sábado, 31 de janeiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Troca de teses
Uma investigadora espanhola, de 28 anos de idade, fez uma tese de doutoramento sobre um dos mais iconoclastas e vanguardistas realizadores portugueses, João César Monteiro. Como moeda de troca com Espanha, sei que houve um docente da Universidade de Faro que fez uma tese sobre o cineasta espanhol Luís Buñuel. E quem sabe se não haverá algum docente de uma qualquer universidade espanhola que já fez (ou está a fazer) uma tese sobre Manoel de Oliveira? E um investigador português que disserta sobre Pedro Almodóvar, e por aí fora? Isto de os portugueses levarem a cabo estudos sobre os artistas espanhóis e os portugueses sobre artistas “nuestros hermanos”, tem o seu quê de curioso. E de sintomático, também.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
A realidade como paradoxo visual
Cada vez gosto mais de fotografia. Fotografia sem recurso a manipulações digitais, sem grandes efeitos, despojada, mas com conteúdo e forma estética. Fotografia simples do quotidiano, mas com ideias criativas para revelar. É isso, e muito mais, a arte fotográfica do espanhol Chema Madoz, que um dia deitou para trás o emprego que odiava (bancário) e lançou-se a explorar, qual Magrite ou Duchamp, os paradoxos visuais que a realidade quotidiana esconde.
As imagens criadas por Chema Madoz mostram novas dimensões de objectos banais, através do absurdo, do humor, da ironia, da metáfora e do paradoxo. Chema utiliza objectos banais e retira-lhes o sentido original com associações inesperadas, sempre a preto e branco ou tons de sépia, recurso que outorga às suas fotografias um efeito visual desarmante mas muito sugestivo. O próprio fotógrafo - que ganhou em 2000 o Prémio Nacional de Fotografia - explica: "As minhas obras bebem de muitas fontes - da pintura, da escultura, do cinema, da publicidade... de correntes como o dadaísmo, o surrealismo, a arte conceptual ou até certos trabalhos de minimalistas. No meu trabalho fotográfico existem códigos reconhecidos, mas eu falseio a realidade dando-lhe novas interpretações através de novas linguagens visuais."
Eis alguns exemplos:
O culto do vinil
Sem grandes surpresas, o disco de vinil resiste. Não só sobreviveu à avalanche do consumo musical digital (na era do leitor de mp3), como continua a aumentar o índice de vendas. Cada vez há mais compradores e mais edições discográficas de vinil. A velhinha rodela preta (e de outras cores!) sobreviveu à intempérie da cultura digital e, após alguns anos de sobrevivência algo periclitante, o culto do vinil ressurgiu em força no mercado. Apesar de ainda se manter longe do número de vendas dos CDs e da compra online de ficheiros em mp3, a verdade é que as estatísticas revelam que o vinil tem cada vez mais adeptos e as vendas não têm parado de subir (é o que diz o jornal El Mundo). Moda passageira? Revivalismo? Manifesto amor ao objecto? Um culto circunscrito aos coleccionadores nostálgicos? Talvez um bocadinho de tudo isto e algo mais.
Há longos anos que não compro um disco de vinil. Quem sabe agora apanhe este fenómeno em crescendo e volte a sentir a motivação de entrar numa boa loja de discos em segunda mão (e em Portugal há umas quantas bem interessantes) para voltar a colocá-los no gira-discos. Em boa verdade, não há sensação auditiva melhor do que sentir o deslizar da agulha na rodela preta (mesmo quando apanha riscos pelo meio). Foi assim que aprendi a gostar de música.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
O próprio Dalí não faria melhor
Estas duas ilustrações fazem parte de uma campanha de publicidade da agência de publicidade e comunicação Leo Burnett (vale a pena aceder ao site) criou para uma empresa brasileira de investimentos. Baseando-se na pintura surrealista de Salvador Dalí, estas imagens pretendem transmitir uma imagem (e mensagem) sarcástica e crítica sobre a actual crise financeira mundial.
Nota: carreguem nas imagens para poder visualizá-las em grandes dimensões e numa melhor definição. Só assim conseguirão observar todos os incríveis e deliciosos detalhes deste criativo trabalho de publicidade.
Um Woody menor
"Vicky Cristina Barcelona" é uma comédia em piloto automático, um argumento previsível e sem originalidade, uma realização morna e longe dos rasgos de criatividade de outrora do cineasta de Nova Iorque. Woody Allen é exímio a escrever diálogos, criar personagens e situações dramáticas (ou cómicas) de grande intensidade, mas esta última obra do realizador deixou-me completamente indiferente. E é a primeira vez, em muitos anos, que me sinto isso ao ver um filme do Woody Allen (e ainda há dias escrevia sobre a genialidade de um dos seus mais esquecidos filmes).
