland", um festival de trailers... falsos. Isto é, em vez do festival submeter e avaliar filmes (temáticos ou não) convencionais, os objectos a concurso são apenas trailers de filmes imaginários. Um excelente incentivo para jovens realizadores que, antes ainda de um filme estar feito, têm de imaginar o respectivo trailer (ou teaser). O realizador do melhor trailer terá um prémio em dinheiro para realizar uma curta-metragem. Mas ainda não foi seleccionado, já que de momento foram seleccionados 18 finalistas para o prémio final. Alguns trailers são excelentes e muito bem feitos, mais a mais, tendo em conta que os filmes não existem, são imaginários. Podem-se visualizar os trailers finalistas aqui.  

Concerto de gelo


Terje Isungset é um músico norueguês que se especializou na construção de instrumentos de gelo: gelofone, harpa de gelo, trompa de gelo e tambor de gelo. Na passada sexta-feira tocou pela primeira vez em Portugal, no Teatro Municipal da Guarda. Ver reportagem da SIC e mais fotografias aqui.

domingo, 29 de março de 2009

Charles Manson de volta?


Charles Manson numa fotografia recente. Está na prisão há quarenta anos pelo horrível homicídio, em 1969, da mulher do realizador Roman Polanski. É, para muitos, o assassino mais famoso do século XX, uma espécie de encarnação do Diabo e do Mal, que continua a receber centenas de cartas de jovens fascinados pela sua "obra". Obra que também passa pela música, como referi aqui. Por 11 vezes pediu liberdade condicional, e por outras tantas foi recusada. Mas a insistência dos seus advogados e certas debilidades da lei americana, parecem que vão conseguir que Manson veja a rua, de novo, 40 anos depois. Irá Marilyn Manson recebê-lo à porta da prisão nesse (eventual) dia de libertação?

O prodigioso cinema americano dos 70


Que relação existe entre filmes como "O Padrinho", "Serpico", "Taxi Driver", "Easy Rider", "O Cowboy da Meia-Noite", "O Exorcista", "Sombras", "Carrie""The French Connection", e "A Woman Under the Influence"? Todos são filmes americanos dos anos 70, marcando decididamente uma nova e entusiasmante era do cinema americano. Depois da época de ouro de Hollywood das décadas de 40 e 50, o cinema norte-americano só voltaria a regenerar-se e a afirmar-se esteticamente com o fulgurante movimento pós-60 (decorrente dos ideais do movimento hippie, da contracultura, da oposição à guerra do Vietnam, da emergência da defesa dos direitos civis, etc). Alguns desses realizadores que iniciaram essa revolução são agora nomes confirmadíssimos do cinema mundial: Francis Ford Coppola, Roger Corman, Robert Altman, Martin Scorsese, Brian de Palma, Dennis Hopper, William Friedkin, Sydney Pollack, John Cassavetes, Peter Bogdanovitch, entre outros. 
Esta nova geração americana de cineastas viria a revolucionar o cinema dos EUA, com óbvias influências da vanguarda do cinema europeu (Bergman, Godard, Antonioni, Herzog, Fellini...). Era já um cinema com novas preocupações sociais, artísticas e políticas. Em 2003, dois cineastas, Richard LaGravenese e Ted Demme (sobrinho de Jonathan Demme), realizaram um documentário sobre a excitante década de 70 do cinema americano, com depoimentos exclusivos de realizadores, produtores e actores que protagonizaram os grandes filmes que marcaram, mundialmente, os anos 70. Agora a Midas Filmes, sempre atenta ao melhor da produção do documentário, acaba de editar o filme "O Cinema Americano dos anos 70 - Uma Década em Revolução". Vale muito a pena descobrir.

Um mundo perfeito

"A Perfect World" (1993) - Clint Eastwood

sábado, 28 de março de 2009

Guerra de televisões

A concorrência entre as estações de televisão privadas e a pública não se resumem apenas à guerra de audiências nas telenovelas e concursos. A informação e contra-informação também fazem parte da contenda. Uma prova: ontem, o Telejornal da RTP referia que a estação pública tinha tido um ganho de 9 milhões de euros no último ano, tendo conseguido equilibrar o défice orçamental. Uns minutos mais tarde desta notícia, ao fazer um zapping para a SIC, vejo o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho referir que a RTP está em “falência técnica” com um prejuízo de mais de 40 milhões de euros. Afinal em que ficamos? Onde está a verdade e quem mente? Espera-se agora a versão da TVI sobre o estado das finanças da RTP, versão essa que não será muito benéfica para a imagem da estação pública...

