quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Livro - futuro incerto


O questionário não tem carácter científico, mas tem um significado próprio: o jornal espanhol El País lançou a pergunta - "Crê que o livro digital irá superar o papel a médio prazo?". Num total de 1600 votantes, 35% acredita que sim, e 64% que não. No entanto, a mesma edição online publica um artigo, a propósito da abertura, hoje, da maior feira do livro do mundo, a Feira do Livro de Frankfurt, em que se assegura que 1000 profissionais do mercado livreiro de 30 países acreditam que daqui a dez anos (2018), o livro em papel será suplantado por diversos formatos e suportes digitais de informação escrita - audiolivro, e-books, DVDs e leitores digitais, como o cada vez mais popular Kindle da Amazon ou o da Sony (na imagem). Como complemento a esta estimativa, 40% dos inquiridos da Feira garantem que o acontecimento no mundo do livro mais importante dos últimos 60 anos foi o "boom" da venda de livros pela internet, que baralhou dramaticamente as regras do mercado de venda de livros a nível global.
Como modesto leitor, e apesar da minha crença nos benefícios que a cibercultura acarreta para a evolução da sociedade, sou da opinião que o objecto livro dificilmente algum dia possa vir a desaparecer. O mercado dos formatos digitais de livros irá crescer e implementar-se nos hábitos de milhões de consumidores em todo o mundo, isso é certo (e cada vez mais nas futuros gerações); mas conviverá, de forma pacífica, com o formato livro tradicional. Não concebo uma livraria ou biblioteca, daqui a 50 ou 100 anos, apenas com formatos digitais expostos nas prateleiras (se é que vai haver exposição destes formatos), em substituição total do objecto físico e cultural que é o livro. Caso contrário, o conceito de biblioteca iria mudar radicalmente. Mas com a febre das novas tecnologias (veja-se o caso do computador português "Magalhães) introduzidas nas escolas e nos hábitos de trabalho dos estudantes de todos os níveis de ensino, vislumbro que o futuro não seja muito animador para a sobrevivência do livro como objecto de consumo cultural. A indústria do livro a nível mundial terá de se adaptar aos novos hábitos de consumo digital e encontrar soluções de compromisso para que Gutenberg não dê voltas no túmulo por causa da eventual morte de um objecto que inventou e que mudou o mundo.

4 comentários:

::Andre:: disse...

Não há nem nunca haverá nada que substitua o prazer de ler em papel...

Anónimo disse...

Nem de ler, nem de escrever em papel.

Se há muita coisa neste mundo que devia mudar, essa não é de certeza uma delas.

José Magalhães disse...

Quem acha que as maquinetas podem substituir livros, com certeza não lêem muitos livros, digo eu.

Mais um produto de consumo da mais perfeita inutilidade mas que justifica o trabalho de umas centenas de pessoas. viva a economia parasitária

Unknown disse...

Esse debate não se faz necessário. As pessoas escolherão naturalmente aquilo que for melhor pra elas. O futuro nos dirá. Qual a utilidade de se debater o fim do livro? Quantas vezes no passado já disseram que o livro não acabaria por conta do computador e outras invenções? E se o livro acabar? Se acabar, acabou. Bola pra frente. Há discussões mais necessárias.