Os temas do filme são habituais na obra de Woody Allen: encontros e desencontros sentimentais, a procura do amor, dúvidas e incertezas perante romances e paixões, a fragilidade das relações amorosas, etc. Mas o realizador já fez melhor, muitíssimo melhor. O narrador é profundamente monótono e só atrapalha o desenrolar da história, as belas imagens da cidade de Barcelona mais parecem postais ilustrados do que cenários da acção. Salvam-se as óptimas interpretações de Javier Bardem, Scarlett Johansson, Penélope Cruz (nomeada ao Óscar por esta interpretação) e, sobretudo, da ainda pouco conhecida actriz Rebecca Hall, que me parece uma actriz que emana reminiscências de uma Diane Keaton ou Mia Farrow.
"Vicky Cristina Barcelona" é uma comédia, a espaços divertida, mas genericamente desinteressante, longe da profundidade e grandeza artística de outras obras recentes de Woody Allen, como o espantoso "Match Point" (2005) ou "Cassandra's Dream", como referi aqui.
Fios de tinta na tela
Se fosse vivo, Jackson Pollock faria hoje 96 anos. No entanto, morreu muito mais cedo, com uns ainda jovens 44 anos. O mestre do Expressionismo Abstracto sempre me fascinou. A visão insubmissa que tinha da arte era todo um programa de intervenção, de subversão de cânones instituídos. A inovação do processo criativo através da "action painting" revelou-se um dos mais originais e influentes paradigmas artísticos da pintura do século XX. Os fios de tinta que Pollock atirava para a tela, de forma aleatória (mas com um sentido estético assumido), eram fios da vida, aqueles fios que durante anos estiveram quase a quebrar-se com as sucessivas depressões e devaneios existenciais do artista. Pollock viveu e trabalhou sempre no fio da navalha.
O actor Ed Harris realizou (e interpretou), em 2000, o filme "Pollock", um brilhante retrato do artista plástico. Um dos momentos mais sublimes da película diz respeito ao momento em que, em total crise de inspiração, mostra Jackson Pollock a olhar para uma tela branca na parede, sem saber muito bem por onde começar a pintar. De repente, uns pingos de tinta caem de uma lata, molhando uma tela no chão. Pollock olha, não sem deslumbre, para o efeito visual desses pingos. É então que, com a sua habitual fúria, atira uma enorme tela para o chão e, sem grandes conceptualizações, começa a implementar a técnica da "action painting". É uma sequência sublime que revela a luta interior de um artista consigo mesmo, à procura de um sentido para o seu trabalho e, em última análise, para a sua própria vida.
Updike e as fotografias
Excelente homenagem - em modo fotográfico - ao escritor John Updike, falecido ontem. A edição online do jornal inglês The Guardian publica 15 magníficas fotografias do escritor (com respectivos comentários), enquanto jovem e em diferentes momentos da sua vida familiar e profissional. Aqui.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Goya - colossal engano
Os especialistas em arte já tinham manifestado desconfiança pela verdadeira autoria do célebre quadro "O Colosso" de Francisco de Goya no Verão de 2008. Agora, fruto de uma minuciosa investigação levada a cabo pelo Museu do Prado de Madrid, chegou-se à conclusão que um dos ícones do pintor espanhol Goya, não é da sua autoria, mas sim de um discípulo. Ou seja, "O Colosso" é uma pintura "goyana", mas não é obra de Goya. As coisas que se descobrem hoje em dia...
O que tem a "religião" a ver com isto?
No sábado, 24, o papa Bento XVI reabilitou quatro bispos tradicionalistas que lideram uma tal de Sociedade de São Pio X (fundada em 1970), que tem 600 mil membros ultra-conservadores e de ultra-direita que rejeitam a doutrina e as crenças da Igreja Católica Apostólica Romana. E qual o interesse disto? Richard Williamson (na imagem), um desses quatro bispos, fez declarações a uma televisão sueca nas quais negava a versão histórica do Holocausto, referindo, taxativamente, que as câmaras de gás nunca existiram e que nunca foram mortos 6 milhões de Judeus (no máximo, uns meros 200 mil, diz o bispo). A decisão do papa Bento XVI de reabilitar um bispo que nega a amplitude do Holocausto foi um duro golpe para a comunidade judaica, principalmente porque o papa é alemão, afirmou o Conselho Central de Judeus da Alemanha.
Que comentário fazer perante tamanha barbaridade? É tão chocante a afirmação do bispo Williamson como o respectivo beneplácito do próprio papa. Duvido que João Paulo II reabilitasse um bispo que defendesse a negação do Genocídio judeu. Mas sabemos que Joseph Ratzinger é alemão e este terá sido um factor determinante para a conivência com o bispo (a dedução é simples: se Ratzinger reabilitou os bispos dessa obscura Sociedade de São Pio X que nega o Holocausto, é porque concorda com eles). Ou seja, o anti-semitismo enraizado numa estrutura religiosa, ainda que disfarçadamente. A negação pública do Holocausto deveria ser crime, mais ainda, vinda de um líder religioso com responsabilidades na hierarquia da Igreja e que responde perante uma comunidade de 600 mil membros (que provavelmente pensam da mesma forma que Richard Williamson).
Nota: este assunto tem ainda mais relevo pelo facto de se comemorar, hoje dia 27 de Janeiro, o Dia Internacional da Memória do Holocausto (instituído pelas Nações Unidas).