Escadaria de Odessa

A escadaria de Odessa. Os soldados em descida ritmada. O massacre. Os tiros. A multidão em fuga. A poderosa montagem das "atracções". O grito da mãe com a criança morta nos braços. O carrinho de bebé. O plano do rosto da mãe em pânico. O homem sem pernas. A criança pisada. Cinema puro. O génio.

sexta-feira, 27 de março de 2009

PJ Harvey


E já agora, o novo disco de PJ Harvey e John Parish - "A Woman a Man Walked By" - , também se encontra para ouvir e descarregar neste belo sítiozinho.

Cohen e o disco ao vivo


Enquanto não chega o desejado concerto de Leonard Cohen em Lisboa (Julho), aguça-se o apetite com este magnífico disco ao vivo gravado em Londres. 26 temas do excelente reportório de Cohen, para descobrir aqui.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Díptico - 58


"Krautrocksampler" (1996) e "Japrocksampler" (2007)

Zero em Conduta - o filme todo


A propósito do post sobre a sequência das almofadas do filme “Zero em Conduta” de Jean Vigo, quem não conhecer o filme na sua totalidade (tem apenas 44 minutos de duração), poderá visualizá-lo (com legendas em inglês), aqui.
Jean Vigo, que morreu com apenas 29 anos, fez parte da vanguarda francesa do cinema, com Jean Cocteau, René Clair e Luís Buñuel (a pesar de este ser espanhol, foi em França que começou a carreira de realizador). O pai de Vigo era anarquista e esta ideologia influenciou determinantemente a sua visão artística, resultando num cinema libertário, de recusa de regras académicas, fazendo um cruzamento de linguagens entre o realismo de um Jean Renoir e o surrealismo de um Buñuel. A sua escassa filmografia é de uma riqueza singular: o documentário “A propósito de Nice” (1929) que tanto influenciou Manoel de Oliveira no “Douro, Faina Fluvial”; o documentário “Taris” sobre um nadador famoso (1931); “Zero em Conduta” (1933), obra fundamental que reflecte sobre o autoritarismo da escola; e o maravilhoso “Atalante” (1934). Todos os filmes de Jean Vigo tiveram como operador de câmara Boris Kaufman, irmão do cineasta russo Dziga Vertov. Desde 1951 que foi instituído o “Prémio Jean Vigo” para o melhor realizador francês, atribuído anualmente.

Almofadas poéticas

Uma sequência de grande beleza plástica retirada do filme "Zero em Conduta" (também conhecido como "Zero em Comportamento") de um dos mais insólitos, originais (e fugazes) realizadores franceses de sempre: Jean Vigo (1905 - 1934): os alunos do colégio interno revoltam-se contra o autoritarismo e iniciam uma luta de almofadas, quase coreografada, quase onírica. Poesia visual, como quase todo o cinema de Vigo.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O Holocausto foi um "detalhe evidente", disse o verme


Já era hora deste senhor se reformar e ir viver para... Auschwitz (pena os fornos crematórios já não funcionarem). O líder da extrema direita francesa, Jean Marie Le Pen, voltou a proferir das suas habituais toadas irresponsáveis e provocatórias (mas desta vez ultrapassou os limites), ao afirmar no Parlamento Europeu: "Limitei-me a dizer que as câmaras de gás foram um detalhe da história da segunda guerra mundial, algo que é uma evidência". As vaias dos eurodeputados não foram suficientes para calar a ignomínia. Duas coisas ressaltam desta alarve e estúpida afirmação: classificar de "detalhe" as câmaras de gás e justificar esta classificação como uma "evidência". Uma ofensa gratuita e grotesca à inteligência, à memória histórica, e em suma, a toda a Humanidade. Le Pen deveria ser obrigado a recitar de cor passagens do livro "Sonderkommando" como esta.
Quando é que este verme político e vil porta-voz dos ideais fascistas é erradicado de vez das suas responsabilidades políticas?

A BMW e a Pop Art



A marca de automóveis BMW organiza desde 1975 uma exposição a que chama "Carros de Arte". Este evento consiste, basicamente, em entregar modelos da marca a artistas plásticos para estes transformarem o carro numa obra de arte e expô-la ao público. A mais recente exposição está patente ao público na conhecida estação Grand Central de Nova Iorque e tem apenas quatro exemplares de quatro proeminentes artistas da Pop Art: Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg, Andy Warhol e Frank Stella (na imagem, o único dos quatro artistas ainda vivos). A Pop Art é mesmo isto: pegar em objectos da cultura popular de massas e transformá-los em objectos de intervenção estética.
Para ver a galeria de fotografias dos carros modificados artisticamente, carregar aqui.

