sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Fellini: 15 anos depois
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
O que é a violência?
A vida regrada do MEC
Livros do Brasil
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Buñuel na memória
Música velha para geração nova?

Skellington cantado por Marilyn Manson
terça-feira, 28 de outubro de 2008
A tartaruga musical

segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Um coração (bem) selvagem

E a violência. A violência que brota do momento mais inesperado e insuspeito. Uma violência insana, como nos habituou Lynch em tantos outros filmes. Basta ver os dois primeiros minutos de "Um Coração Selvagem". Em pouco mais de 138 segundos, logo após o final do genérico, o realizador expõe todo um programa de violência visual que incomodou tanta gente à altura da estreia. E veja-se (ouça-se) como Lynch transforma o ambiente inicial que se julga pacífico e inconsequente (com um clássico do jazz de fundo), para uma cena de terrível brutalidade ao som de uma banda de heavy metal. É Lynch em estado puro e duro:
Pitchfork em livro

domingo, 26 de outubro de 2008
A música num conceito comercial diferente

Apesar da música ser passada nas lojas comerciais sem quaisquer critérios (sejam eles quais forem), há ainda algumas excepções. É o caso da loja Natura, especializada em artesanato do mundo. Em qualquer centro comercial há, habitualmente, uma loja Natura (conhecida também por ter um urso em tamanho real à porta). O cliente sabe que esta loja é especial e diferente de qualquer outra. A decoração do espaço, os agradáveis aromas do ar (devido às fragrâncias e velas que a loja vende), a cor e a iluminação e, sobretudo, a música, ajudam a criar um conceito de identidade comercial muito próprio. Os técnicos de comunicação e marketing souberam trabalhar a imagem desta loja, porque todos os pormenores são importantes. Mas eu queria realçar a importância que a música desempenha para o espírito da Natura: sempre que entro numa destas lojas a música que se ouve é sempre excelente e adaptada ao conceito da loja. Como a Natura vende essencialmente produtos e objectos (decoração, roupa...) de raiz tradicional e étnica (a filosofia oriental é subjacente ao espírito da Natura), a música faz jus a esse espírito. O cliente frui todos os estímulos, visuais, olfactivos e auditivos (vivemos o apogeu do chamado "neuromarketing"), pelo que os responsáveis da Natura sabem que todos os elementos são importantes para cativar o cliente. Daí que a música que se ouve na Natura - e num registo de volume sempre adequado ao espaço físico - é a música referente a múltiplos estilos de música do mundo, designadamente, do Médio Oriente, da Ásia e de África. Outras vezes ouve-se a fusão dessas músicas étnicas com electrónica e pop.
As mulheres artistas
sábado, 25 de outubro de 2008
No meu tempo não havia desta Religião e Moral
Há uns tempos escrevi que o cinema tem grande potencial educativo. Mas tem, da mesma forma, potencial deseducativo. Basta que os professores não saibam utilizar o cinema da melhor forma em determinado contexto. Daí que não seja de admirar que tenha rebentado o escândalo numa escola da Figueira da Foz por causa disto.Compreende-se. Segundo o Conselho Executivo, "o professor pretendia motivar os alunos para alguns temas que fazem parte dos conteúdos da disciplina de Religião e Moral". Gostava de conhecer esses conteúdos. É que não estou a ver a relação dos conteúdos de uma disciplina como Religião e Moral com o filme brutal "Kids" de Larry Clark. Ou por outra, ver até vejo, mas não acredito que fosse o filme certo para exemplificar esses mesmos conteúdos. Quem conhece o filme sabe que se trata de um filme com cenas explícitas de violência sexual, psicológica e física entre adolescentes com tendências delinquentes e marginais. Aliás, toda a filmografia deste cineasta reflecte os problemas de uma juventude violenta e rebelde, isenta de valores, à deriva da sociedade, com ímpetos criminosos e de descoberta desenfreada do sexo. E esta abordagem é também bem patente nos seus outros filmes como "Ken Park" (2002) ou "Wassup Rockers" (2005). Nem sei como é que o professor da tal escola (será um padre sexualmente reprimido?) não passou logo estes dois filmes,
porque constituem a trilogia perfeita dentro do tema. Que outros filmes farão parte do brilhante cardápio do professor de Religião e Moral? "Saló"?; "Shortbus"?; "Irreversível"?...
Não está em causa a qualidade cinematográfica do filme "Kids" e da sua louvável capacidade de levantar questões pertinentes sobre os devaneios da juventude actual. O que está em causa é que o professor mostrou o filme a adolescentes (9ºano, 13, 14 anos) quando na maior parte dos países é interdito a menores de 17/18 anos. E a classificação etária é um critério que deve ser respeitado. Mesmo que o professor fosse um excelente pedagogo e comunicador ao ponto de conseguir descodificar a densa mensagem do filme, aqueles alunos não têm ainda a maturidade intelectual e a preparação emocional para assimilar uma película tão forte e brutal. Para quem deve estar habituado a ver filmes imberbes como o "Harry Potter" ou "Homem-Aranha", imagino o choque daquelas cabecinhas após o visionamento de "Kids". Haveria milhentos de outros filmes, sem recurso a violência gráfica e explícita, para mostrar os famigerados conteúdos disciplinares de Religião e Moral. Ainda para mais, mostrar um filme como "Kids" que é completamente amoral e que não assume juízos de valor sobre os actos cometidos pelos jovens, é querer queimar-se com o fogo que a própria mão ateou. Não havia necessidade...sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Peter Saville

quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A mesma fotografia (anos depois)