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
A música no cinema de Tarkovski
É um ensaio imperdível para quem gosta de música em geral e de cinema em particular. E mais em particular ainda, do cinema do russo Andrei Tarkovski (imagem à direita). Chama-se "A Criação Musical de Andrei Tarkovski" e está disponível, em documento PDF, aqui. Tal como o título deixa transparecer, trata-se de um ensaio, relativamente aprofundado e extenso, sobre a relação entre o cinema de Tarkovski e a música (e os sons). Uma relação extremamente rica e versátil pela qual sempre se pautou o exigente e formalista cinema do cineasta de "Stalker". O autor deste estudo é o crítico e investigador espanhol Paco Yáñez (imagem à esquerda).
Paco Yáñez explora individualmente cada um dos sete filmes do mestre russo, identificando as múltiplas formas expressivas que a música e os sons desempenham em cada um desses filmes. A linguagem está longe de ser académica ou conceptual, facto que facilita a leitura e a compreensão geral do ensaio. Um excerto: "A música para Tarkovski deveria fazer parte da paisagem cinematográfica existente em cada filme, contribuindo para uma carga conceptual e estética de uma extraordinária coerência em todos as suas obras. Todos os seus filmes constituem, em conjunto, um processo de depuração sonora paradigmática, que considero merecedor de análise pormenorizada a uma obra de cinema única em todo o século XX."
Paco Yáñez explora individualmente cada um dos sete filmes do mestre russo, identificando as múltiplas formas expressivas que a música e os sons desempenham em cada um desses filmes. A linguagem está longe de ser académica ou conceptual, facto que facilita a leitura e a compreensão geral do ensaio. Um excerto: "A música para Tarkovski deveria fazer parte da paisagem cinematográfica existente em cada filme, contribuindo para uma carga conceptual e estética de uma extraordinária coerência em todos as suas obras. Todos os seus filmes constituem, em conjunto, um processo de depuração sonora paradigmática, que considero merecedor de análise pormenorizada a uma obra de cinema única em todo o século XX."
Corpos que voam
O fotógrafo francês Denis Darzacq ganhou, com esta série de fotografias, o primeiro prémio do World Press Photo em 2007. São corpos suspensos no ar como esculturas humanas que desconcertam o olhar. Corpos humanos que, aparentemente, desafiam a gravidade em movimentos disformes, em voos que parecem incertos. As fotografias de Darzacq revelam um novo olhar sobre o corpo humano descontextualizado dos seus contornos físicos habituais. Darzacq não utiliza nenhum truque de software digital como o Photoshop. São fotografias tiradas no cenário real que cada imagem revela. Os jovens lançam-se ao ar em manobras físicas que lembram as dos ginastas profissionais. E o fotógrafo francês capta esses corpos em desequilíbrio no ar, congelando o momento mais inesperado da situação.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Um certo vazio da blogosfera
É um dos artigos mais inteligentes, incisivos e verdadeiros que li recentemente sobre o estado da blogosfera portuguesa. Foi escrito por um dos críticos de cinema que me habituei a ler e respeitar há, pelo menos, 20 anos. É também co-autor do influente blogue Sound + Vision: João Lopes. Na sequência de uma polémica acerca do novo filme de Woody Allen (sobre uma citação de Lopes utilizada, erroneamente, pelo blogue Cinema Notebook), João Lopes disserta sobre a condição de certos blogues que desvirtuam a democraticidade que deveria prevalecer no mundo virtual. É um artigo de opinião certeiro, apesar de uma certa amargura e desencanto que perpassa nesta espécie de desabafo.
O títutlo do texto é paradigmático - "A Degradação da Blogosfera" e nele o jornalista e crítico diz isto (é sempre arriscado retirar uma frase do seu contexto): "A blogosfera está cada vez mais dominada e, em grande parte, degradada, por uma profunda deseducação: são muito poucos os que procuram o confronto de ideias; quase todos alimentam o conflito."
Livros de mais
Este livro, sintomaticamente intitulado "Livros de Mais", de Gabriel Zaid, vai ao encontro que que escrevi aqui sobre o excesso de produção editorial em Portugal. Este livro vai mais longe e explora os paradoxos da edição mundial, as virtudes e inconvenientes da abundância editorial a nível planetário. O autor refere que, no fim de cada ano, existe mais de um milhão de títulos novos nas livrarias e bibliotecas, o que equivale que, a cada 30 segundos, um livro novo é colocado à venda. O negócio frenético em volta do negócio editorial envolve múltiplas variáveis, e urge saber se o leitor mais sôfrego consegue, minimamente, acompanhar as novidades editoriais. Claro que não consegue. Mesmo o leitor mais compulsivo e atento ao mercado só conseguirá ler, durante toda a sua vida, uma ínfima parcela de livros do bolo geral. Haverá sempre milhares de livros que lhe interessam mas que, por falta de tempo e disponibilidade, nunca conseguirá lê-los. E terá de estar permanentemente informado sobre as novidades editoriais.