The Man is back in Town!


Quando se pensava que Leonard Cohen teria dado o seu último e derradeiro concerto em Portugal no outro ano, eis que somos surpreendidos com a nova vinda do cantor de "Suzanne": 30 de Julho, Pavilhão Atlântico. Bilhetes entre os 30 e os... 75 euros.

terça-feira, 24 de março de 2009

Discos que mudam uma vida - 54


Nick Cave and The Bad Seeds: "From Her to Eternity" (1984)

Mapa de salas


Sabe quantas salas de espectáculos existem em Portugal? Que tipo de programação praticam? Que teatros, auditórios, salas de concertos proliferam por esse país fora, vilas e cidades? Para responder a estas e outras questões similares, surgiu o projecto "Mapa de Salas.Net", um verdadeiro serviço público que disponibiliza a informação essencial sobre a rede de sala nacional de espectáculo. Este projecto online é sobretudo útil para os artistas, programadores culturais e meros curiosos que se interessem por saber que oferta de equipamentos culturais Portugal oferece. E vendo esta amostra que se pretende ser exaustiva e completa, percebemos que Portugal não está assim tão mal servido de estruturas culturais e artísticas (ainda que a distribuição geográfica das mesmas seja mais concentrada no litoral e centro do país). E este já é um bom indicador para o país...

segunda-feira, 23 de março de 2009

O disco "radical" de Amy Winehouse


A vida corre mal a Amy Winehouse. Já não bastava a sua relação tumultuosa com o ex-marido, a sua dependência de drogas, os desacatos com fãs, os constantes cancelamentos de concertos, a vida devassa, entre outros acontecimentos dignos das revistas cor-de-rosa, para agora a sua editora recusar as novas canções da cantora (procedimento algo raro na indústria discográfica comercial). E qual o argumento da editora Island Records para negar o novo material já gravado por Amy? Simplesmente, alegando que as novas músicas não estão à altura das expectativas e que as letras são demasiado "deprimentes e obscuras". Ou seja, a editora cortou pela raiz a genuína vontade da cantora expressar os seus sentimentos da forma que esta achou, artisticamente falando, mais convenientes. Sim, a isto se chama censura.
Nunca fui admirador de Amy Winehouse, mas reconheço-lhe potencialidades vocais para o depurado reportório "soul vintage". E se a Island Records recusou as novas canções de Amy, estou tentado a acreditar que é porque o novo material é mais interessante e denso do que o contido no disco "Back to Black". Isto porque uma editora como a de Amy se rege unicamente por critérios comerciais e raramente por critérios de inovação artística. Com base neste raciocínio, é bem provável que Amy Winehouse possa ter entre mãos um disco bem interessante, "radical" (como lhe chama a editora), numa viragem estilística e artística deveras entusiasmante. Mas a editora prefere mantê-la aprisionada às convenções da previsibilidade comercial. Em suma, o novo disco de Amy poderá ter mais características para ser editado por uma editora independente do que por uma "major". Ironias do destino...

O jornalista-escritor-de-romances-históricos-passíveis-de-adaptação-para-novela-ou-série-de-ficção-televisiva


Qual a febre que deu nos jornalistas portugueses para andarem a escrever romances a torto e a direito (já para não falar de livros sobre figuras famosas e de auto-ajuda)? Que ímpeto literário é esse que se apoderou dos jornalistas televisivos deste país? Depois de Miguel Sousa Tavares, José Rodrigues dos Santos, Júlio Magalhães (e outros que não me lembro), agora é a vez do jornalista da TVI, Pedro Pinto (na imagem), aproveitar a maré e editar um romance histórico com o título “O Último Bandeirante”. Claro que Pedro Pinto já deve estar à espera de um convite da TVI no sentido de adaptar o seu livro para o formato de novela televisiva (filmada em locais exóticos, com um elenco de luxo e com meios de produção "nunca vistos na televisão portuguesa"). É sabido que as figuras públicas, mesmo vindas da área do jornalismo televisivo, representam sempre um trunfo comercial ao lado de um qualquer principiante a ficcionista.
Mais cedo ou mais tarde, é quase certo que chegue a vez da Manuela Moura Guedes escrever também o seu romance histórico, ambicioso e épico, de 800 páginas, sobre a história trágica de uma família monárquica portuguesa que se viu obrigada a emigrar para o Brasil após a implantação da República, com lutas familiares e casos de amores proibidos/impossíveis (riscar o que não interessa). E depois da Manela, que venha a grande obra de ficção do Manuel Luís Goucha (que já escreveu livros, mas só de culinária). As donas de casa agradecem.