Surpresa radiofónica... efémera
A diferença
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
BD e leitura

Huxley sob o olhar de Scott


terça-feira, 21 de outubro de 2008
Heavy Metal no... Iraque

Pedro Costa em edição estrangeira

segunda-feira, 20 de outubro de 2008
"W." em horário nobre

Díptico - 35
Tomar atalhos
domingo, 19 de outubro de 2008
Lobster e Mikado Lab

Televisão - a droga da nação
has turned into
one nation
under the influence
of one drug:
Television,
the drug of the Nation
Breeding ignorance and feeding radiation
Disposable Heroes of Hiphoprisy
sábado, 18 de outubro de 2008
Ed Wood - a homenagem de Tim Burton

- Trabalho no cinema: sou realizador, actor, argumentista e produtor.
terror de segunda categoria. Ed Wood e Bela Lugosi formaram uma dupla inseparável até à morte deste último. Tim Burton presta uma sentida homenagem a este realizador que se julgava à altura de Orson Welles, mas que era um amador com uma visão muito própria da criação cinematográfica. Última referência para a musica original de “Ed Wood”. Dado que à altura da feitura do filme, Tim Burton e o seu colaborador musical habitual Danny Elfman estavam zangados, Burton contratou o compositor Howard Shore (colaborador de David Cronenberg) e o resultado é sublime, numa espécie de revisitação da musica que Henry Mancini fez para o filme “A Sede do Mal” de Orson Welles – jazz, pop e clássica e o instrumento Theremin numa ebulição sonora que pontua brilhantemente as imagens, logo a partir do genérico do filme. De resto, o genérico de “Ed Wood” é quase meio filme, manifesto exercício de estilo à Welles. Repare-se no movimento de câmara (plano sequência contínuo) que filma as lápides onde estão inscritos os nomes dos actores, até chegar aos céus de Hollywood e parar na rua onde se encontra Ed Wood, clara piscadela de olho ao famoso longo plano sequência que abre “A Sede do Mal” de Welles. Aliás, só os custos do genérico do filme de Burton foram mais elevados do que todos os filmes juntos realizados por Ed Wood! Seja como for, de tão mau realizador, Ed Wood passou para figura de culto, sobretudo com os seus dois filmes mais, digamos, “importantes”: “Glen or Glenda” (1953) e “Plan 9 From Outer Space” (1959). sexta-feira, 17 de outubro de 2008
A nova estrela de Soderbergh

Os pobres, segundo Buñuel

Hoje é o Dia Mundial da Pobreza. Há 900 milhões de pobres em todo o mundo que vivem com privações inimagináveis todos os dias. E sempre que se fala em pobreza, lembro-me das suas formas de representação no cinema, cujo principal retratista terá sido Luís Buñuel (uma vez mais falo dele). O realizador espanhol explica na sua autobiografia que em vez de sentir comiseração e pena pelos indigentes e excluídos da sociedade (como é o sentimento geral de qualquer cidadão), Buñuel manifestava profundo sentimento de respeito e de dignidade para com os mais necessitados. Em muitos dos seus filmes, vemos personagens que eram autênticos marginais sociais, pedintes, vagabundos, meliantes, cegos (muitos cegos). Em contrapartida, Buñuel apontava o dedo crítico à classe burguesa e ao clero, que eram consideradas as mais degradantes e iníquas da sociedade.Há especialmente dois filmes chave em que os pobres e marginais são elementos fundamentais no cinema buñueliano: o documentário “Las Hurdes, Tierra Sin Pan” (1933), que Buñuel realizou logo a seguir aos escandalosos e surrealistas “Un Chien Andalou” (1928) e “L’Age D’Or” (1930). As Hurdes situam-se numa região montanhosa e inóspita na fronteira de Espanha com Portugal, uma região de tal forma atrasada no tempo que os habitantes ainda viviam de modo quase medieval. Pela forma poética e até surrealista como Buñuel retratou este povo esquecido, o filme “Las Hurdes, Tierra Sin Pan” foi proibido durante décadas, porque segundo as autoridades, denegria a imagem de Espanha.
Mais tarde, no México, Luís Buñuel realizou o filme “Los Olvidados” (1950), verdadeira obra-prima do cinema. Neste filme, Buñuel contratou jovens indigentes e delinquentes dos subúrbios da cidade do México, fazendo uma verdadeira análise social de uma franja da sociedade altamente carenciada em todos os aspectos. Um outro filme que explora a dimensão humana dos mendigos e vagabundos do mundo: “Viridiana” (vencedor da Palma de Ouro em Cannes 1961), espantoso drama no qual estes excluídos da sociedade desempenham um papel predominante numa espécie de análise seca e fria da natureza humana, com a religião como centro de todas as divagações morais. É neste filme de Buñuel que surge a célebre e polémica representação da última ceia de Cristo com os pobres à mesa que era “propriedade” da alta burguesia. O olhar cirúrgico e crítico de Buñuel sobre a sociedade em que vivia faz falta aos governantes de hoje. Por isso o cinema deste cineasta espanhol foi sempre tão incómodo para as autoridades, pelo seu carácter social altamente denunciador, pela sua visão libertária do mundo, pela sua crítica face às desigualdades sociais e aos valores pasteurizados da burguesia e das suas frivolidades. E Buñuel não abordava apenas a pobreza material como matéria de análise; criticava também a pobreza de espírito das instituições e da classe dominante. Pobrezas há muitas, de facto...
Na imagem, "Las Hurdes".