Este livro de Gabriel Zaid vem de certo modo, complementar um ensaio do célebre crítico literário Harold Bloom, intitulado "Como Ler e Porquê" (Editorial Caminho, 2001), no qual partia da seguinte premissa: "Não há uma forma única de ler bem, apesar de existir uma razão fundamental para ler. A informação é-nos infinitamente disponível, mas onde poderemos encontrar a sabedoria?" Aí está o cerne da questão.
Oferta livreira
Quase 2 mil livros para descarregar, gratuitamente, em formato PDF: Fernando Pessoa, Shakespeare, Oscar Wilde, Eça de Queiroz, Rimbaud, Thomas Mann, Cervantes, James Joyce, Kafka, Machado de Assis, entre muitos outros escritores de renome nacional e mundial. Link.
Coraline
Estreia daqui a menos de um mês (mais propriamente a 19 de Fevereiro) o muito aguardado filme de animação "Coraline", a nova fantasia de Henry Selick, realizador do aclamado "O Estranho Mundo de Jack". A adaptação e tradução portuguesa está a cargo do Nuno Markl, que teve uma recente experiência bem sucedida com o filme "Bee Movie - A História de Uma Abelha". Segundo conta no seu blogue, Nuno Markl refere que "Coraline" é uma obra-prima e que o processo de tradução e dobragem está num bom ritmo. Não duvido. A história do filme é simples mas cheia de potencialidades dramáticas: uma menina descobre um dia uma porta secreta no seu quarto que dá acesso, através de um túnel, a um mundo desconhecido... a ideia não é propriamente original, mas a técnica de animação "stop motion" com a ajuda da tecnologia digital e a imaginação visual fértil de Selick, farão deste "Coraline" um novo marco dentro do género.
A música original é do francês Bruno Coulais e dos sempre irresistíveis They Might Be Giants. E vale muito a pena explorar o magnífico site oficial do filme, uma prodigiosa maravilha visual e interactiva onde se descobrem coisas fascinantes sobre a concepção do filme. Site
Já vi o trailer no cinema e fiquei deslumbrado com a qualidade visual do filme, que não é visível no trailer da internet:
sábado, 24 de janeiro de 2009
O império do efémero
A designer de moda Ana Salazar revelou ao semanário Expresso que o livro da sua vida é "O Império do Efémero" do filósofo francês Gilles Lipovetsky. Saúdo a excelente escolha, mais a mais, pelo facto do livro em questão ser um ensaio sociológico e cultural que arrasa a sociedade de consumo em todas as suas manifestações (nas quais se inclui a moda). E para quem, como Ana Salazar, se movimenta profissionalmente no mundo da moda há 30 anos - que é um dos fenómenos desse "império do efémero" - o livro escolhido pela estilista revela distanciamento crítico e pertinência intelectual.
The great art of films
"The great art of films does not consist of descriptive movement of face and body but in the movements of thought and soul transmitted in a kind of intense isolation. Most beautiful dumb girls think they are smart and get away with it, only because other people, on the whole, aren't much smarter.”
Lousie Brooks (1906 - 1985)
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Filmes trigémeos
O Ípsilon de hoje publica uma interessante reportagem sobre próximos filmes de Hollywood que o jornal apelida de gémeos? E porquê filmes gémeos? Porque, já não bastava a avalanche de remakes que está anunciada, agora a moda dos produtores é de fazer dois filmes sobre o mesmo assunto (ou a mesma personagem). Basicamente, vão ser "bio-pics" de personalidades famosas. Por conseguinte, ficamos a saber que nos próximos tempos vamos poder ver dois filmes diferentes sobre a vida de Sherlock Holmes, dois filmes diferentes sobre Coco Chanel e dois filmes diferentes sobre Pablo Escobar (narcotraficante).
A competição está lançada. Mas o facto curioso é que, para além desta série de filmes “gémeos”, Hollywood vai produzir filmes trigémeos! Ou seja, três produções distintas para um só tema/personagem: Salvador Dalí. O pintor surrealista espanhol irá ser interpretado por três actores completamente diferentes: Antonio Banderas, Al Pacino e Robert Pattinson (jovem actor que protagonizou o filme “Crepúsculo”). De uma assentada, três filmes de cariz biográfico sobre o mestre da provocação! Em suma: Hollywood fervilha de ideias originais -produção em série de remakes e de filmes “gémeos” e trigémeos. O futuro promete, portanto.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
A noite na terra segundo Jarmusch
Revi o magnífico filme "Night on Earth" de Jim Jarmusch. Cinco irresistíveis histórias que se passam em cinco cidades diferentes do mundo, durante a noite, e em outros tantos táxis. Apenas isto. E tanto cinema lá dentro. E música, claro. E que música. A começar pelo belíssimo genérico, com a esplêndida canção "Back in the Good Old World" de Tom Waits. Uma pessoa vê e ouve um genérico inicial de filme como este e fica-se logo com uma certeza: o filme só pode ser muito bom. E é, na realidade, um filme espantosamente muito bom.