domingo, 22 de março de 2009

Bruges: a cidade e o filme


Muitas cidades do mundo serviram como cenários para filmes: Londres, Nova Iorque, Paris, Roma e Berlim são, porventura, as cidades mais filmadas ao longo de décadas de história do cinema. A cidade como cenário, mas também como elemento fulcral de uma determinada história, quase como um personagem. Para além dessas óbvias referências urbanas já citadas, muitas outras cidades (menos conhecidas) têm sido objecto de interesse por parte de realizadores e argumentistas. E, frequentemente, as cidades utilizadas como cenário de um filme servem, também, como motor de promoção turística.
O último caso de uma cidade retratada no cinema e que julgo interessante nos termos em que referi, é o excelente filme "Em Bruges" (2008) do estreante realizador e argumentista Martin McDonagh. O filme é notável na medida em que a cidade da Bélgica funciona como catalisador de toda a história protagonizada por Colin Farrell, Brendan Gleeson (ambos na imagem) e Ralph Fiennes. Nos últimos anos, não me lembro de mais nenhum filme em que uma cidade fosse filmada de forma tão bela, sem que seja apenas mero cenário (como aconteceu com Barcelona no último filme de Woody Allen).
Vendo o filme "Em Bruges", com brilhantes interpretações e um notável argumento (que baralha os registos de comédia negra e thriller), somos tentados a conhecer a própria cidade de Bruges, considerada a Veneza do norte europeu. Pelo que li em foruns da internet, parece mesmo que o turismo da cidade belga aumentou devido ao filme (o próprio site da cidade de Bruges tem um link para o filme, com testemunhos dos actores, entrevistas, fotografias e vídeos). Não admira, visto que Bruges parece ser uma cidade idílica, rica em cultura e património, deslumbrante e irresistível, e foi filmada como se se tratasse de um cenário de conto de fadas (tal como refere, a dada altura, uma personagem do filme). Curioso é o facto da personagem interpretada por Colin Farrell passar o tempo todo a caracterizar Bruges como "shit hole", enquanto que o seu amigo (Brendan Gleeson) aproveita o tempo para desfrutar da impressionante arquitectura medieval e dos museus sumptuosos...

Filmes ilustrados

Justin Reed é um ilustrador e artista gráfico americano. O seu trabalho incide sobre os filmes e a cultura pop, numa linguagem gráfica muito particular. O seu site e uma entrevista com o artista, na qual explica o seu processo criativo.




sábado, 21 de março de 2009

Heath Ledger e o seu último filme desprezado


É uma ironia terrível. O malogrado actor Heath Ledger recebeu o Óscar póstumo há pouco menos de um mês. No entanto, parece que Hollywood não está minimamente interessado em estrear o seu último filme em que participou (na imagem) - "The Imaginarium of Doctor Parnassus" de Terry Gilliam. O filme está terminado e há seis meses que o realizador aguarda por um distribuidor para que possa estrear na sala de cinema. Há até, pasme-se, a possibilidade do filme do ex-Monty Python ser lançado directamente no mercado de DVD. Ledger tinha grande admiração pela criatividade de Terry Gilliam, autor de obras de grande fulgor artístico como "Brazil"(1985) ou "12 Macacos" (1995). Porém, os produtores e empresários do cinema industrial de Hollywood consideram o cinema de Gilliam demasiado "experimental" e com pouca capacidade de projecção comercial, seja com ou sem Heath Ledger no elenco. Ridículo é dizer pouco sobre esta ironia cínica do sistema hollywoodesco...

Filmes futuros

(Carregar na imagem para visualizar melhor)





Cem mil



Foram ultrapassadas as 100.000 visitas às páginas d'O Homem Que Sabia Demasiado, materializadas em 1287 posts e 2181 comentários num período de 15 meses de existência do blogue.
Só posso dizer: obrigado.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A educação pelo cinema - agora em livro


Há quase um ano escrevi sobre o peculiar caso de um pai que educou o filho com recurso aos filmes porque este tinha deixado a escola. Esse relato pode ser lido aqui. Entretanto, leio na edição online do jornal espanhol El País que esse caso resultou em livro. O título é "Educado pelo Cineclube" e conta a incrível experiência de David Gilmour que educou o filho Jesse com filmes de Frank Capra, Luís Buñuel, David Cronenberg ou Oliver Stone. O livro está traduzido em 13 línguas. Esperemos que uma delas seja a portuguesa.
Para ler a reportagem na íntegra, ver aqui.