U2 e as capas de discos
E por esta ninguém esperava! O que une e distingue estas duas imagens? Ambas correspondem a capas de discos baseados numa mesma fotografia do fotógrafo e designer japonês Hiroshi Sugimoto. A capa de cima corresponde à capa do álbum "Specification Fifteen", disco de música electrónica ambiental do duo Taylor Deupree y Richard Chartier. Foi editado em 2006. A imagem em baixo foi divulgada há dias como sendo a futura capa do novo e muito aguardado disco dos U2 - "No Line on The Horizon".
Qual a diferença com a capa de cima? Aparentemente, Sugimoto acrescentou apenas as duas barras horizontais no centro da fotografia, e pronto. Quem ficou surpreendido e maravilhado com o design gráfico minimalista e abstracto desta capa dos U2, terá agora motivos para ficar ainda mais perplexo perante esta flagrante falta de originalidade. Ainda nenhuma das partes envolvidas neste processo criativo (músicos e fotógrafo) veio a terreiro explicar este estranho acontecimento. No entanto, já circulam pela net acusações veladas de auto-plágio de Sugimoto e de displicência criativa dos próprios U2. Agora só esperemos que este processo de pouca transparência não seja transposto para o conteúdo do disco, ou seja, para a música...
Um concerto associado a um filme
Recebi um mail a promover um concerto dos Wraygunn na Aula Magna, em Lisboa, no dia 31 de Janeiro, que finaliza assim: “Um concerto dos Wraygunn é como assistir a “Lost Highway”, de David Lynch. É um murro no estômago. Um turbilhão de adrenalina e energia”. Não deixa de ser curiosa esta analogia entre um concerto de música e um filme. Aliás, que me lembre, é mesmo a primeira vez que vejo uma comparação deste teor no âmbito da divulgação formal de um espectáculo musical. E com tamanha veemência - o filme de Lynch é um murro no estômago, a música dos Wraygunn também. No entanto, esta associação pode revelar-se tão profícua para a banda quanto contraproducente. Basta que alguém não morra de amores pelos delírios visuais do realizador para, à partida, ser um potencial detractor do grupo de Paulo Furtado.
Seguindo a mesma lógica de relações, que filme seria indicado para promover um concerto do Leonard Cohen? E dos Massive Attack? E dos Tindersticks? E de Mike Patton? E de Anthony Braxton? E dos Dead Can Dance? Bem, se calhar, com um bocadinho de esforço e de imaginação, nem se tornará muito difícil atribuir um filme para cada um destes artistas...
Educação musical
O que pode acontecer quando pais inconscientes obrigam uma criança indefesa a ouvir a música "Kommienezuspadt" de Tom Waits? Pode acontecer isto:
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Músicas memoráveis de séries televisivas
Sem grandes demoras nem justificações, eis as minhas músicas preferidas de séries de televisão (aqueles genéricos que ficaram retidos na memória, independentemente da qualidade das séries). Título da série, respectivo compositor e ordem de preferência:
10 - Dallas - Jerrold Immel
9 - The Love Boat - Paul Williams and Charles Fox
8 - The A-Team - Mike Post
7 - Bonanza - Jay Livingston and Ray Evans
6 - The Simpsons - Danny Elfman
5 - The Muppet Show - Jim Henson and Sam Pottle
4 - Mission:Impossible - Lalo Schifrin
3 - The Twillight Zone - Bernard Hermmann
2 - Hill Street Blues - Mike Post
1 - The Pink Panther - Henry Mancini
10 - Dallas - Jerrold Immel
9 - The Love Boat - Paul Williams and Charles Fox
8 - The A-Team - Mike Post
7 - Bonanza - Jay Livingston and Ray Evans
6 - The Simpsons - Danny Elfman
5 - The Muppet Show - Jim Henson and Sam Pottle
4 - Mission:Impossible - Lalo Schifrin
3 - The Twillight Zone - Bernard Hermmann
2 - Hill Street Blues - Mike Post
1 - The Pink Panther - Henry Mancini
Bónus:
Space 1999 - Barry Gray
Twin Peaks - Angelo Badalamenti
U2 afinam por novo diapasão?
Era previsível a controvérsia. “Get On Your Boots”, single extraído do novo álbum “No Line On The Horizon”, dos U2, foi lançado há dias e tem gerado reacções contraditórias. Por se tratar de um tema de tendência mais rock, com riffs mais pesados e ritmo tenso, os fãs acostumados à veia pop do grupo de Bono, ficaram desiludidos. Por outro lado, os amantes do rock mais enérgico e alternativo, saúdam esta aparente viragem de estilo dos U2. Mas ainda é cedo para avaliar o verdadeiro rumo estético deste novo disco dos U2.
Da parte que me toca, a música “Get On Your Boots” não me desagradou, mas também não me exaltou sobremaneira. Fiquei como que na expectativa do que poderá ser o resto do novo disco. Palpita-me que o guitarrista The Edge, que considero um dos melhores guitarristas rock dos últimos 25 anos, vai de certeza ter um papel fundamental na sonoridade do álbum “No Line On The Horizon” (editado dia 3 de Março). Para ouvi o tema, ir ao site da banda.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
O grito de Tarzan
Quando era miúdo adorava ver filmes do Tarzan. Mais do que qualquer outro super-herói, era Tarzan que exercia em mim um fascínio inexplicável: o homem que vivia entre macacos e na selva indómita, detentor de uma destreza física única, nadador exímio e, não menos importante, capaz de emitir aquele mítico grito que eu e os meus amigos de infância imitámos tantas vezes nas brincadeiras. Esse grito, que seria reproduzido por todos os Tarzans subsequentes, não passava, segundo uma teoria, de uma hábil mistura sonora dos sons de um barítono, uma soprano e de cães treinados (!). Os filmes de Tarzan, da macaca Chita e da bela Jane eram películas a preto e branco transmitidas aos sábados à tarde, momentos sagrados para assistir às incríveis aventuras do chamado Homem-Macaco. A luta de Tarzan com tigres e leões, os saltos de árvore em árvore, os mergulhos no rio, as lutas hercúleas com crocodilos, a subida de Tarzan pelo Empire State Building acima, são apenas algumas inesquecíveis sequências gravadas na memória.
Houve dezenas de actores que interpretaram a figura criada, em 1912, pelo escritor Edgar Rice Burroughs, mas nenhum se compara ao carisma de Johnny Weissmuller, o mais famoso Tarzan da história de Hollywood. Ex-nadador olímpico, medalhado com 5 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris e Amesterdão, entrou no mundo do cinema quase por acaso.
Weissmuller participou, a partir de 1931, em doze filmes de Tarzan, imortalizando esta figura da cultura popular do século XX. Apesar da sua invejável condição física, tinha um coração fraco, sofrendo vários ataques cardíacos com idade avançada. Morreu aos 79 anos, longe dos dias de glória, no dia 20 de Janeiro de 1984, há precisamente 25 anos (no seu funeral, Johnny Weissmuller pediu que soasse o célebre grito de Tarzan, o qual sempre defendeu ser uma criação dele).
Quem matou Nancy?
O ícone da cultura punk, Sid Vicious, ex-Sex Pistols, foi sempre uma espécie de mistério. Não tanto pela movimento punk em si e tudo o que significou em termos de ruptura estética, mas mais pela suspeita (nunca resolvida) da morte da namorada, Nancy Spungen, com quem viveu um romance alucinado.
Ambos formaram o casal típico de rebeldes sem causa, dinamitando convenções sociais e envolvendo-se num submundo de drogas, álcool e violência. Nancy era uma toxicodependente (viciada em heroína) e uma prostituta a tempo parcial, mas nem por isso Sid Vicious deixou de se apaixonar por ela. Os amigos de Sid tentaram afastá-la dele, sobretudo os outros elementos dos Sex Pistols. Em vão.
Após o fim da banda que iniciou o tumultuoso movimento punk em Londres, Sid foi morar com Nancy para Nova Iorque, no mítico hotel Chelsea, em 1978. Num casal com temperamentos explosivos, havia discussões sérias e, um certo dia (Outubro de 1978), Sid Vicious encontrou a namorada morta na banheira do quarto nº100 do hotel, com uma fatal facada no abdómen. Versões contraditórias alimentaram a imprensa: Sid estaria drogado e matou Nancy; um traficante que vivia no hotel teria assassinado a jovem; uma terceira versão refere que Nancy se suicidou ou que ambos tinham um pacto suicida. Sid Vicious foi preso e acusado de homicídio. Tentou suicidar-se várias vezes na prisão e consta-se que escreveu poesias e músicas em homenagem à namorada.
Após o fim da banda que iniciou o tumultuoso movimento punk em Londres, Sid foi morar com Nancy para Nova Iorque, no mítico hotel Chelsea, em 1978. Num casal com temperamentos explosivos, havia discussões sérias e, um certo dia (Outubro de 1978), Sid Vicious encontrou a namorada morta na banheira do quarto nº100 do hotel, com uma fatal facada no abdómen. Versões contraditórias alimentaram a imprensa: Sid estaria drogado e matou Nancy; um traficante que vivia no hotel teria assassinado a jovem; uma terceira versão refere que Nancy se suicidou ou que ambos tinham um pacto suicida. Sid Vicious foi preso e acusado de homicídio. Tentou suicidar-se várias vezes na prisão e consta-se que escreveu poesias e músicas em homenagem à namorada.
Sem provas conclusivas, a justiça libertou o músico e, em Fevereiro de 1979, com apenas 21 anos, Sid Vicious injecta uma dose letal de heroína, morrendo de overdose. "Vive rápido e deixa um cadáver bonito", a máxima da cultura hedonista herdada do primeiro mártir da cultura pop, James Dean.
Mais de 30 anos depois, a dúvida subsiste: quais as verdadeiras causas de morte de Nancy Spungen? Quem a matou e porquê? Sid teve alguma responsabilidade na morte da namorada? Para tentar responder a estas e outras perguntas, o realizador Allan G. Parker (não confundir com o outro cineasta Alan Parker), realizou o documentário "Who Killed Nancy?".