Francis Ford Coppola, 1963


A década de 1960 foi extremamente pródiga no que diz respeito à produção do cinema de terror, período esse marcado por dezenas de filmes de baixo orçamento, mas com qualidades que marcaram para sempre a história do género. Um dos maiores nomes dos anos 60 associado ao cinema de terror de série B foi Roger Corman. Este realizador apoiou, por seu turno, vários outros cineastas a revelarem o seu talento. Foi o caso de Francis Ford Coppola, que em 1963 realizou o seu primeiro filme – “Dementia 13” – com o apoio e colaboração de Corman. “Dementia 13” é um filme de terror clássico de baixo orçamento, filmado a preto e branco na Irlanda, cenários com castelos góticos e mortes violentas (para a época).
No início dos anos 60, o realizador de “O Padrinho” assinava somente como Francis Coppola, sem o nome intermediário “Ford”, que passou a usar somente mais tarde, a partir de seus filmes seguintes. As semelhanças entre “Dementia 13” e o clássico de terror “Psycho” (1960), realizado três anos antes pelo mestre Alfred Hitchcock, são óbvias, mas o primeiro filme de Coppola, mesmo não sendo uma obra-prima do cinema, tornou-se num filme de culto do género e numa obra única dentro da filmografia de Coppola.
O filme pode ser visto integralmente aqui.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Retrato do artista quando jovem - 7


Pier Paolo Pasolini

Pablo Picasso

Yukio Mishima

Uma Thurman

Steven Spielberg

Roman Polanski

Jean Genet

James Dean

Paul McCartney

David Byrne

Cannes surpreende



A abertura do próximo festival de cinema de Cannes vai ser muito especial e de grande simbolismo: pela primeira vez na sua história de 62 anos, o festival de cinema mais prestigiado do mundo vai abrir, dia 13 de Maio, com um filme de animação (em 3D). Mais concretamente, com a nova criação da Disney-Pixar, "Up". Depois do filme "Wall-E" ter recolhido elogios como nenhum outro antes e de ter sido considerado um marco artístico no cinema de animação (para muitos críticos foi mesmo o melhor filme de 2008), com esta possibilidade do muito aguardado "Up"inaugurar Cannes, significa que está consumada a definitiva certificação de equiparação artística da animação relativamente ao cinema dito normal. E rezam as crónicas que "Up" poderá vir a surpreender ainda mais do que "Wall-E"...

John Zorn de regresso


Um novo disco de John Zorn é sempre um regozijo. Mesmo que este músico de vanguarda já tenha, na sua conta pessoal discográfica, muitas dezenas de álbuns. 2009 conta já com um disco editado, e consta que a sua editora Tzadik vai lançar mais trabalhos do saxofonista ainda no decorrer deste ano. Um ritmo acelerado de edições discográficas acarreta os seus riscos, mas com John Zorn podemos sempre esperar um bom capital de qualidade e surpresa. É o que acontece com o seu recente disco, da longa série "Film Works": "Film Works, Vol. 23: General".
Trata-se da banda sonora de um documentário sobre o general e presidente mexicano Plutarco Elías Calles. Musicalmente, a nova obra de John Zorn (que nem toca, é apenas compositor e arranjador), é irresistível e deliciosa. Longe dos experimentalismos improvisacionais e sónicos a que nos habituou durante anos, o músico de Nova Iorque criou, neste registo, notáveis composições musicais de grande recorte melódico, numa simbiose perfeita entre jazz e o exotismo da música latino-americana. Os músicos que tocaram neste disco são alguns dos habituais colaboradores em diferentes projectos, de há muitos anos, de John Zorn. Ou seja, instrumentistas de excepção: Marc Ribot na guitarra acústica e eléctrica; Rob Burger no acordeão e piano; Kenny Wollesen no vibrafone, marimba e percussões; e Greg Cohen no baixo eléctrico. Uma super banda de músicos talentosos num disco de uma inestimável e viciante sedução sonora.
O disco de Zorn pode ser descarregado aqui.

John Zorn

Díptico 58 - Dia do Pai


"Pai e Filho" de Alexander Sokurov e "Carta ao Pai" de Franz Kafka