Parker já tinha feito há três anos um documentário sobre a carreira de outra decisiva banda do punk, os Clash, e com este seu documentário explora os contornos misteriosos da morte da namorada do baixista dos Sex Pistols.
O trailer é suficientemente interessante para suscitar o reavivar da memória histórica do movimento de contracultura punk e de procurar pistas concretas sobre o envolvimento (ou não) de Vicious na morte de Nancy. Mais de 100 entrevistas a personalidades, directa e indirectamente ligadas ao caso, montagem de imagens de arquivo com animação 3D, fazem deste "Who Killed Nancy?", um documentário audaz em termos formais.
A relação tumultuosa e alucinada entre Sid e Nancy foi levada ao cinema em 1986, por Alex Cox, com um estreante Gary Oldman na pele de Sid Vicious e Chole Webb como Nancy Spungen. O filme chama-se "Sid & Nancy: O Amor Mata".
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
João Aguardela: o fim antes do tempo
Conheci-o em finais dos anos 80, quando João Aguardela gozava o sucesso dos Sitiados e o hit "Esta Vida de Marinheiro" tocava em tudo quanto era rádio. Na altura, confesso, pareceu-me um músico presunçoso e pouco afável. Anos mais tarde, já os anos 90 decorriam, encontrei-me com ele duas vezes e trocámos correspondência. A tal ideia de presunção fora, afinal, meramente passageira. João Aguardela mostrara-se humilde e atencioso. Trocámos correspondência algumas vezes e sempre se interessou pelo meu trabalho musical. Megafone era o seu projecto musical mais pessoal (juntamente com o projecto de música electrónica Groovebox), aquele em que o músico mais se empenhou em criar uma linguagem estética nova a partir da conjugação da tradição musical portuguesa com ritmos electrónicos. Lançou quatro discos como Megafone, quatro manifestos magníficos de criatividade e invenção sonora, misturando recolhas musicais do etnomusicólogo José Alberto Sardinha com sonoridades drum'n'bass. Há três anos surgiu o projecto A Naifa, que projectou João Aguardela para a ribalta mediática que tinha conhecido, muitos anos antes, com os Sitiados. Uma banda que procurou (procura) outorgar à musicalidade portuguesa uma modernidade inaudita e original, uma sensibilidade pop contemporânea. Mais uma vez, Aguardela colocava a cultura portuguesa em primeiro plano sem esquecer o ensejo de inovação estética, à semelhança das correntes pop de vanguarda que corriam lá fora.
Vi o João, pela última vez, há menos de um ano atrás, no momento em que se preparava para fazer o "check sound" de um concerto d'A Naifa no Teatro Municipal da Guarda. Falámos cinco minutos. Estava magríssimo e nem sequer ousei, por pudor, perguntar-lhe pela doença que padecia (cancro do estômago). Mas o João, naturalmente, disse-me que já se encontrava em recuperação após a extracção de uma porção do estômago. Engoli em seco e desejei-lhe as maiores felicidades pessoais e profissionais (para o concerto dessa noite). O concerto d'A Naifa foi magnífico. Uns meses mais tarde, perto do Verão de 2008, vi uma reportagem na televisão sobre um espectáculo d'A Naifa. Reparei que o João Aguardela já não tocava viola-baixo na banda. Tinha sido substituído, pelo que depreendi que o seu estado de saúde se tinha deteriorado...
Desde essa altura, nunca mais ouvi falar do João. Mas confesso, agora com tristeza, que por vezes pensava como andaria a saúde do Aguardela sempre que ouvia A Naifa. As minhas filhas (6 e 9 anos) são fãs e conhecem as canções de cor. Mas no meu íntimo, temia o pior. Que o Aguardela já não tivesse forças para lançar um novo disco com A Naifa, ou com Megafone ou... Até que hoje leio a notícia da sua morte, aos 39 anos.
Um país que venera siglas como CR7, figuras como Tony Carreira e quejandos, mas que ignora um músico que contribuiu para solidificar uma certa ideia de identidade musical portuguesa, não merece muito respeito.
Paz à sua alma. E agora, em jeito humilde de homenagem, ouça-se, em alto volume, "Señoritas":
Dalí: 20 anos
No próximo dia 23 de Janeiro, assinalam-se 20 anos da morte do pintor espanhol Salvador Dalí, expoente máximo do surrealismo e um dos artistas mais influentes de todo o século XX. Amado e odiado em igual proporção, a figura polémica e provocadora de Dalí daria um filme (não sei como ainda nenhum produtor se lembrou disto), dada a excentricidade da sua obra e da sua vida. O próprio julgava-se possuído por duas características: a genialidade e a loucura. Era bem capaz de ter razão e nem sei qual dessas duas pesava mais na sua vida pessoal e artística. A sua importância não se restringe à pintura. A sua visão artística original foi colocada ao serviço do cinema, através de duas colaborações com o realizador Luís Buñuel ("Un Chien Andalou" e "L'Age D'or"), Alfred Hitchcock ("Spellbound", 1945) e Walt Disney ("Destino", lançado postumamente em 2003).
Um dos seus quadros mais famosos, "A Persistência da Memória" (1931), é uma obra espantosa sobre a importância do tempo e da memória no ser humano. Contudo, segundo o artista, este quadro resultado, apenas, de uma reflexão sobre a natureza do queijo Camembert... A sua musa e companheira durante décadas, Gala, após ter visto concluído o quadro dos relógios flácidos, disse a Dalí: "Quem quer que veja este quadro nunca mais o esquecerá".
Dalí, personalidade ímpar, megalómana, excêntrica, egocêntrica, insurrecta, deixou o mundo há 20 anos. O artista provocador que um dia disse: "Com seis anos de idade eu queria ser cozinheiro. Aos sete queria ser Napoleão. E minha ambição nunca parou de crescer desde então".
domingo, 18 de janeiro de 2009
Já viram o filme "Surf Nazis Must Die"?
A história do cinema está recheada de curiosidades irresistíveis. Como os títulos de filmes, por exemplo. Há títulos de filmes tão improváveis e bizarros que nem o rei da série B (ou Z, conforma a perspectiva) Ed Wood se lembraria. Todos os títulos de filmes listados em baixo correspondem, quase todos (excepção ao filme de Kubrick), a filmes de baixo orçamento e conotados com produções independentes de fraca criatividade. Não é um dado científico, mas poderá indiciar que, quanto mais estranho e ridículo for o título de um filme, mais probabilidade de se tratar de uma película medíocre e absolutamente dispensável (basta uma ida rápida ao Imdb.com para constatar isso mesmo). É certo que alguns filmes são paródias, tornando aceitável a originalidade do título, mas outros há que pretendem ser sérios, e aí o caso toma outras proporções. Por outro lado, os filmes com títulos patéticos levam-me a perguntar quem é que irá ver filmes ao cinema (ou comprará em DVD) cujos títulos sejam como estes:
- The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies
- Mexican Wrestling Women vs. the Aztec Mummy
- Assault of the Killer Bimbos
- Surf Nazis Must Die
- I Spit on Your Grave
- Cannibal Women in the Avocado Jungle of Death
- Attack of the Killer Refridgerator
- Fat Guy Goes Nutzoid -Revenge of the Middle
- The Man Who Loved Cat Dancing
- The Man Who Slept
- I Eat Your Skin
- I Love Pinochet
- Say I Love You, But Whisper
- Say I Love You, But Whisper
- The Little Fat Rascal
- Soggy Penis Syndrome
- A Vagina for Christmas
- The Asian Turtle Crisis
- The Attack of the Killer Tomatoes
- Violent Shit II
- Chopper Chicks in Zombietown
- Why We Had to Kill Bitch
- The Idiot of the Mountains
- Her Silent Wow
- Three Men And A Barbie
- Jurassic Pork
- Hitler Meets Christ
- Pocahotass
- Johnny Pneumatic
- Doing John Malkovich
- The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies
- My Dinner with Andre
- Billy the Kid Vs. Dracula
- Billy the Kid Vs. Dracula
- Full Body Massage
- Attack of the Giant Leeches
- Bride of the Gorilla
- Natural Born Jigglers
- Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb
- Saga of the Viking Women and Their Voyage to the Waters of the Great Sea Serpent
Einstein da música?
Nico Muhly soma e segue. E de que maneira. Falei dele em Agosto do outro ano neste tópico. Um (miúdo) músico de 26 anos que já tem uma carreira musical invejável mas que ainda tem muito para dar no futuro. De tal forma que a imprensa internacional o designa como "Einstein da música". Certamente uma afirmação ousada e excessiva, mas que só o tempo poderá, ou não, dar razão. Depois de ter trabalho com Philip Glass na banda sonora do filme "As Horas", Nico Muhly não mais parou. Com um pé na música erudita contemporânea e outro na pop electrónica mais sofisticada, Muhly editou dois discos notáveis que lhe valeram reconhecimento internacional, colaborou com Björk, Grizzly Bear, Antony and the Johnsons, e arrisca-se a que a sua mais recente composição original seja candidata ao Óscar de melhor banda sonora (com o filme "The Reader" de Stephen Daldry).
Como se não fosse suficiente volume de trabalho e de mediatismo para um jovem de 26 anos, Nico Muhly foi convidado pela Ópera Metropolitana de Nova Iorque para compor uma ópera, o New York City Ballet utilizou a sua música para um bailado e o museu Guggenheim encomendou-lhe uma criação musical original. Quem lida com Nico Muhly garante espantar-se com a sua versatilidade criativa e com a sua hiperactividade. Muhly, que continua a manter uma postura de miúdo irreverente, não se preocupa com o mediatismo gerado à sua volta. Apenas a música se revela o centro da sua atenção.
Apesar do inegável talento do músico e compositor, veremos se, quando chegar aos 30 anos, ainda se falará do "Einstein da música" ou se, pelo contrário, poucos se lembrarão dele (estou mais propenso a prever um meio termo).
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